segunda-feira, 10 de março de 2025

STF reafirma que o crime compensa: Moraes suspende reintegração de posse de fazenda invadida pelo MST

A propriedade está em condição de invasão por famílias vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra desde 2006



A decisão liminar de Moraes baseia-se na alegação de que há diretrizes do STF que não estão sendo seguidas | Foto: Andressa Anholete/STF 



O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acatou um pedido da Defensoria Pública do Estado do Paraná e suspendeu a reintegração de posse da Fazenda Rodeio, em Reserva do Iguaçu, no Paraná. 

A decisão liminar baseia-se na alegação de que as diretrizes estabelecidas pelo STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828 não estavam sendo seguidas. A propriedade está em condição de invasão por famílias vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde 2006. Integrante da direção nacional do MST pelo Paraná, Bruna Zimpel comemorou a decisão de Moraes. 

Ela afirmou estar muito feliz e emocionada com o parecer do ministro. + Leia mais notícias de Política em Oeste “Essa conquista significa a vitória da luta popular, com a suspensão da reintegração de posse”, disse Bruna. 

“Principalmente, sinaliza, a partir dos órgãos competentes, Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário], a possibilidade do assentamento definitivo das famílias.” 

Histórico do caso objeto de análise de Moraes


Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília | Foto: Divulgação/STF

O processo de reintegração de posse começou há quase duas décadas e, de lá para cá, já sofreu várias intervenções judiciais. Em 2019, o espólio de Firmino Martins Araújo solicitou a execução da sentença para retomar a fazenda. 

Um relatório da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça do Paraná revelou que cerca de 68 famílias vivem na área, com um impacto na economia local. Conforme o documento, elas produzem alimentos destinados à merenda escolar municipal.




A Vara Cível da Comarca de Pinhão (PR) determinou que a reintegração ocorresse nesta segunda-feira, 10, condicionada a medidas cautelares. Entre elas, o aluguel social para os afetados. No entanto, a Defensoria Pública argumentou que o Estado do Paraná e o município de Reserva do Iguaçu não previram orçamento para tais despesas, fato que inviabilizaria a remoção. 

O Incra afirmou, no processo, que não tem condições de cumprir as medidas exigidas para a desapropriação, incluindo a realocação das famílias do MST que estão na fazenda invadida e o transporte de seus bens. 

Há relatos de tensão na região, com a presença de cerca de 20 viaturas policiais no local. O caso continua em tramitação. As partes envolvidas aguardam novas definições sobre o futuro da Fazenda Rodeio e de seus invasores. 

Revista Oeste