Kamala Harris embarca no Força Aérea Dois, a caminho de Milwaukee, no Aeroporto Internacional do Condado de Oakland, em Waterford Township (21/10/2024) | Foto: Jacquelyn Martin/Reuters
— Calma, tá cedo ainda.
— Você acha que dá pra virar?
— Claro. A mágica tá com a gente.
\— Tá demorando a fazer efeito dessa vez.
— Deixa de ser ansioso. Eles vão dar um jeito.
— Enquanto isso o que a gente faz?
— Vamos continuar noticiando o cenário indefinido e a força da alegria contra o ódio.
— Ok. Que tal dizermos que a Marina Silva está cotada para ser a autoridade climática da Casa Branca?
— Acho muito. Vamos por uma linha mais conservadora.
— Vou ver então o que o De Niro tá falando e botamos uma frase forte no ar.
— De Niro tá calado.
— Caramba, aí fica difícil. E a Beyoncé?
— É “Beyônce”, que fala.
— Ah, tipo “Kâmala”?
— Exatamente.
— Tá. Onde é o showmício da Beyônce? Vamos dar uma alegrada nessa cobertura.
— Não tem showmício. Tá toTá todo mundo quieto. 15/11/2024, 20:20 A mágica falhou
— Putz… O que houve com essa gente bonita? Bom, escolhe aí um Estado importante onde a apuração esteja mostrando uma tendência pro nosso lado. Vamos passar um clima de esperança.
— Não tem.
— Não tem o quê?!
— Nenhum Estado importante tá com uma tendência clara pro nosso lado.
— Porra, não é possível. Cadê a mágica?
— Sei lá.
— Cadê os mortos?
— Acho que estão desanimados dessa vez.
— Aí não dá! Nem com os mortos a gente pode contar mais?
— É, acho que faltou um discurso mais inclusivo.
— E as cédulas noturnas pelo correio? E o eleitorado sem identidade?
— Pois é, nada tá sendo suficiente.
— Mas ainda falta chegar os votos do Nordeste.
— Nos EUA não tem Nordeste
— Claro que tem. Todo país tem Nordeste.
— Bom, não adianta especular. Vamos fazer a nossa parte. Bota aí um especialista no ar dizendo que a eleição tá pau a pau, como indicavam as pesquisas.
— Não vai dar. 15/11/2024, 20:20 A mágica falhou
— Por quê?
— Já era.
— Como “já era”?!
— Game over. Fim de papo.
— Perdemos?
— Perdemos. E agora? O que a gente bota no ar?
— Bota um especialista dizendo que o povo não sabe votar e que houve conluio com a Rússia.
— Mas é pra dizer que a culpa foi do povo ou da Rússia?
— Sei lá, querido. Resolve aí. Joga uma moeda pro alto.
— Tá. Tem que ser de dólar ou pode ser de real?
Guilherme Fiuza, Gazeta do Povo