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A fórmula permite que iranianos sejam dispensados de matar e morrer. Matam e morrem por esses persas espertos grupos terroristas formados por árabes recrutados sobretudo no Líbano, na Jordânia, na Síria e no Iêmen. Entrincheirados em Teerã, os aiatolás financiam, armam e abrigam as ramificações homicidas agrupadas num certo Eixo da Resistência. O mais poderoso dos grupos é o Hezbollah, nascido no Líbano em 1982 e encarregado de atormentar o cotidiano dos moradores no norte de Israel. Menos numeroso e mais recente, o Hamas age na Faixa de Gaza.
Neste ano, o ajuntamento de abominações anexou o Houthi, denominação provisória de um bando de filhotes bastardos da velha Al-Qaeda que proliferam no Iêmen. Se os xiitas extremistas assumissem o controle do mundo, a população planetária seria rapidamente reduzida em muitos milhões só com o sumiço da primeira leva de hereges sem conserto, servidores do demônio e mulheres que teimam em exibir mechas de cabelo ou centímetros do rosto. Mas essas urgências podem esperar.
Nessas tribos islâmicas, aprende-se a lição ainda no berço: ficou estabelecido há milênios que a primeira vítima tem de ser Israel. Foi por isso que, em meados de 2023, o Irã se alarmou com as evidências de que o Estado judeu, com a mediação dos americanos, não demoraria a estabelecer relações civilizadas com a Arábia Saudita e mais duas ou três nações árabes. Os clérigos que jamais sorriem concluíram que tal afronta só seria abortada por alguma violência de grosso calibre. Em seguida, resolveram confiar ao Hamas a execução da mais sórdida e letal operação terrorista sofrida pela nação judaica. Assim começaram os trabalhos de parto do mais infame 7 de outubro.
Além da quantidade assustadora de mortos, feridos e sequestrados, e da desenvoltura com que os invasores circularam pela terra violada, os comandantes do ataque celebraram a descoberta surpreendente: os serviços de inteligência, o Mossad e os militares encarregados da proteção das fronteiras haviam falhado miseravelmente. Eufóricos, desdenharam do aviso emitido prontamente pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e reiterado nos dias seguintes por autoridades claramente constrangidas: “Vamos identificar e punir todos os responsáveis pela invasão terrorista”.
O balanço dos últimos meses informa aos berros que Israel foi além da promessa. Em operações sublinhadas pela surpresa e pela precisão, eliminou com bombardeios certeiros os principais dirigentes do Hamas e do Hezbollah. Com pagers explosivos, provocou incontáveis baixas nos escalões intermediários. E demonstrou, com ofensivas terrestres e aéreas no Líbano, na Faixa de Gaza e na Síria, que está pronto para enfrentar simultaneamente seus vários inimigos — e vencê-los. Além dos desafetos regionais, a frente antissemita inclui o amontoado de pigmeus que formam uma espécie de centrão da ONU.
O Brasil de Lula não poderia ficar fora dessa. A representação nativa juntou-se à procissão de irrelevâncias que abandonaram o plenário para não ouvir o pronunciamento de Netanyahu. Todos os países importantes permaneceram na plateia. Lula também quer que a ONU “obrigue Israel a sentar numa mesa e conversar”. Não revelou com quem Israel precisa conversar: com o Hamas ou com o Irã? Também não explicou que fim levaram o hífen e o “se” que deveriam ter se juntado ao verbo sentar. Repetiu que “é preciso acabar com o genocídio em Gaza” e saiu à procura de quem soubesse como se pronuncia “Hassan Nasrallah”, que chefiou o Hezbollah por 32 anos. Foi para vingar-se da partida involuntária do longevo terrorista que o Irã enfim deu as caras na zona conflagrada.
“IRÃ FAZ ATAQUE DE GRANDES PROPORÇÕES CONTRA ISRAEL”, informou o Jornal Nacional na edição de 1º de outubro. Foi o segundo do ano. Em 13 de abril, os patrocinadores de organizações terroristas lançaram 300 mísseis na direção do Estado judeu. Antes de atingirem 04/10/2024, 11:24 Falta o Irã - Revista Oeste https://revistaoeste.com/revista/edicao-237/falta-o-ira/ 5/9 o solo, 99% dos projéteis foram interceptados pelo Domo de Ferro, um prodígio tecnológico que protege os céus do país. Neste início de primavera, os aiatolás resolveram jogar pesado.
Foram disparados cerca de 170 drones, mais de 30 mísseis de cruzeiro e, detalhe importante, quase 200 mísseis balísticos, especialmente temidos pela velocidade de deslocamento e poder destrutivo. O resultado do investimento, cuidadosamente camuflado por jornalistas a serviço da causa palestina, foi uma formidável queima de dinheiro. A soma dos mortos e feridos pela tempestade balística deu zero. Isto mesmo: zero. Tremendo fiasco. Depois do bombardeio que matou Nasrallah, e promoveu a mártir um assassino de assustar o mais compulsivo serial killer de filme americano, Netanyahu resumiu a ocorrência: “É um acerto de contas, mas não encerra a guerra.
O trabalho ainda não está completo”. Quem está faltando? A resposta foi emitida pelas autoridades iranianas, que anunciaram o imediato aperfeiçoamento do esquema de proteção ao aiatolá Ali Khamenei. Agiram bem. Mas uma declaração saída do forno talvez recomende uma possível ampliação do colosso de cuidados e cautelas. “Não vamos deixar sem resposta o ataque de 1º de outubro”, reafirmou o primeiro-ministro. “Será surpreendente e preciso.” Precisão é o que não tem faltado.
Revista Oeste