Nunca na história deste país se viu um governo democrático montar um ministério sem toma lá dá cá com os partidos. Se Bolsonoro conseguir, será uma façanha. Pela primeira vez, os políticos não poderão transformar os ministérios e estatais em feudos e suas equipes em quadrilhas. Diz ele que vai escolher os melhores para cada pasta, mas isso depende do que ele entende por “melhores”...
Sim, é ótimo reduzir os ministérios e outras máquinas de cooptação e de torrar dinheiro público, onde qualquer mequetrefe tem carro com motorista, que é o simbolo mais afrontoso dos privilégios que ele promete acabar. Além de cortar cargos, é preciso cortar carros, e motoristas, gasolina e oficina. Quem pode ser contra isso?
Só a ideia de chamar o juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça, ainda que ele não aceitasse, já seria uma sinalização de forte apoio à Lava-Jato e ao fim da impunidade, que é pior do que a corrupção em si. Corrupção há em toda parte, mas impunidade institucionalizada só aqui e em cleptocracias africanas.
Para isto, quanto mais estatais, melhor: o aparelhamento e as indicações políticas resultam no que se viu na Petrobras e em outras estatais. As privatizadas são movidas a eficiência e resultados, a corrupção é prejuízo para os acionistas. Quanto mais crescem, melhor para emprego e salários, e maiores os impostos pagos ao Estado. O que é melhor?
É patético o PT achar que os 45 milhões de votos em Haddad foram para o partido. Assim como o antipetismo elegeu Bolsonaro, foi o antibolsonarismo que deu essa votação a Haddad. Por isso, Ciro Gomes, o PDT e outros partidos querem formar uma frente de oposição — sem o PT.
Mas as hordas fanáticas ainda continuam se escoiceando em combate, com um lado insistindo na denúncia falsa da histórica fake do “kit gay”, e o outro, na fake “a ONU determinou que Lula fosse solto”, que foi só uma recomendação de dois conselheiros de um subcomitê, sem efeito legal no Brasil.
O que é pior: não saber perder ou não saber ganhar?
O Globo