Seis clubes que lutam por vaga na Copa Libertadores e pelo título do Campeonato Brasileiro são os principais responsáveis por impulsionar a média de público da edição deste ano do torneio, a maior marca desde 1987.
Até a abertura da 34ª rodada, nesta quarta-feira (14), a média de público pagante no torneio é de 18.496 torcedores por partida. Há 21 anos, a Copa União, como era chamado o campeonato na época, teve 20.877. Já no ano passado, a média foi de 15.975.
O principal responsável por esse aumento é o Flamengo, terceiro colocado no Brasileiro e ainda com chances de conquistar o título. O clube tem média de 47.198 pagantes por partida como mandante.
Na temporada passada, quando ficou em sexto, o time teve menos de um terço dos torcedores em seus jogos como mandante (14.484).
"O Flamengo tem um elenco muito forte e que está na briga pelo título. Com isso, trouxemos o torcedor para o nosso lado", afirmou Bruno Spindel, diretor-geral do clube.
"Mas tem outros fatores importantes, como o nosso programa de sócio-torcedor, que é muito forte e tem promoções ao longo da temporada, e o retorno ao Maracanã. No ano passado, jogamos uma série de vezes na Ilha do Governador, que não permite um público como estamos tendo no Maracanã, que ainda tem a localização e a logística como pontos positivos", completou.
Em 2017, o clube jogou 15 dos seus 19 jogos como mandante no estádio Luso Brasileiro, localizado na Ilha do Governador e com capacidade para 22 mil pessoas. O time gastou aproximadamente R$ 15 milhões para adaptar o local.
Além do Flamengo, Atlético-MG, Grêmio, São Paulo e Palmeiras são as outras equipes remanescentes da Série A que impulsionaram o público.
Em sexto lugar, tendo trocado de técnico na competição, o time mineiro aumentou sua média em 29%, chegando a 17.030 torcedores por jogo. No ano passado, terminou o torneio na nona posição.
O levantamento não considera os públicos dos jogos entre América-MG x Paraná e Atlético-MG x Palmeiras, realizados no último fim de semana. Até a conclusão desta edição, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não havia divulgado o boletim financeiro das partidas.
"Não é apenas o desempenho em campo que é importante. Fazemos muitas ações convocando sócios-torcedores. Usamos todos os meios que podemos", disse Lucas Couto, diretor de planejamento e marketing do Atlético.
O clube tem cerca de 114 mil sócios e manda seus jogos no Independência, que tem capacidade para 23 mil lugares. Poderia jogar no Mineirão, que comporta 62 mil pessoas.
O São Paulo também teve aumento de público em seus jogos no Morumbi, mas não substancial como os de Flamengo e Atlético-MG. A variação foi de 6% de 2017 para 2018. A situação do time nas duas temporadas é bem diferente. Em 2017, lutou contra o rebaixamento. Desta vez, chegou à liderança e até sonhou com o título, o que agora tornou-se improvável --está nove pontos atrás do Palmeiras.
O impulso na média de público também tem a contribuição dos quatro clubes que subiram para a elite do Brasileiro neste ano. Internacional, atual vice-líder, Ceará, América-MG e Paraná têm média de 15.768 torcedores por jogo.
A marca é alavancada principalmente pelas torcidas de Ceará e Internacional, com média de 25.188 e 28.177 por jogo, respectivamente.
Coritiba, Avaí, Ponte Preta e Atlético-GO, rebaixados no ano passado, terminaram com média de 8.261. Somadas, as médias desses times no último Brasileiro totalizam 33.044, pouco mais que a média do Inter sozinho em 2018.
Individualmente, o Atlético-GO, 20º colocado na última edição do Brasileiro, encerrou sua participação com média de 5.046 pagantes. O Paraná, que já está rebaixado desde a 32ª rodada, tem média de 5.612 pessoas por jogo.
O público recorde poderia ser ainda maior. O Corinthians, segunda maior torcida do país de acordo com o Datafolha, viu uma queda brusca no número de pagantes em seus jogos no Itaquerão.
De 40.007 em média em 2017, quando conquistou o título do Brasileiro, caiu para 30.675, queda de 23%, a maior entre os times remanescentes na Série A do Brasileiro.
Outro fato que pode ser considerado para o aumento de público é o equilíbrio. Na 28ª rodada, a diferença do líder Palmeiras para o quinto colocado Grêmio era de cinco pontos --a menor desde 2008, quando a vantagem era de quatro pontos do primeiro colocado para o quinto.
Neste ano, o Brasileiro teve sete líderes, algo que nunca havia acontecido no atual formato da competição.
Bruno Rodrigues e Luiz Cosenzo, Folha de São Paulo