domingo, 18 de novembro de 2018

Merkel e Macron encontram-se em Berlim e desafiam Trump

Merkel e Macron conversam, observados por Trump: líderes estreitam relações em reação à política populista americana Foto: FRANCOIS MORI / AFP/11-11-2018
Merkel e Macron conversam, observados por Trump: líderes estreitam relações em reação à política populista americana Foto: FRANCOIS MORI / AFP/11-11-2018

BERLIM — A chanceler federal alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron querem mostrar neste domingo em Berlim uma frente unida contra o presidente americano Donald Trump, cuja política consideram populista.
Merkel e Macron participarão das cerimônias em Berlim de homenagem às vítimas da Primeira Guerra Mundial. O presidente francês fará um discurso no Parlamento alemão.
A aliança entre Berlim e Paris fortaleceria a proposta sobre a criação de um exército europeu, um antigo projeto que foi relançado recentemente por Macron e Merkel e desperta a ira de Trump.
Segundo a ministro da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, o exército europeu não se limitaria à montagem de um arsenal e ao treinamento conjunto das tropas, “mas também implicaria na vontade política de defender com determinação os interesses europeus em um hipotético conflito”.
Em uma entrevista a um jornal francês, a ministra de Assuntos Europeus do país, Nathalie Loiseau afirmou que “não se trata de estar contra os Estados Unidos, e sim de tomar as rédeas sobre nosso destino para não dependermos sempre dos outros”.
Através de uma série de tuítes, Trump ironizou a queda da popularidade de Macron e sugeriu que, sem a ajuda dos americanos em 1944, a França falaria alemão.
Os dois líderes têm a "vontade de falar de uma mesma voz", explica Hélène Miard-Delacroix, especialista em Alemanha contemporânea na Universidade da Sorbonne, em Paris.
— Ambos têm um interesse objetivo em se apoiar mutuamente. Macron não pode mobilizar os europeus e a chanceler, debilitada politicamente, tampouco pode fazer nada sozinha — analisa.
Qualificada de "a mulher mais poderosa do mundo", Angela Merkel cedeu a posição de influência em 2017 a Emmanuel Macron, considerado desde então como o novo homem forte da Europa.
No entanto, as ambições do novo presidente francês para relançar a União Europeia enfrentaram rapidamente fortes resistências e uma chanceler federal debilitada. Após outro revés eleitoral, Merkel anunciou em 29 de outubro que seu mandato como chanceler seria o último. Muitos se perguntam se ela chegará até o final, em 2021.
Apoiar seu contraparte francês com o tema do exército europeu "é uma forma para ela de dizer: ainda estou aqui, ainda tenho o controle", afirma Hélène Miard-Delacroix.
Trump criticou Macron por insistir na criação do exército europeu e convidou os líderes europeus a aumentarem suas contribuições para a Otan.
Merkel e Macron aumentaram suas demonstrações de cumplicidade na semana passada, quando o governo francês promoveu uma celebração em homenagem ao centenário da Primeira Guerra Mundial. Macron será o primeiro presidente francês a discursar no Parlamento alemão desde Jacques Chirac, em junho de 2000.
Paris e Berlim chegaram também a um pré-acordo sobre um orçamento comum à zona do euro, outras das ideias que Macron estendeu na mesa da UE.
Os ministros das Finanças de ambos países vão apresentar o projeto a seus pares em uma reunião ministerial em Bruxelas na segunda-feira, informou uma fonte oficial francesa à AFP.

AFP