sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Maratona de leilões de arte arrecada mais de US$ 1,4 bi em apenas quatro dias em NY


“Abstraktes Bild”, uma tela de Gerhard Richter pintada em 1987, liderou a venda, arrecadando US$ 32 milhões
Foto: Reprodução
“Abstraktes Bild”, uma tela de Gerhard Richter pintada em 1987, liderou a venda, arrecadando US$ 32 milhões Foto: Reprodução

NOVA YORK — Investidores e apaixonados por arte gastaram mais de US$ 1,4 bilhão nos quatro primeiros dias de uma maratona de leilões de arte, realizada em Nova York, sem sentirem-se dissuadidos por questões que vão desde a instabilidade dos mercados de ações e a angústia ante as tensões do comércio global até o Brexit.

Os participantes desses leilões, com duração de uma semana, desembolsaram mais de US$ 1 bilhão durante os primeiros três dias de vendas, iniciadas no domingo passado, para adquirir pinturas históricas de Pablo Picasso, René Magritte e Edward Hopper. Torraram outros US$ 362,6 milhões no leilão noturno de arte contemporânea realizado na quarta-feira pela Sotheby’s, aumento de 17% em relação há um ano.
— Bastante surpreendente. Me superaram em todas as ofertas — disse o bilionário Laurence Graff, quando saía do salão de vendas da Sotheby's, que concentrou 63 dos 65 lotes.
“Abstraktes Bild”, uma tela de Gerhard Richter pintada em 1987, liderou os lances. Foi vendida por US$ 32 milhões após atrair o interesse de dois apaixonados por arte. A cifra estava de acordo com a estimativa da Sotheby's, mas abaixo do recorde de leilão do artista alemão, de US$ 46,4 milhões.
As vendas de arte impressionista e moderna no início da semana foram menos robustas, já que não houve compradores para várias obras-chave, incluindo um Van Gogh de US$ 40 milhões na Christie's e uma peça de Marsden Hartley que a Sotheby's tinha garantido por US$ 30 milhões.
O comprador anônimo da Richter fez um lance por telefone por meio de Yuki Terase, chefe de arte contemporânea da Sotheby´s na Ásia, e forneceu à Sotheby’s uma oferta pré-estabelecida garantindo a venda do trabalho, em troca de uma comissão de US$ 1,6 milhão. Cerca de metade dos lotes continham lances pré-estabelecidos financiados por clientes, roubando parte do mise-en-scène da noite, disseram os comerciantes de arte.

Maratona de leilões acontece desde domingo, em Nova York
Foto: Bloomberg
Maratona de leilões acontece desde domingo, em Nova York Foto: Bloomberg

— Foi uma venda muito sólida e profissional — disse Guy Jennings, diretor do Fine Art Group. — A sensação de mistério e teatralidade dos leilões está quase desaparecendo.
Mas não totalmente. Pelo menos nove concorrentes entraram em confronto por "Her Arms", de Dana Schutz, levando o preço final do quadro a US$ 795 mil, um recorde para o artista do Brooklyn e quase quatro vezes mais do que a estimativa mais alta.
Obras de três artistas negros também alcançaram recordes de leilão: “The Businessmen”, uma pintura de 1947 de Jacob Lawrence, encomendada pela revista "Fortune" para observar a vida afro-americana do pós-guerra, foi vendida por US$ 6,2 milhões; “Vou colocar um feitiço em você”, de Henry Taylor, arrecadou US$ 975 mil; e “Ancient Mentor I”, uma pintura de 1985 de Jack Whitten, que morreu em janeiro, custou US$ 2,2 milhões.
Essas obras "injetaram entusiasmo" na venda, disse o colecionador de Miami Mera Rubell, que estava entre os primeiros patrocinadores de Schutz e Taylor.
As peças de baixo custo de nomes icônicos também ganharam lances animados. Um negociante atendia simultaneamente a dois telefones celulares enquanto competia por "Masque", de Jean-Michel Basquiat. Ele arrematou a pintura por US$ 4,64 milhões, incluindo honorários, superando o lance de US$ 4 milhões.
"Consegui!", disse o homem ao seu cliente.


Bloomberg