O governo do Brasil sob nova administração vai priorizar as informações de inteligência e as ações de contrainteligência. A estrutura chave desse processo continuará sendo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do qual a Abin, a Agência Brasileira de Inteligência, é o braço operacional.
A virtual confirmação do general Augusto Heleno na chefia do escritório, o mais próximo e de fácil acesso à sala do Presidente da República no Palácio do Planalto, é um sinal desse movimento, destinado a abastecer a equipe da presidência de informações a respeito de situações de risco e de “identificar oportunidades de interesse do Estado Brasileiro”.
Heleno, de 71 anos, é um hábil chefe militar, bom articulador e culto. Tem vasta experiência em áreas estratégicas como o Comando Militar da Amazônia e, antes disso, na liderança da Missão de Estabilização do Haiti, entre 2004 e 2005. A ele é creditada a criação do enredo da ação da tropa brasileira no país caribenho, estruturado na intensa produção de dados de inteligência e com moderado emprego da força.
O GSI que o general vai receber do atual titular, o também general Sérgio Etchegoyen, está sendo modernizado desde a preparação para os grandes eventos, abertos em 2012 com a Rio+20, a conferência ambiental da ONU. Tem agentes treinados e recursos para atuar no sensoriamento por meios digitais.
É a ponta extrema do amplo Sistema Brasileiro de Inteligência, que envolve cerca de 33 diferentes organismos em 17 ministérios – considerados como tal os três comandos militares.
Um analista da Abin disse nesta terça-feira, 6, ao Estado que essa máquina monitora, em média, cerca de mil alvos ininterruptamente – por exemplo, os movimentos populares, os garimpos clandestinos, as fragilidades na linha de fronteira e o adensamento das crises internas.
Nem sempre os relatórios, contidos em pastas de papel escuro e tarjadas de vermelho, são considerados na real dimensão do que foi apurado. Foi assim na greve dos caminhoneiros, em maio. O País parou – exatamente como previa um dos cenários apresentados ao governo.
Roberto Godoy, O Estado de S.Paulo