Depois de provocar divergências na campanha eleitoral por afirmações polêmicas, o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, agora aparece como um dos aliados de mais confiança do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Nas duas últimas semanas, Bolsonaro delegou ao seu vice missões em várias áreas – que vão da comunicação, passando pela economia e transporte.
Uma das mais importantes foi a visita à sede da Petrobrás, no dia 9 de novembro, para “tomar pé da situação da empresa” e repassar um diagnóstico do que viu ao presidente eleito. Mourão, general da reserva, disse que gostou do que viu e que a empresa está saneada. As suas declarações levantaram especulações de que o presidente da estatal, Ivan Monteiro, poderia ficar no cargo, o que ainda não foi confirmado.
Dois dias antes, em 7 de novembro, Mourão recebeu outra missão – conhecer a empresa de comunicação digital que atende o governo Michel Temer e cujo contrato está em vigor, podendo ser estendido até 2020. Mourão esteve na sede da agência de publicidade Isobar, uma das duas que cuidam das mídias sociais do emedebista para ver como era o funcionamento. “O foco é reforçar a comunicação digital, que é a mídia do Bolsonaro, que é a mídia do (Donald) Trump (presidente dos Estados Unidos)”, disse Mourão ao Estado, ressaltando que, na sua opinião, “aquele processo antigo de comunicação, via filmetes, propagandas tradicionais, que custam rios de dinheiro serão abandonados”.
Na terça-feira passada, Mourão foi designado para falar com o mercado, a convite do Bradesco BBI – que promove evento para investidores em Nova York, por meio de vídeo conferência. Sua afirmação de que Bolsonaro poderia privatizar a BR Distribuidora fez as ações da empresa subirem mais de 5%. Na quarta, compareceu à sede da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, cuja diretoria queria apresentar à equipe de transição cinco temas prioritários para o avanço da mobilidade urbana nacional.
PARA LEMBRAR: Durante a campanha, frases polêmicas
Frases polêmicas deram o tom da campanha do então candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, o general da reserva Antonio Hamilton Mourão (PRTB).
Em palestras, eventos e entrevistas, o militar chegou a chamar o 13.º salário de “jabuticaba”, falou que a Constituição “não precisa ser feita por eleitos pelo povo” e citou a possibilidade de “autogolpe” com apoio das Forças Armadas.
Esta última declaração foi repreendida pelo próprio Bolsonaro em entrevista ao Jornal Nacional. “Ele foi infeliz, deu uma canelada. Jamais autorizaria uma coisa nesse sentido”, disse Bolsonaro.
Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo