quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Após massacre, loja de armas interrompe venda de fuzis nos EUA


Fachada de loja de armas em Coral Springs, na Flórida - MICHELE EVE SANDBERG / AFP


O Globo


Nikolas Cruz, autor da chacina em escola da Flórida, comprou uma de suas armas em loja da rede

NOVA YORK — Duas semanas após o massacre que deixou 17 pessoas mortas na Flórida, uma das maiores lojas de material esportivo dos EUA, a Dick's Sporting Goods, anunciou nesta quarta-feira que não irá mais vender fuzis e metralhadoras. De acordo com a empresa, nenhuma pessoa com menos de 21 anos poderá comprar nenhum tipo de armamento, sendo que munições de alta capacidade também estão banidas das prateleiras. O autor dos disparos, Nikolas Cruz, conseguiu comprar um fuzil AR-15 sem muita dificuldade, apesar de ter apenas 19 anos, o que reacendeu o debate sobre o acesso a armas nos EUA.


De acordo com o jornal americano "The New York Times", o dono da Dick's Sporting Goods e filho do fundador, Edward Stack, afirmou que a decisão é uma resposta direta ao massacre.

— Quando vimos o que aconteceu em Parkland, ficamos perturbados e tristes. Nós amamos esses alunos e seus gritos de 'chega'. Vamos nos posicionar e afirmar às pessoas nossa visão para, com esperança, trazê-las para a discussão.

Stack espera que a discussão inclua políticos e possibilite uma "reforma com bom senso" na política de armas praticada no país. Ele deseja que maiores restrições sejam aplicadas na venda, como proibição da comercialização de rifles de assalto, o aumento para 21 anos da idade mínima necessária para comprar uma arma e maior análise de possíveis problemas psicológicos que tenham os compradores.

Ainda de acordo com o proprietário, a loja procurou em seus arquivos o nome de Nikolas Cruz pouco depois da identidade do jovem ter sido revelada e descobriu que tinha vendido uma arma para ele em novembro, ainda que não tenha sido o modelo usado no ataque.

Essa não será a primeira vez que a loja faz mudanças após um ataque a tiros. Depois do tiroteio na escola primária de Sandy Hook, a varejista decidiu interromper a venda de fuzis de assalto em suas unidades principais, mas esse tipo de armamento continuou a ser comercializado em sua rede destinada especificamente a esportes de caça e pesca, a Field & Stream. Dessa vez, no entanto, Stack garante que a mudança será definitiva, ainda que o proprietário afirme ser um apoiador da Segunda Emenda, que garante o direito a ter armas de fogo nos EUA, e que continuará a vender armamento para esportes e caça.

Na semana passada, outras empresas anunciaram o fim da parceria com o lobby armamentista. O serviço de aluguel de carros Hertz, a seguradora de vida MetLife e a Delta Air Lines, que recebiam dinheiro da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) resolveram não aceitar mais doações do grupo.

A escola secundária Marjory Stoneman Douglas em Parkland, na Flórida, busca recuperar a normalidade ao reiniciar as aulas nesta quarta-feira, duas semanas depois do tiroteio. O colégio abre as portas às 7h40, horário local, para uma jornada de meio período, ainda que o prédio em que a maioria das vítimas foram atingidas permaneça fechado indefinidamente.