quarta-feira, 31 de maio de 2017

Banco Central mantém ritmo de corte da Selic e reduz juros para 10,25%

Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress
Banco Central mantém ritmo de corte da Selic e reduz juros para 10,25%
Banco Central mantém ritmo de corte da Selic e reduz juros para 10,25%

Folha de São Paulo

O Banco Central manteve o ritmo de corte da taxa Selic e reduziu em 1 ponto percentual o juro básico, de 11,25% para 10,25%, conforme comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgado nesta quarta-feira (31).

Foi o sexto corte seguido da Selic, que atingiu o menor nível em três anos.

A manutenção do ritmo era esperada pela maioria dos analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg. Dos 47 especialistas consultados, 43 estimavam o corte de 1 ponto percentual. Três previam redução menor, para 10,50%, e um apostava em afrouxamento monetário maior, para 10% ao ano.

O corte de 1 ponto percentual foi por unanimidade, mostrou o comunicado divulgado nesta quarta. Segundo o comitê, a manutenção do ritmo foi motivada pelas incertezas sobre a evolução do processo de reformas e os ajustes na economia, que podem ter impacto negativo sobre a atividade econômica.

O BC sinalizou ainda que vai reduzir o ritmo do corte da Selic na próxima reunião, tendo em vista o atual cenário econômico. Segundo o comunicado, isso vai depender "da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

A decisão dissipa a dúvida que pairava sobre o mercado em relação à intensidade do corte dos juros, após a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista que mergulhou o governo em instabilidade política nas últimas duas semanas.

Na sequência das revelações de que Joesley tinha gravações de áudios envolvendo o presidente Michel Temer, houve forte reação na Bolsa brasileira, que travou os negócios pela primeira vez desde 2008. O dólar também disparou, assim como as taxas de contratos de juros futuros.

Com isso, a rentabilidade de papéis da dívida pública retornou a patamares que não eram registrados desde o final do ano passado, quando o governo começava a apresentar suas propostas de reformas.

Antes das delações, o mercado trabalhava com um corte maior na Selic, de 1,25 ponto percentual, em uma tentativa do Banco Central de reanimar a economia brasileira. O governo divulga nesta quinta-feira (1º) o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano. Com a ajuda de uma safra excepcional, a expectativa é de uma alta de 1% ante o quarto trimestre de 2016.

A inflação sob controle é outro dos fatores que permite que o BC mantenha o ritmo de corte da Selic. O IPCA, índice oficial de preços, encerrou abril em 0,14%. Nos 12 meses encerrados em abril, o índice ficou em 4,08%, abaixo do centro da meta de 4,5% pela primeira vez nos últimos sete anos.

A crise econômica, o desemprego e o alto endividamento dos brasileiros contribuem para a redução do consumo de produtos e serviços pela população, o que tira a pressão dos preços.

Segundo o boletim Focus, que reúne estimativas de economistas e consultorias do mercado, o IPCA deve fechar o ano com avanço de 3,95% —o centro da meta do governo é de 4,5%, com uma banda de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2018, a inflação projetada é de 4,40%.

Já a previsão é que a Selic encerre o ano a 8,5% e mantenha esse nível em 2018.