quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Petróleo encerra 2015 em queda pelo terceiro ano seguido


Extração de petróelo na Dakota do Norte, Estados Unidos - Karen Bleier / AFP



Com O Globo e agências internacionais

Barril do tipo Brent caiu 34% no ano


LONDRES - O preço do petróleo tipo Brent encerra 2015 pelo terceiro ano seguido de queda forte na última sessão de comercialização já que o recorde de oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) criou uma superabundância global sem precedentes que pode impactar nos resultados do próximo ano. Segundo a Bloomberg, as operações a prazo da commodity perderam 32% esse ano.

O barril de Brent para fevereiro fechou o pregão a US$ 37,80 no mercado de Londres, com queda de 34% em 2015, a terceira queda anual seguida, e de 17% em dezembro. Em 2014, o preço caiu 48%. Já o tipo WTI era negociado a US$ 37,79 por barril e caiu 31% no ano, o segundo ano negativo consecutivo após perda de 46% no ano passado, e 12% no mês.

Na quarta-feira, os preços caíram 3%, a US$ 36,46, com os estoques de petróleo dos Estados Unidos aumentando 2,6 milhões barris na última semana, segundo informações da Administração de Informação sobre Energia do país.

As perspectivas imediatas para o valor da commodity continuam fracas. O banco Goldman Sachs diz que preços em torno de US$ 20 por barril podem ser necessários para pressionar o recuo da produção da atividade e permitir um reequilíbrio do mercado. O Morgan Stanley afirma que “ventos contrários estão crescendo para o petróleo em 2016”. A instituição financeira cita elevações contínuas na oferta global disponível, apesar de cortes em produtores de gás não-convencional, e desaceleração da demanda como principais razões.

“A esperança de rebalancear em 2016 continua a sofrer sérios contratempos”, sustentou o banco.

Os comerciantes esperam que o petróleo americano seja disponibilizado aos mercados globais após a retirada da proibição de exportação por 40 anos em dezembro.

PREJUÍZO PARA A INDÚSTRIA

Os preços do barril do Brent chegaram a ficar abaixo de US$ 36 este ano, limpando ganhos da década do ciclo da commodity movimentado pelo boom de demanda por energia da China. A desaceleração foi dolorosa para cadeia de fornecimento de energia, incluindo carregadores, petroleiras e países dependentes do petróleo, como a Venezuela, Rússia e nações no Oriente Médio.

Analistas estimam que a produção de petróleo supere a demanda entre 0,5 milhão e 2 milhões de barris por dia (bpd). Isso significa que até as projeções mais agressivas dos cortes de produção nos Estados Unidos de 500 mil bpd em 2016 provavelmente não seria capaz de reequilibrar totalmente o mercado.

O preço do petróleo começou a cair em meados de 2014 com a produção de gás não-convencional da Opep, Rússia e Estados Unidos ultrapassando a demanda. A crise acelerou no final do ano passado após a decisão da Opep de manter a produção alta para defender a participação no mercado internacional ao invés de reduzir a atividade para favorecer os preços. Em dezembro de 2015, a Opep não fechou acordo sobre metas de produção sob mesmo argumento, já que a organização apoia o retorno da exportação do Irã ao mercado após suspensão das sanções ocidentais.

TEMPESTADE ESVAZIA PLATAFORMAS

Uma forte tempestade no Mar do Norte forçou nesta quinta-feira algumas companhias petroleiras a esvaziar suas plataformas e suspender a produção, com instalações de perfuração sob a ameaça de uma barca à deriva que foi arrancada de sua âncora por fortes ventos.

A BP disse estar evacuando funcionários de sua plataforma Valhall, enquanto a ConocoPhillips interrompeu a produção em seus campos Eldfisk e Embla e estava retirando tripulação de sua plataforma Eldfisk.

"A barca mudou de direção, a BP decidiu fechar a produção (em Valhall) e haverá um esvaziamento total da plataforma”, disse um porta-voz da BP à Reuters, afirmando que havia 71 pessoas na embarcação.