terça-feira, 1 de junho de 2021

PIB do Brasil sinaliza até 5% em 2021, aponta IBGE

Levantamento do IBGE anima agentes econômicos, que prevêem crescimento expressivo em 2021


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (1º) que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 (comparado ao quarto trimestre de 2020), na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2020, o PIB apresentou crescimento de 1,0%.

O PIB do primeiro trimestre dá sentido à projeção do governo e do próprio mercado, que preveem crescimento de 4,5% ou mesmo de 5%, como no caso dos economistas do banco Itaú Unibanco.

No acumulado nos quatro trimestres, terminados em março de 2021, o PIB reduziu a queda anual para 3,8%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Em 2020, o PIB caiu 4,1%.

Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de 2021 totalizou R$ 2,048 trilhões, sendo R$ 1,753 trilhão referente ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 294,7 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

Período de comparaçãoIndicadores
PIBAGROPINDUSSERVFBCFCONS. FAMCONS. GOV
Trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal)1,2%5,7%0,7%0,4%4,6%-0,1%-0,8%
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior (sem ajuste sazonal)1,0%5,2%3,0%-0,8%17,0%-1,7%-4,9%
Acumulado em quatro trimestres / mesmo período do ano anterior (sem ajuste sazonal)-3,8%2,3%-2,7%-4,5%2,0%-5,7%-5,7%
Valores correntes no 1º trimestre (R$)2,0 trilhões208,8 bilhões348,6 bilhões1,2 trilhão397,5 bilhões1,2 trilhão359,5 bilhões
Taxa de investimento (FBCF/PIB) no 1° trimestre de 2021 = 19,4%
Taxa de Poupança (POUP/FBCF) no 1º trimestre de 2021 = 20,6%

No primeiro trimestre de 2021, a taxa de investimento foi de 19,4% do PIB, acima da observada no mesmo período de 2020 (15,9%).

Principais resultados do PIB a preços de mercado do 1º Trimestre de 2020 ao 1º Trimestre de 2021 (%)
Taxas (%)2020.I2020.II2020.III2020.IV2021.I
Acumulado ao longo do ano / mesmo período do ano anterior-0,3-5,6-5,0-4,11,0
Últimos quatro trimestres / quatro trimestres imediatamente anteriores1,0-2,1-3,4-4,1-3,8
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior-0,3-10,9-3,9-1,11,0
Trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal)-2,2-9,27,83,21,2
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais

PIB tem alta de 1,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior

O PIB cresceu 1,2% na comparação do primeiro trimestre de 2021 contra o quarto trimestre de 2020, na série com ajuste sazonal. Houve taxas positivas na Agropecuária (5,7%), Indústria (0,7%) e Serviços (0,4%).

Entre as atividades industriais, o avanço foi puxado pelas Indústrias Extrativas (3,2%). Também registraram taxas positivas a Construção (2,1%) e a Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,9%). O único desempenho negativo se deu nas Indústrias de Transformação (-0,5%).

Nos Serviços, houve resultados positivos em Transporte, armazenagem e correio (3,6%), Intermediação financeira e seguros (1,7%), Informação e comunicação (1,4%), Comércio (1,2%), Atividades imobiliárias (1,0%) e Outros serviços (0,1%). A única variação negativa veio da Administração, saúde e educação pública (-0,6%).

Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (4,6%) cresceu, enquanto a Despesa de Consumo das Famílias (-0,1%) e a Despesa de Consumo do Governo (-0,8%) tiveram variações negativas em relação ao trimestre imediatamente anterior.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram crescimento de 3,7%, enquanto as Importações de Bens e Serviços cresceram 11,6% em relação ao quarto trimestre de 2020.

Lavoura de soja em Minas Gerais. Foto: Divulgação IMA

PIB cresce 1,0% frente ao 1º trimestre de 2020

Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB teve crescimento de 1,0% no primeiro trimestre de 2021. O Valor Adicionado a preços básicos teve variação positiva de 0,8% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios avançaram em 1,9%.

A Agropecuária cresceu 5,2% em relação a igual período de 2020. Este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho positivo de alguns produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre, como soja, fumo e arroz, e pela produtividade, visível na estimativa de variação da quantidade produzida vis-à-vis a área plantada. Outras culturas que também possuem safra relevante no trimestre, como o milho e mandioca, apontaram decréscimo na produção anual. A Pecuária e a Pesca apontaram fraco desempenho no primeiro trimestre do ano, enquanto as estimativas para Produção Florestal foram positivas.

A Indústria cresceu 3,0%. Nesse contexto, a atividade de Indústria de Transformação (5,6%) registrou a maior alta, influenciada, principalmente, pela fabricação de máquinas e equipamentos; produtos de metal; produtos de minerais não-metálicos; e metalurgia.

A atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,1%) também cresceu no período, sendo favorecida pela retomada da atividade econômica, apesar de apresentar bandeiras tarifárias mais desfavoráveis em fevereiro e março, em relação ao mesmo período de 2020.

Houve recuo nas Indústrias Extrativas (-1,3%), afetadas pela queda da extração de petróleo e gás, mesmo com o crescimento na extração de minérios ferrosos. A Construção (-0,9%) também teve queda, embora menor do que nos trimestres anteriores. A ocupação na atividade caiu em relação a 2020, mas houve crescimento na produção dos seus insumos típicos.

Os Serviços tiveram queda de 0,8% frente ao mesmo período de 2020. As atividades em queda foram: Outras atividades de serviços (-7,3%), influenciada pelo declínio de serviços presenciais, e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-4,4%). As altas foram em Informação e comunicação (5,5%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (5,1%), Atividades Imobiliárias (3,9%), Comércio (3,5%) e Transporte, armazenagem e correio (1,3%).

A Formação Bruta de Capital Fixo avançou 17,0% no primeiro trimestre de 2021, a maior taxa desde o segundo trimestre de 2010. Este crescimento é justificado pelo aumento da produção interna de máquinas e equipamentos, pelos impactos do Repetro e pelo crescimento do desenvolvimento de softwares.

A Despesa de Consumo das Famílias caiu 1,7%. Esse resultado ainda pode ser explicado pelo aumento da inflação e reflexos da pandemia que afetaram negativamente o mercado de trabalho, reduzindo o número de ocupações e a massa salarial real. A Despesa de Consumo do Governo também apresentou queda (-4,9%) em relação ao primeiro trimestre de 2020.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram alta de 0,8%, ao passo que as Importações de Bens e Serviços avançaram 7,7% no primeiro trimestre de 2021. Entre as exportações de bens, aqueles setores que mais contribuíram para o resultado positivo foram: extração de minerais metálicos; produtos alimentícios; veículos automotores; e produtos de fumo. Por outro lado, as exportações de derivados de petróleo e de produtos da agropecuária recuaram. Na pauta de importações de bens, a alta se deu principalmente por produtos químicos; máquinas e aparelhos elétricos; produtos farmoquímicos; e produtos de metal.

Obra de saneamento em Alagoas. Foto: Agência Alagoas

PIB recua 3,8% no acumulado em quatro trimestres

O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em março de 2021 recuou 3,8% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou do recuo de 3,7% do Valor Adicionado a preços básicos e de 4,4% nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. O resultado do Valor Adicionado nesta comparação decorreu dos seguintes desempenhos: Agropecuária (2,3%), Indústria (-2,7%) e Serviços (-4,5%).

As atividades industriais com variações negativas foram: Construção (-6,9%), Indústria da Transformação (-2,7%) e Indústrias Extrativas (-0,3%). O único resultado positivo foi em Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,5%).

Nos Serviços, houve quedas em: Outras atividades de serviços (-13,0%), Transporte, armazenagem e correio (-8,6%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-5,5%) e Comércio (-2,4%). Os resultados positivos foram obtidos por Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (5,0%), Atividades imobiliárias (3,0%) e Informação e comunicação (0,8%).

Na análise da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias e a Despesa de Consumo do Governo caíram, ambas, 5,7%. Já a Formação Bruta de Capital Fixo apresentou alta de 2,0% No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços recuaram 1,0%, enquanto as Importações de Bens e Serviços apresentaram queda de 9,2%.

Taxa de Investimento foi de 19,4% no 1º trimestre

A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2021 foi de 19,4% do PIB, acima do observado no mesmo período do ano anterior (15,9%). A taxa de poupança foi de 20,6% no primeiro trimestre de 2021 (ante 13,4% no mesmo período de 2020).

A Necessidade de Financiamento alcançou R$ 60,1 bilhões, ante R$ 80,3 bilhões no mesmo período de 2020. A queda da Necessidade de Financiamento é explicada, principalmente, pela redução de R$ 22,7 bilhões em Renda Líquida de Propriedade enviada ao Resto do Mundo, especialmente lucros e dividendos, e pela redução de R$ 6,0 bilhões no saldo externo de bens e serviços. 

Diário do Poder, com informações da Agência IBGE