Um terço -33%- do gasto total do governo é coberto atualmente com dinheiro emprestado, ou seja, com aumento da dívida pública.
No ínicio da década, em 2011, esse percentual era de apenas 8%. De lá para cá, aumentou a despesa e caiu a arrecadação de impostos e outras fontes de recursos.
Em valores corrigidos, os desembolsos do governo com pessoal, custeio administrativo, programas sociais, investimentos e juros somaram R$ 1,66 trilhão no período de 12 meses encerrados em junho.
A receita não financeira (impostos, contribuições sociais, royalties, concessões e outros), porém, ficou pouco abaixo de R$ 1,11 trilhão.
A diferença entre os dois montantes, superior a R$ 550 bilhões, teve de ser buscada no mercado financeiro.
Os dados mostram o aumento dramático do desequilíbrio orçamentário do governo -e apenas uma parte dele se deve a fatores conjunturais como a recessão e o aumento dos encargos com juros.
Ainda que a economia se recupere e a arrecadação volte a um patamar de R$ 1,2 trilhão, os gastos não financeiros (excluídos juros) já estão próximos de R$ 1,3 trilhão.
Em outras palavras, a receita continuará insuficiente até para as despesas cotidianas (salários, aposentadorias, benefícios assistenciais e trabalhistas, pagamentos a fornecedores) e as obras públicas.
Isso aconteceria mesmo na hipótese extrema de o governo deixar de pagar os juros de sua dívida. Na verdade, se tal medida fosse adotada, o fluxo de empréstimos ao Tesouro Nacional cessaria, e um corte draconiano de programas teria de ser feito.
Hoje, cerca de 14% do gasto não financeiro federal é coberto com dinheiro emprestado. Sem os recursos do mercado, cerca de R$ 180 bilhões em desembolsos dos últimos 12 meses não poderiam ter sido realizados.