quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Ortega diz que homem forte do chavismo recebeu US$ 100 milhões da Odebrecht. Pudera! Maduro é comparsa do Lula!

Leonencio Nossa e Beatriz Bulla - O Estado de S.Paulo



Em cúpula de chefes de Ministérios Públicos 

do Mercosul, ex-procuradora afirmou que 

empresa mexicana que distribui alimentos 

no país pertence ao presidente Nicolás Maduro


Foragida de seu país, a ex-procuradora-geral venezuelana Luisa Ortega Díaz  deu detalhes pela primeira vez nesta quarta-feira, 22, das acusações de corrupção contra a cúpula do chavismo, especialmente o presidente do país, Nicolás Maduro, e o deputado Diosdado Cabello - tido como homem forte do governo.   Ao participar de uma cúpula de chefes de Ministério Público do Mercosul, ela disse que Cabello recebeu US$ 100 milhões da Odebrecht por meio de uma empresa espanhola registrada em nome de seus primos. A chavista dissidente também declarou que Maduro é o dono de uma empresa com sede no México responsável por distribuir cestas básicas para pessoas de baixa renda na Venezuela. 
"Tenho provas do caso Odebrecht que comprometem Maduro, Diosdado Cabello e Jorge Rodríguez (prefeito do distrito caraquenho de Libertador) e outros ", disse a ex-procuradora, que garantiu ter cópias autenticadas das provas documentais.  "Essas provas serão entregues a autoridades dos Estados Unidos, Colômbia e Espanha para que investiguem, porque na Venezuela é impossível investigar qualquer caso de corrupção e narcotráfico. Vou entregar as provas a autoridades de distintos países para que se investigue, em virtude do princípio da jurisdição universal""
Ortega deu mais detalhes sobre o caso de Cabello - um dos chavistas que mais pressionou por seu afastamento do Ministério Público venezuelano nas semanas que antecederam sua destituição. "No caso Odebrecht, descobrimos que depositaram US$ 100 milhões para Diosdado Cabello em nome de uma empresa espanhola, chamada TSE Arietis, cujos proprietários seriam dois primos dele", acrescentou. 
No encontro, Ortega também denunciou "a morte do direito" sob o governo  de  Maduro e advertiu que a crise política no país coloca em perigo o equilíbrio de toda a região.  "O que acontece na Venezuela é a morte do direito. A estabilidade da região está em perigo", declarou Ortega.

Luisa Ortega Díaz e Rodrigo Janot


A chegada de Luisa Ortega Díaz deixou o governo de Michel Temer em silêncio. Na reunião, ela se sentou junto a seu colega brasileiro, Rodrigo Janot  Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO




Quanto a brasileiros, evitou citar nomes porque eles não são investigados na Venezuela. A Odebrecht diz estar colaborando com as investigações em diversos países latino-americanos.  Cabello e Maduro ainda não comentaram as acusações, mas frequentemente acusam Ortega de ser uma "traidora" a serviço dos Estados Unidos. 
Ela disse que foi destituída por investigar a corrupção na Venezuela, ferindo interesses de Maduro e aliados, como Cabello e Rodríguez. Segundo ela, não há espaço para dissidência política no país e nem investigações de casos de narcotráfico, terrorismo, crime organizado e corrupção. "Na Venezuela, não existe garantia de justiça, mas de impunidade", afirmou. "Eu fui vítima de uma invasão. Minha casa foi assaltada e levaram meus bens mais simples para esconder fatos de corrupção aos quais tenho provas, especialmente os da Odebrecht, que comprometem altos funcionários públicos como o presidente da república Nicolás Maduro."
 "Eu fui vítima de um processo de 32 segundos, muito breve. Fui afastada do cargo e colocaram no meu lugar uma pessoa que usurpou o cargo, uma pessoa investigada por seis casos de corrupção."
Questionada se apoiaria uma intervenção militar na Venezuela, ela se demonstrou contrária. "Não quero que meu país sofra mais. Uma intervenção militar trás traumas e isso seria um trauma maior."



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5 razões para se importar com a crise na Venezuela

A dissidente ainda denunciou o desaparecimento do general Raul Baudel, que foi retirado da sua cela em uma prisão e até agora a família não sabe seu paradeiro. Após os encontros com autoridades brasileiras, ela deve voltar à Colômbia.

Asilo

A procuradora disse que só recebeu convite de asilo político da Colômbia, para onde foi depois de sair às pressas da Venezuela. Ela ainda avalia se aceitará o convite e permanecerá no país.
A chegada da dissidente a Brasília foi precedida pelo anúncio de que Caracas tentará pedir sua prisão internacional via Interpol. Este é o mais recente capítulo da crise que isolou a Venezuela de seus sócios regionais, após a instalação de uma Assembleia Constituinte com poderes absolutos, considerada por muitos como uma ruptura da ordem democrática.
Ortega Díaz, de 59 anos, chegou sorridente à capital brasileira nesta madrugada, em meio a um forte esquema de segurança, e deixou claro qual é seu objetivo. "Sim, vou falar da Odebrecht, do caso de corrupção na Venezuela e da minha situação", disse. Ela afirma ter provas de supostos pagamentos ilegais da Odebrecht a integrantes do governo venezuelano, incluindo Maduro.
Ela foi destituída no dia 5 de agosto. Chavista histórica, decidiu enfrentar Maduro, que a denunciou por supostamente estar envolvida em um esquema de corrupção. "Andas com a oligarquia colombiana, com os golpistas brasileiros. Diga-me com quem andas e te direi quem és", atacou o presidente venezuelano.



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Maduro quer ajuda do papa
Sua chegada deixou o governo de Michel Temer em silêncio, e até a própria Procuradoria-Geral da República (PGR), que a convidou, preferiu não fazer declarações sobre o significado político da visita. Na reunião, ela se sentou junto a seu colega brasileiro, Rodrigo Janot.
Não se sabe se a Interpol aceitará o pedido de prisão anunciado por Maduro. Está previsto nos estatutos da polícia internacional que é "rigorosamente proibido intervir em questões ou assuntos de caráter político, militar, religioso ou racial". / com AFP e EFE