sábado, 5 de agosto de 2017

Advogado acusa desembargador de corrupção

Com Blog do Josias - UOL



O vídeo acima exibe uma cena inusitada. Deu-se numa sessão de julgamento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, na quinta-feira. Relator do processo que estava sendo julgado, o desembargador Eduardo Gallo foi acusado pelo advogado Felisberto Córdova de negociar o seu voto. Na versão do acusador, o magistrado recebeu oferta de propina de R$ 500 mil para proferir voto favorável à empresa que é ré na ação. Pior: ofereceu à outra parte a oportunidade de cobrir a oferta. Pediu R$ 700 mil para mudar de posição.
“Eu vou dizer, senhor presidente, que o julgamento que está acontecendo aqui é comprado. Eu estou fazendo uma denúncia”, disse o doutor em sua sustentação oral. Olhando para o desembargador, ele prosseguiu: “Esse cidadão foi abordado com uma proposta que veio do Rio de Janeiro para receber R$ 500 mil –R$ 250 mil antes, R$ 250 mil depois. E o descarado chegou a mandar para o nosso escritório uma contraproposta que poderíamos cobrir por R$ 700 mil.”
O advogado Felisberto fez uma analogia com o que se passa em Brasília: “Eu insisto, senhor presidente, isto aqui não é o Senado. Isso aqui não é a Câmara dos Deputados. Isso aqui é um Tribunal de Justiça. E é preciso que a moralidade surja e venha a termo. E que a promotoria, inclusive, assuma a investigação desse processo. Tudo está sendo nulo aqui. Tudo está sendo nulo aqui. Eu não abro mão de denúncias. Safado.”
O desembargador Gallo esboçou uma reação: “Está num nítido excesso. Eu estou, nesse momento, eu estou requerendo a prisão do advogado. Senhor presidente, está tendo um nítido excesso dos direitos, eu não admito”. Seu acusador não se deu por achado: “Vamos os dois presos, que eu quero te quebrar a cara dentro da cela. Vagabundo!”
Abespinhado com a inércia do colega que presidia a sessão, Gallo elevou o timbre: “Eu não vou admitir que um advogado me chame de vagabundo e vossa excelência não tome providências. Eu nunca passei por isso na minha vida. Eu tenho 25 anos de magistratura e requeiro a prisão do advogado.”
A encrenca envolve uma ação sobre a venda e desapropriação de um terreno no Paraná. Coisa de R$ 35 milhões. O caso perambula pelo Judiciário há mais de três décadas. O advogado Felisberto vencera o processo na primeira instância. Nesta sexta-feira, em entrevista exibida pelo Jornal Nacional, Felisberto reiterou as acusações contra Gallo, que as refutou.
Em nota, o Tribunal de Justiça catarinense lamentou o episódio. O texto informa que foi aberta uma investigação. O Conselho Nacional de Justiça também abriu uma sindicância para apurar as acusações do advogado.