domingo, 17 de abril de 2016

Um dia antes de votação do impeachment, Sérgio Moro é aclamado em pizzaria de Curitiba

Andreazza Matais - O Estado de São Paulo

Juiz deixou o restaurante em que jantava acompanhado de seguranças; a escolta se tornou obrigatória com o avanço das investigações da Lava Jato

J.F. Dorio/Estadão
J.F. Dorio/Estadão

Enquanto governo e oposição viraram a madrugada em busca de votos a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a noite do sábado 16 do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, terminou em pizza. Moro foi jantar com a família na pizzaria Bresser, em Curitiba, uma das mais movimentadas da cidade. Ao se levantar da mesa para deixar o restaurante, por volta das 22h30 do sábado, foi aclamado pelos clientes. Agradeceu e deixou o local acompanhado de seguranças que o esperavam do lado de fora. Com o avanço das investigações da Lava Jato, Moro foi obrigado a aceitar a escolta.
As descobertas da Lava Jato que atingem a presidente Dilma, sua campanha à reeleição em 2014 e integrantes do alto escalão do seu governo não estão incluídas no processo de impeachment em discussão na Câmara dos Deputados. Vários fatos surgiram durante a elaboração do relatório que pede a cassação do mandato da petista e considerou-se que incluí-los poderia provocar a politização do processo. O que esta em discussão na votação deste domingo são as chamadas pedaladas fiscais e a liberação de créditos suplementares sem aprovação do Congresso. 
Entre os fatos que não entraram no pedido de impeachment esta a delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). 
MANIFESTAÇÕES CONTRA O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF OCORREM PELO PAÍS
FELIPE RAU/ESTADÃO
São Paulo - SP
Manifestantes no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade de São Paulo, na tarde deste domingo, 17, para acompanhar a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff em sessão marcada para esta tarde na Câmara dos Deputados. 
Ex-líder do governo, ele acusou Dilma de interferir no Judiciário para tentar barrar as investigações do esquema de corrupção que atuava na Petrobrás. Segundo Delcídio, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro foi nomeado após ter se comprometido a votar pela soltura de empreiteiros presos Lava Jato. 
Na delação, o senador também afirma que Dilma sabia do superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na época, a petista era presidente do Conselho de Administração da Petrobrás e votou favorável ao negócio que provocou prejuízo bilionário à petroleira.
O processo de impeachment também não inclui outro fato que pode atingir a presidente. A Lava Jato interceptou uma conversa telefônica na qual ela informa ao ex-presidente Lula que lhe enviaria o termo de posse de ministro da Casa Civil para que Lula usasse em caso de necessidade. "Seguinte, eu tô mandando o 'Messias' junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!", disse Dilma.  
MANIFESTANTES EM FAVOR DO IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DILMA VÃO ÀS RUAS
Antonio Carlos Garcia/Estadão
Sergipe
Bairro 13 de julho, em Aracaju, é ponto de encontro de manifestação a favor do impeachment de Dilma Rousseff
O movimento garantiria a Lula foro privilegiado, antes mesmo do ato formal da posse, caso o juiz Sérgio Moro determinasse alguma ação contra o petista, investigado na Lava Jato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estuda se pede abertura de investigação contra a petista para apurar se ela tentou tumultuar as investigações nesse caso.  
Delatores da Lava Jato também já disseram que as campanhas de Dilma em 2010 e 2014 receberam dinheiro de esquema de corrupção na Petrobrás. Empresas fizeram doações oficiais em troca de assinar contratos superfaturados na petroleira. O caso esta em análise no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode resultar na cassação da chama Dilma e Michel Temer (PMDB).