quarta-feira, 20 de abril de 2016

Serra na Fazenda é condição do PSDB para apoiar governo Temer, segundo Mônica Bergamo

Folha de São Paulo


A executiva do PSDB deve se reunir na próxima semana para discutir se apoia ou não um eventual governo de Michel Temer (PMDB-SP). A tendência hoje é a de não participar de nada.

NO CENTRO
Senadores do partido afirmaram à coluna que a legenda poderia aderir a Temer caso ele nomeasse José Serra para o Ministério da Fazenda. "Não participaremos em papel periférico", diz um parlamentar. Detalhe: é consenso que Temer não gostaria de nomear Serra para o cargo, como revelou a coluna já em dezembro.

FALTA O DINHEIRO
Já Serra, segundo o mesmo parlamentar, estaria dizendo internamente ter dúvida sobre aceitar outro ministério, como o da Saúde, por não ter a garantia de que a Fazenda liberaria recursos para ele fazer gestão de impacto. O senador paulista, no entanto, busca convencer o PSDB a apoiar Temer, independentemente de cargos. Se ele aceitar um convite de Temer, que não para a Fazenda, entraria na cota pessoal do vice-presidente, e não do PSDB.

NOS BRAÇOS DO POVO
O PSDB, na verdade, reluta em embarcar num governo que pode terminar "em desastre", nas palavras de outro parlamentar. Ontem, senadores do partido almoçaram no gabinete de Tasso Jereissati (PSDB-CE) com o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secretário de política econômica de Antonio Palocci. Ouviram que só um governo "respaldado pelo voto" teria força para aprovar as medidas drásticas que, na visão dele, consertariam a economia do país.

NOS BRAÇOS DO POVO 2
"Lisboa está hiperpessimista", segue o mesmo senador. Para o parlamentar, Temer enfrentará um "período crucial" de governo interino, que pode durar até 180 dias, prazo máximo para o afastamento de Dilma. "Se isso aqui [o Brasil] virar um caos, o resultado será inevitavelmente a convocação de novas eleições."

A PARTIDA
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, é direto e sequer pede anonimato para criticar o vice-presidente. "O 'governo Temer' tá começando muito mal", diz. "Ele tem como colaborador o Thomas Traumann [ex-ministro de Comunicação Social de Dilma Rousseff], que fez o serviço sujo contra nós na internet na campanha presidencial de 2014."

RECLAMAÇÃO
Cunha Lima diz que o partido fez até representação contra Traumann no Ministério Público Federal.

NÃO É BEM ASSIM
Traumann diz que há "falha factual" nas afirmações de Cunha Lima, já que ele era ministro e "não cuidava da campanha de Dilma na internet".

DE LONGE
Traumann afirma ainda que "é zero a chance de eu voltar a trabalhar em governo". Ele estaria apenas dando ideias a Temer sobre comunicação de governo "diante dos graves desafios que ele poderá enfrentar na hipótese de o impeachment passar no Senado".