Alan Marques - 10.out.2015/Folhapress | |
Dilma recebe empresários da construção civil, no Palácio do Planalto, em setembro de 2015 |
VALDO CRUZ - Folha de São Paulo
Na reta final da votação do pedido de impeachment da presidente Dilma, assessores da petista foram informados por deputados que mudaram de lado nas últimas horas que foram pressionados diretamente por empresários e não teriam mais como votar a favor do governo.
Segundo a Folha apurou, este movimento final de pressão pelo impeachment levou o governo a perder apoios conquistados entre quinta e sexta-feira, fazendo o placar do Palácio do Planalto indicar um percentual de votos que coloca no horizonte um "sério risco de derrota". Na manhã deste domingo, o governo contabilizava 166 votos favoráveis a Dilma, abaixo dos 172 necessários para barrar o impeachment.
Outro assessor disse que a tendência era de "queda" no número de votos a favor da presidente e que isto acendeu de vez o sinal vermelho dentro do Palácio do Planalto. Segundo ele, a ordem agora é buscar abstenções e ausências para que o PMDB de Temer e a oposição não atinjam os 342 votos para aprovar a abertura do pedido de impeachment.
Um assessor da presidente disse que o governo está sofrendo um "forte processo de traição" nestas últimas horas antes da votação, marcada para as 14h deste domingo (17). Este auxiliar disse que, ao falar com deputados que mudaram de votos, eles alegaram que empresários ligaram diretamente para pedir a mudança de lado.
O argumento utilizado pelos empresários é que a economia não aguenta mais a presidente Dilma à frente do governo e que sua permanência representará um aprofundamento da crise econômica.
Além da pressão empresarial, deputados governistas que decidiram aderir ao impeachment estão alegando que também está havendo uma pressão forte de suas bases para que votem contra a presidente hoje na votação da Câmara dos Deputados.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu voltar a Brasília para ajudar nas articulações para salvar o mandato de Dilma Rousseff. Ele chegou à capital no fim da manhã deste domingo (17) e vai se reunir com parlamentares, governadores e dirigentes partidários no quarto do hotel em que se hospeda em Brasília para convencê-los, mais uma vez, a apoiar Dilma.
Lula havia voltado a São Paulo neste sábado (16), após o que acreditou ser um reação do governo, mas ouviu o pedido de Dilma e articuladores petistas para retornar ao bunker que montou no hotel.