quarta-feira, 20 de abril de 2016

Nos EUA, Aloysio Nunes afirma que Dilma 'trambique' fará ‘desserviço’ indo à ONU


Henrique Gomes Batista, correspondente - O Globo


WASHINGTON - O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) afirmou em Washington, onde participa de uma visita oficial como presidente da Comissão de de Relações Exterior do Senado, que a ida da presidente Dilma Rousseff à ONU, marcada para sexta-feira, pode prestar um “desserviço ao país”. Ele afirmou que, se Dilma aproveitar seu discurso na cerimônia de assinatura do acordo climático celebrado em dezembro para defender a tese de o impeachment é um golpe democrático, ela poderá passar a ideia de que o Brasil é uma “republica bananeira” e afastar investimentos.

- É um desserviço que ela presta ao país querendo se vitimizar e falsificando a realidade institucional brasileira. Quem comete crimes tem de ser punidos de acordo com as formas da lei - disse o senador, acrescentando:

- Na medida em que ela fala isso ela está difundindo uma imagem do Brasil que é prejudicial. Aqueles que não conhecem o Brasil, especialmente investidores, poderão ter a ideia de que o Brasil é uma república bananeira, quando não é. Um dos grandes ativos que o Brasil tem é o fato de termos instituições políticas e jurídicas sólidas.

Ele se encontrou com empresários e com senadores americanos e com Thomas Shannon, subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado americano, que já serviu como embaixador no Brasil. Ele afirmou que todos queriam saber sobre o impeachment, mas questionando os prazo, não a legalidade ou os fundamentos do julgamento.

- O posicionamento de todos é o mesmo, que o Brasil tem instituições maduras para resolver seus problemas dentro da lei e da Constituição - disse ele, lembrando que este é o posicionamento do governo americano desde que Barack Obama falou sobre o tema em sua viagem na Argentina, no fim de março.

Nunes Ferreira negou que estivesse nos EUA em uma missão para Michel Temer, para saber como estás “o clima” no país em relação à situação política brasileira. Ele afirmou que Temer apenas havia ligado para ele como presidente da comissão do Senado para saber como poderiam reagir à fala de Luis Almagro, presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que na semana passada criticou o impeachment de Dilma.

Ele lembrou que a viagem já estava marcada há algum tempo. Nunes Ferreira, contudo, cancelou o encontro que teria com Almagro e acusou o presidente da OEA de estar agindo pessoalmente por interesses eleitorais no Uruguai, seu país de origem.

- Resolvi cancelar o encontro com Almagro pois, devido às suas posições pessoais, vi que o encontro não seria frutífero - disse.

O senador brasileiro voltou a afirmar que tem “certeza” que Dilma deixará de ser presidente em muito pouco tempo e defendeu que o PSDB faça parte do governo Temer.
- O natural é que participemos. Nós protagonizamos o impeachment e temos responsabilidade com isso - disse o senador, que afirmou não defender que o PSDB condicione o apoio ao eventual governo Temer ao compromisso dele não tentar a reeleição - isso poderia ser visto por nossos eleitores como uma atitude oportunista - disse ele, defendendo, contudo, o apoio ao eventual futuro governo Temer desde que feche um acordo sobre uma agenda que os tucanos estão elaborando, sem responder se, pessoalmente, participaria do governo.

Nunes Ferreira voltou a defender que as instituições brasileiras tenham autonomia para investigar e que o país está melhorando com as prisões de políticos e empresários. Questionado pelo fato de seu nome ter sido apontado em uma delação, como tendo recebido caixa dois em sua campanha, o senador afirmou que sofre com isso e que quer a conclusão mais rápida possível das investigações para provar sua alegada inocência.