sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Petrobras tem queda de R$ 20 bilhões nos investimentos em 2015


Dyelle Menezes - Contas Abertas



Nenhuma companhia contribuiu tanto para a queda dos investimentos das empresas estatais em 2015 quanto a Petrobras. Responsável por 82% dos desembolsos para obras e compra de equipamentos, a maior estatal brasileira retraiu as aplicações em R$ 20 bilhões no ano passado, quando comparadas com 2014.


Petrobras


Os investimentos da Petrobras englobam 20 empresas do setor do petróleo, derivados e gás natural. 

Os trabalhos vão desde a pesquisa, extração, refino, transporte até distribuição de derivados para o consumidor final.

A companhia investiu R$ 68,2 bilhões em obras e na compra de equipamentos. No mesmo período de 2014, o montante alcançou R$ 88,8 bilhões. Isto é, em termos percentuais, a redução alcançou 23,2%.
As informações levantadas pelo Contas Abertas são fornecidas pela própria Petrobras ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Os dados foram atualizados pelo IPCA do período.

Ao todo, a Petrobras possuía R$ 83,2 bilhões para investimentos no ano passado, menor dotação dos últimos sete anos. Isso somado à diminuição dos investimentos, fez com que a empresa apresenta-se o pior nível de investimentos desde 2007.

A queda era previsível. No ano passado, a Petrobras anunciou ajustes na carteira de investimentos. As medidas tomadas pelas estatal foram de encontro à situação financeira da empresa e à crise econômica que vive o país, como os novos patamares do preço do petróleo e da taxa de câmbio”. A retração nos investimentos também visa preservar diminuir o endividamento da empresa, assim como a geração de valor para os acionistas.

A situação não deve mudar em 2016. De acordo com o jornal O Globo, um ano após ter recebido do governo a missão de resgatar a Petrobras do fundo do poço, Aldemir Bendine se prepara para conduzir a terceira leva de cortes de investimentos da estatal enfrentando resistências por todos os lados — inclusive em Brasília.

O processo tem sido marcado por embates entre os interesses do governo, do Conselho de Administração, hoje independente, e da diretoria, composta em sua maioria por funcionários de carreira.

No novo Plano de Negócios para o período de 2016 a 2020, em elaboração, a empresa prepara um pacote de investimentos em torno dos US$ 93 bilhões, disse uma fonte a par das negociações, o que representaria queda de 5% em relação à última versão do plano (2015-2019), de US$ 98,4 bilhões.

Será a terceira redução dos investimentos da Petrobras em menos de um ano. Em junho de 2015, a estatal havia anunciado um volume de recursos de US$ 130,3 bilhões para os anos de 2015 a 2019. 

Em outubro, reduziu os aportes para os anos de 2015 e 2016 em US$ 11 bilhões. E, em meados deste mês, um novo corte: o plano 2015-2019 caiu a US$ 98,4 bilhões, no menor patamar desde 2007.

Na prática, a Petrobras tende a se tornar uma empresa focada exclusivamente em petróleo, com ênfase no pré-sal, e deixará para trás a ambição de ser uma estatal com atuação em todo o setor de energia, como já demonstraram os investimentos priorizados no ano passado.

Dentre os programas, o mais prejudicado em 2015 foi o Combustíveis, que tem como um dos objetivos a implantação das refinarias. A rubrica recebeu 53,% a menos de investimentos em 2015 em relação a 2014. Os valores passaram de R$ 19,4 bilhões para R$ 9,1 bilhões. Já o programa “Petróleo e Gás” teve queda bem menos representativa. Os números somaram R$ 57,4 bilhões em 2015, contra R$ 58,2 bilhões no exercício anterior.

Petrobras perdeu R$ 22,6 bi em valor de mercado em janeiro

A Petrobras foi a empresa com ações na Bolsa brasileira que registrou a maior perda absoluta de valor de mercado em janeiro, segundo levantamento da consultoria Economatica divulgado nesta terça-feira (2).

O valor de mercado da empresa passou de R$ 101,3 bilhões em 31 de dezembro de 2015 para R$ 78,7 bilhões em 29 de janeiro, uma diferença de R$ 22,625 bilhões. O valor de mercado das empresas de capital aberto é calculado multiplicando o total de ações pelo preço de cada ação.

Segundo a consultoria, as ações da Petrobras (PETR4) caíram 27,76% no mês de janeiro. Não se registrava uma desvalorização tão acentuada do papel desde outubro de 2008, quando houve uma queda de 33,59%.

Crise na petroleira

A Petrobras enfrenta atualmente fatos negativos como a Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na petroleira– e um alto nível de endividamento. Além disso, é afetada pelo cenário político brasileiro conturbado. A intervenção do governo na estatal também não é bem vista pelo mercado.

No cenário internacional, a queda dos preços do petróleo é outra pedra no sapato da companhia. Uma maior queda dos preços do barril poderia vir a atrapalhar planos com o pré-sal.

- See more at: http://www.contasabertas.com.br/website/arquivos/12499#sthash.zR0W3BLC.dpuf