Maioria da população também é contra a 'saidinha' e visitas íntimas para faccionados
Pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 3, pela Quaest, mostra que 72% dos moradores do Estado do Rio de Janeiro são favoráveis a classificar facções criminosas como organizações terroristas.
Essa é uma proposta do governo dos Estados Unidos, apoiada pelo presidente Donald Trump, por partidos de direita e já adotada por países como Argentina e Paraguai, que classificaram recentemente o Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital como organizações terroristas.
Porém, o governo Lula resiste. Feita entre 30 e 31 de outubro, depois da megaoperação contra o crime organizado no Rio, a pesquisa também mostra que 85% dos fluminenses são a favor de aumentar a pena para condenados por homicídio a mando de organizações criminosas.
A maioria da população também acha que membros de organizações criminosas não devem ter direito à visita íntima e devem ser proibidos de usufruir da saidinha. Os índices de apoio a essas propostas são de 62% e 53%.
Os resultados também revelam 52% de aprovação à PEC da Segurança, proposta de emenda constitucional que reduz o poder dos Estados combate ao crime e amplia a participação do governo federal. Entretanto, na pesquisa, não há informações sobre a PEC — apenas o nome é informado.
O maior apoio à ideia de classificar as facções como organizações terroristas vem de quem se declara eleitor de Jair Bolsonaro: o índice é de 95%. Entretanto, até entre quem se declara lulista, o índice é considerável: 49%. Entre os independentes, 74% concordam com o enquadramento.
A proposta de classificar facções com o organizações terroristas A proposta de reconhecer facções criminosas como organizações terroristas tramita na Câmara dos Deputados. De autoria de Danilo Forte (União-CE), o projeto ganhou força depois da megaoperação policial no Rio.
Apresentado em março, o texto passou para comissões da Casa e, na semana passada, teve mudança na relatoria: Guilherme Derrite (PPSP), secretário de Segurança de São Paulo, vai retomar o mandato para relatar a matéria, substituindo Nikolas Ferreira (PL-MG). A proposta também eleva penas para uso de armamento de guerra, barricadas e domínio territorial.
Depois da operação no Rio, o governo federal apresentou um pacote contra facções, assinado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e enviado ao Congresso na última sexta-feira, 31. O texto prevê, entre outros pontos, a criação da figura de “organização criminosa qualificada”, com pena de até 30 anos em casos de homicídio.
A Quaest ouviu 1.500 pessoas em 40 municípios do Estado do RJ entre 30 e 31 de outubro. O nível de confiabilidade da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 3 pontos porcentuais. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos.
Outros dados da pesquisa Quaest A pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 3, também mostra que 59% são favoráveis à decretação, no RJ, da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como aconteceu em 2018; 38% são contrários.
A população também aprovou a criação do escritório de emergência para combate ao crime organizado, criado pelo governo do RJ e o governo federal: 94% concordam com sua instalação. Legalizar drogas não resolve violência
A pesquisa avaliou outras propostas. O uso de câmeras pelos policiais é apoiado por 81% dos entrevistados; 58% aprovam a adoção de pena de morte para quem comete crime grave; e frase “bandido bom é bandido morto” divide opiniões, é apoiada por 51%.
Além disso, 59% dos moradores do RJ disseram que legalizar as drogas não resolveria o problema da violência.
Loriane Comeli - Revista Oeste