sexta-feira, 21 de março de 2025

Revista Science critica contradições do governo Lula na pauta ambiental antes da COP30

Publicação científica revela que o Brasil contradiz seu discurso climático com ações internas, a poucos meses da conferência em Belém


O presidente Lula e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante reunião sobre os Biomas do Brasil, no Palácio do Planalto - 22/11/2023 | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo 

A escolha do Brasil como sede da 30ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP30), marcada para novembro de 2025, colocou o país sob os holofotes internacionais. No entanto, o prestígio simbólico de sediar o evento contrasta com as decisões internas do governo Lula — uma contradição exposta por uma das mais respeitadas publicações científicas do mundo. 

Em editorial publicado na sexta-feira 15, a revista Science, vinculada à Associação Americana para o Avanço da Ciência, fez críticas contundentes à atuação do governo Lula na área ambiental. O texto afirma que o Brasil “não lidera pelo exemplo” e que “quase todos os ramos do governo” seguem rumo contrário ao discurso oficial sobre sustentabilidade. 

A única exceção seria o Ministério do Meio Ambiente. Ministérios de Lula citados por comprometerem metas ambientais Entre os pontos criticados estão os planos do Ministério dos Transportes de pavimentar o trecho médio da BR-319 — estrada que atravessa a Amazônia e pode estimular o desmatamento em regiões ainda preservadas. 

A publicação também aponta o incentivo do Ministério da Agricultura à conversão de pastagens em lavouras de soja. De acordo com o editorial, isso aumentaria a pressão sobre áreas florestais.




A crítica se estende ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), acusado de legalizar ocupações irregulares, e ao Ministério de Minas e Energia, por investir em novos campos de petróleo — inclusive na foz do Rio Amazonas, próximo ao local da conferência climática. 

Revista aponta risco à credibilidade do país na COP30 

Segundo a Science, os investimentos em petróleo contrariam alertas da Agência Internacional de Energia, que em 2021 recomendou o fim da exploração de novos campos para conter o aquecimento global. 

A revista argumenta que o Brasil ignora riscos climáticos concretos — como secas, desertificação e eventos extremos — em nome de uma estratégia de crescimento baseada em combustíveis fósseis e expansão agropecuária. Para a publicação, sediar a COP30 só fará sentido se o evento servir também para pressionar o próprio governo brasileiro a rever suas decisões. 


Revista Oeste