quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Guilherme Fiuza e a 'Olimpíadas do deboche'

 

Foto: David Davies/EFE/EPA/Pool


Numa ação de marketing espalhafatoso, uma emissora de televisão e a administração municipal do Rio de Janeiro penduraram a réplica gigante de uma medalha de ouro na estátua do Cristo Redentor. Quando é para fazer exaltação midiática, o símbolo religioso serve.

Mas na patética abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, a religião serviu só para provocação e zombaria, com aquela encenação bizarra da Santa Ceia. Os que usaram um helicóptero para jogar uma medalha cenográfica no pescoço do Cristo, no Rio de Janeiro, acharam ótima a provocação religiosa em Paris. Não se ouviu um pio ao contrário.

Então, se o negócio é esculhambar o cristianismo (ou qualquer outra religião, mas parece que a obsessão é com os cristãos), que sejam ao menos coerentes. Não venham pegar carona no símbolo mundialmente conhecido do Corcovado para fazer espetáculo. Para os marqueteiros de ocasião, o Cristo Redentor é só uma estátua famosa.


Se é para não misturar religião com esporte, zombar da fé alheia pode?


No patético show da Madonna, em Copacabana, aconteceu a mesmíssima coisa. O palco trazia aquela “revolução” com algumas décadas de mofo, naturalmente sem dispensar as provocações religiosas - fingindo chocar a sociedade puritana que só existe na cabeça dos falsos revolucionários. Todos sabem, nesse contexto, para que serviu o crucifixo. Mas e o marketing do show? Não aderiu às provocações supostamente vanguardistas? Claro que não.

Panfletos, panfletos, negócios à parte. Lá estava a imagem do Cristo Redentor nos cartazes de divulgação da Madonna in Rio. Não iam desperdiçar o símbolo famoso, certo? Mas não fica um negócio meio puritano? Deixa pra lá…

Na Olimpíada da Lacração, um surfista foi proibido de competir com a imagem do Cristo pintada na sua prancha. Aí não pode. Aí os Jogos são vedados a manifestações religiosas. Se é para não misturar religião com esporte, zombar da fé alheia pode?

Ninguém falou em proibir aquela abertura olímpica ridícula. Ninguém se incomodou com os lacradores jogando medalha no pescoço do Cristo Redentor. O show de hipocrisia é sancionado pela imprensa decadente. A próxima Olimpíada é em Los Angeles. Se o mundo não acordar até lá, melhor tirar o esporte e deixar só o desfile.



Guilherme Fiuza, Gazeta do Povo