terça-feira, 13 de agosto de 2024

Campos Neto defende autonomia do BC e rebate petista: ‘vai sentir minha falta’

Gestor do Banco Central, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, respondeu críticas da base governista em audiência na Câmara


Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o deputado governista Pedro Paulo (PSD-RJ). (Foto: Deborah Sena)


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados e respondeu sobre a política monetária da autarquia que preside, diante de questionamentos feitos por parlamentares governistas e de oposição. Ele protagonizou respostas ácidas às críticas de representantes do governo, mas também foi elogiado por nomes ligados ao presidente Lula, como o deputado carioca, Pedro Paulo (PSD-RJ), que atribuiu ao indicado do ex-presidente, Jair Bolsonaro, um trabalho ‘irretocável’.

Campos Neto fez menção aos mecanismos que incidem sobre a taxa de juros no Brasil e defendeu a independência do Banco Central. “Temos uma pesquisa feita para a América Latina que mostra claramente que, quanto mais independente é o Banco Central, menor é a inflação. A gente consegue ver aqui através dos anos”, argumentou.

E completou: “A autonomia passa pelo seu primeiro teste, temos certeza que o processo vai amadurecer. As pessoas vão ver que o BC é técnico, que trabalha para atingir o mandato, que é determinado pelo governo”.

Ainda segundo o gestor do BC, de acordo com os padrões mundiais, existem três tipos de autonomia: operacional, financeira e administrativa. Um gráfico, apresentado por ele, ilustrou que, no mundo, 74% dos BCs defendem que a autonomia financeira, em comparação com as demais, é a mais importante. Campos Neto disse ainda que as autarquias que tentaram retroagir em seu caráter de autonomia entraram em declínio.

O indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro ao BC enfrentou às críticas dos governistas, que travam batalha ideológica com a alta cúpula da autarquia, com ironia. Durante a audiência, ele foi acusado de fazer uma gestão monetária  ‘frouxa’. “Tenho [mais] cinco meses aqui, e vai sentir falta de mim quando eu for embora”, rebateu em fala endereçado ao petista Lindbergh Farias (RJ).

O Psolista Glauber Braga questionou as finanças pessoais de Campos Neto e insinuou a retirada de ‘proveitos’ por meio do cargo. O presidente da autarquia afirmou que não tem pendências com o Conselho de Ética, pediu para não ser interrompido e disse que o questionamento ‘não cabe’.

Diário do Poder