segunda-feira, 29 de abril de 2024

Paulo Polzonoff Jr.: A festa de 94 anos do Sarney: ah, se eu fosse uma mosquinha…!

 

Os destemidos senadores Randolfe Rodrigues e Rodrigo Pacheco fazem mesura a José Sarney: e a mosca ali, só ouvindo a conversa.| Foto: Reprodução/ Redes Sociais/ Pixabay

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Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Entrei na festa de 94 anos do Sarney. Cheio de aeroporto por aqui. E, pelo que vi até agora, nenhum garçom com aquela raquete elétrica genocida do meu povo. Deixa eu ver o que tem aqui. Quanta gente importante. Tem ministro, deputado, senador, empresários. Será que o descondenado vem? Ah, cansei. Deixa eu descansar aqui em cima desse bobó de camarão um pouquinho. bzzzzzzzzzzzzzzzzz. Essa passou perto! Mas quem é o figurão? Ah, é o José Dirceu. Senti de longe o perfume revolucionário. Veio cá pedir a benção, é? Bzzzzzzzzzzzzzzzzz. Você não me pega, bobão!

Já sei! Vou transformar esta festa num desafio. Até o final da noite ou do texto (o que acabar antes), vou pousar no bigodão do anfitrião. Nem que seja só por um segundo. E vou sair ilesa. Mas antes espera que eu tenho que abzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzucrinar o Randolfe Rodrigues aqui. Opa, opa! Não adianta querer me espantar com essa mãozinha delicada, não. Bzzzzzzzzzzzzzz. Que vergonha, Randolfe! Fazendo rapapé para aquele que você chama de oligarca, velha raposa, etc. Eis o nosso senador em noite de pinscher amestrado. E bota amestrado nisso!

O que eu vejo lá! Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Ah, que lugar bom para pousar que é a calva tranquila do vice-presidente. Mas o que eu vejo aqui? É um fiapo de honra? Uma migalha de altivez? Um grãozinho de brio? Que nada, é só uma sujeirinha. Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Me espantou, o Alckmin. Bom, pelo menos a gente agora está perto da mesa de doces. Isso daqui é dois amores? bzzzzzzzzzzzzzz Ei, o que é isso, dona Gleisi! Bzzzzzzzz Não seja gananciosa. Bzzzzzzzzzzzzzz. Tem para todo mundo. Bzzzzzzzzzzzz. Não foi desta vez, comunista. Bzzzzzzzzzzzzz.

Melhor admirar o festerê aqui do alto desse candelabro. Coisa fina, hein? Ah, se as varejeiras pudessem me ver agora! Mas o que vejo lá ao longe com meus dois grandes olhos facetados? Ora, se não é Aécio Neves batendo um papo com Lindbergh Farias. Que nojo, você diz? Verdade. Se bem que já pousei em coisas piores. Vou ver mais de perto. Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Será que ficaram amigos de novo? Será que nunca deixaram de ser? Bzzzzzzzzzzzzz. Mas espera que agora quem chegou à festa foi o Haddad e eu não posso deixar de agradecê-lo por ter aumentado o imposto sobre o Baygon.

Você também beijando a mão do Sarney, Haddad! Mas pelo menos tiramos o Bolso, né? Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Não tem lagosta nesta festa, não? Para quem eu pergunto? Ah, claro! Para o ministro Flávio Dino! Só tenho que tomar cuidado para não ficar presa numa poça de suor. E para não ser esmagada por suas muitas dobras. Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Que bom que você veio, Dino. Mas espere! Você não era inimigo político da família Sarney? Ah, não. Devo estar confundindo com outro.

Festa chata. Mas não achem que esqueci do desafio, não. O bigodão do homem me espera. Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Deixe-me pousar aqui nesta taça de espumante. Ah, que delícia! Só assim para aguentar tantas distintas autoridades que o Felipe Neto chamaria de “excrementíssimos”. Por falar nisso, o Arthur Lira acaba de entrar na festa. Será que vou lá atabzzzzzzzzzzzzaná-lo um pouquinho? Nah. Vou ficar aqui na taça de espumante mais um pouco, antes de... Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Quase! Deixa eu ver quem foi! Deixa eu ver quem foi!

Ah, eu esperava isso de qualquer um, menos de você, Pacheco! Mas é aquela coisa. Tigrão com uma mosquinha e tchutchuca com o Alexandre de Moraes. Por falar nisso, cadê seu dono, Pacheco? Cadê O Aeroporto Mais Odiado do Brasil? Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Mas chega de falar besteira senão daqui a pouco me prendem num pega-mosca e me acusam de atentar contra o Estado democrático de direito. Lá vou eu zumbizar em torno do Sarney um pouco, antes de pousar no bigode dele. Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. (Cadê a Janja?).


Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Não tenho medo de você não!

Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Machucou a mão escrevendo poemas?

Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. E não adianta vir me dedetizar/ Pois nem o DDT pode assim me exterminar.

Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Pronto. Aqui estou eu no bigodão do Sarney, encerrando esta reportagem dizendo que a Velha Nova República fede. Mas tão bons os comes & bebes...

Pfui. Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.



Paulo Polzonoff Jr., Gazeta do Povo