Na próxima sexta-feira, serão lembrados os 80 anos do dramático episódio que marcou o início do genocídio de seis milhões de judeus europeus, nas décadas de 30 e 40. A Noite dos Cristais, organizada pelo alto-comando nazista na Alemanha, provocou o incêndio e a destruição de mais de 1.400 sinagogas; cerca de cem judeus foram mortos; milhares, feridos; centenas, desabrigados; 7.500 casas e lojas, destruídas; 30 mil presos e enviados para os campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen, nos quais muitos morreriam.
Este foi o saldo da violência indiscriminada contra a população judaica, no dia 9 de novembro de 1938, e que se tornou conhecida como a Kristallnacht , uma referência às incontáveis vidraças, janelas e vitrines destruídas pelas tropas de choque nazistas e pela população alemã e austríaca. Este ataque foi orquestrado nas altas esferas do Reich, mais especificamente por Adolf Hitler e seu demoníaco ministro da Propaganda, Joseph Goebbels.
A forma como a população alemã aderiu a este chamado de destruição da minoria judaica do povo alemão encorajou os monstros nazistas a arquitetarem o subsequente assassinato em massa de civis inocentes considerados pelos criminosos como “pessoas de segunda classe”. A consciência do povo alemão foi envenenada pela propaganda da máquina de mentiras de Goebbels.
Anteriormente a este orquestrado massacre, cerca de 680 chassis de veículos Volkswagen foram montados com projetores de cinema que percorreram as grandes cidades e o interior da Alemanha exibindo cenas que apresentavam os judeus de forma caricatural, invariavelmente vestidos com longas capotas, barba por fazer, cabelos desalinhados e nariz protuberante. Goebbels foi o criador da filosofia de que uma mentira, quando repetida exaustivamente, se torna verdade.
O recente atentado contra uma sinagoga em Pittsburgh, nos EUA, com a morte de 11 fiéis judeus, nos leva à conclusão: os nazistas foram derrotados, mas o nazismo não morreu.
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O Globo