segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Fusões e aquisições vão crescer 15% no Brasil em 2019, diz consultoria, pior Maria Cristina Frias

As fusões e aquisições, que têm se acelerado neste último trimestre, deverão encerrar 2018 com uma alta próxima dos 10% e crescer 15% em 2019, segundo projeção da consultoria PwC Brasil.
No acumulado deste ano até outubro, foram 538 operações, 4% a mais do que no mesmo intervalo de 2017. Só no mês passado, porém, foram 68 transações, recorde para o período desde 2014.
“A incerteza das eleições deixou investidores de outros países e fundos de investimento em compasso de espera, mas desde o segundo turno há uma retomada, que vai se intensificar no próximo ano”, diz Rogério Gollo, sócio da PwC.
Sede da B3, em São Paulo - Miguel Schincariol - 29.out.18/AFP
Os estrangeiros —que neste ano fizeram 37% das aquisições— deverão aumentar sua participação já nos próximos meses, segundo ele.
“Eles responderão por metade dos aportes. Veremos mais transações em ramos como saúde, educação básica, varejo e infraestrutura”, diz Piero Minardi, da ABVCap (associação de fundos de private equity e venture capital).
Se a política econômica do novo governo mexicano, liderado por López Obrador, for antimercado, poderá haver fuga de capitais do país em direção ao Brasil, de acordo com analistas ouvidos pela coluna.
O apetite chinês pelos ativos brasileiros, tradicional em áreas como infraestrutura e agronegócio, deve permanecer relevante, apesar da recente tensão com Bolsonaro, afirma Arthur Penteado, sócio do escritório Machado Meyer.
“O presidente eleito manifestou preocupação com o tema, mas a relação com o Brasil sempre foi boa. A China pensa a longo prazo e buscará compreender a nova política.”

Aguarde sua vez na linha
A Tel, de contact centers, deverá investir R$ 120 milhões para aumentar seu número de postos de atendimento em 2019, segundo o diretor-executivo Gabriel Drummond.
A empresa planeja ampliar duas operações, em São Paulo e na Bahia, e inaugurar uma outra na região Centro-Oeste. Uma nova unidade no Paraná, prevista para este ano, foi adiada.
“Tivemos de fazer uma pausa no planejamento devido a questões burocráticas. Foi necessário compensar com a expansão em Itabuna (BA)”, afirma Drummond.
Cerca de 30% dos recursos utilizados em aportes são próprios. Além de obter financiamento em bancos de fomento, a companhia recorre a benefícios tributários oferecidos por prefeituras para atrair empregos.
“Hoje temos 15 mil funcionários. Com essas expansões, deveremos voltar a crescer algo próximo aos 20% que registramos nos últimos anos [em 2018, a alta foi de 8%].”
R$ 400 milhões
é o faturamento anual da Tel
11
são as unidades

Transportadora investirá R$ 100 milhões em renovação de frota em 2019
O grupo G10, que reúne quatro transportadoras de carga do Paraná, vai aportar ao menos R$ 100 milhões em caminhões e reboques para a renovação parcial de sua frota no próximo ano.
“Projetamos um 2019 positivo. Vamos vender até 130 conjuntos usados e compraremos pelo menos 200 novos”, diz o presidente, Claudio Adamuccio.
A empresa aportou cerca de R$ 75 milhões em 2018 na aquisição de veículos. Aproximadamente 20% do valor veio de capital próprio e o restante foi financiado com empréstimos do BNDES e de bancos privados.
O grupo estima crescimento de 9% em receita neste ano, impulsionado pela alta no transporte de grãos, responsável por quase 70% dos negócios da companhia. 
As empresas também carregam combustíveis, fertilizantes, sementes e açúcar.
“O tabelamento do frete não teve efeito para nós porque nossos preços já estavam acima do mínimo”, diz.
R$ 1,2 bilhão
é a receita anual do grupo
1.600
são os veículos na frota

Assinado, validado, entregue
Auditorias de médio porte do Brasil esperam um aumento de serviço, segundo uma pesquisa do Ifac (federação internacional de contadores, na sigla em inglês).
As maiores, PwC, EY, Deloitte e KPMG são conhecidas como “as quatro grandes”. 
As menores notaram uma alta de demanda depois de uma mudança no sistema da Receita Federal, em 2015, segundo Monica Foerster, do Ibracon (instituto dos auditores independentes).
O órgão passou a aceitar escriturações digitais naquele ano, e ficou mais fácil verificar se os dados reportados são verdadeiros.
Já havia a necessidade de grandes companhias, mesmo fechadas, terem balanço auditado, o que mudou foi a transmissão e recepção deles.
Existe, no entanto, um contingente significativo de empresas que precisam se adequar, segundo Foerster.
“A procura não aumentou na amplitude que se esperava —ainda há companhias cujas informações contábeis precisam de validação antes de serem enviadas  à Receita.”

Saúde O faturamento das distribuidoras que atendem drogarias independentes cresceu 8% até setembro deste ano e chegou a R$ 1,46 bilhão, segundo a Iqvia, que audita o mercado, e a Abradilan (associação do setor).

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Maria Cristina Frias, jornalista


Folha de São Paulo