Em um setor praticamente dominado por homens, duas funcionárias públicas do Ministério de Minas e Energia (MME) tomaram uma iniciativa para reforçar a presença feminina em cargos de chefia no setor elétrico. Criaram uma lista, enviada a Luciano de Castro, nomeado para a equipe de transição do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, na área de energia.
Agnes da Costa, da assessoria econômica do MME, e Renata Isfer, consultora jurídica da pasta, reuniram cerca de 180 nomes de mulheres com capacidade técnica para chefiar áreas do governo, agências reguladoras e estatais.
Elas são autoras do projeto “Sim, Elas Existem”, que busca apontar mulheres capacitadas para ocupar esses cargos no setor, uma aplicação prática de um curso que fizeram na Harvard Kennedy School, por meio da Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
“O momento pós-eleições favorece uma dança das cadeiras. A ideia do projeto não é estigmatizar, estabelecer cotas femininas ou mostrar a predominância de homens em cargos de chefia, mas mostrar efetivamente que há mulheres competentes para assumir papéis de liderança no setor”, disse Agnes.
No governo Bolsonaro, até o momento, foram confirmados seis ministros e, por enquanto, uma ministra – Tereza Cristina, para a pasta da Agricultura. Para a área de Minas e Energia, houve uma sondagem a paulo Pedrosa, ex-secretário-executivo do MME no governo Michel Temer. Luciano de Castro, da equipe de transição, também é cotado.
Até hoje, o Ministério de Minas e Energia teve apenas uma mulher, a ex-presidente Dilma Rousseff, e uma secretária-executiva, Graça Foster. Na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), houve apenas uma diretora, Joisa Dutra. A servidora Elisa Bastos Silva foi indicada para a Aneel, mas seu nome ainda não foi aprovado pelo Senado.
Lista abrange nomes dos setores público e privado
Na lista elaborada pelas servidoras, há mulheres do setor público e privado, de universidades e da área política, com nomes, funções e currículos. Entre elas estão nomes conhecidos, como o da economista Elena Landau; a diretora da Thymos Energia, Thais Prandini; a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum; e a CEO da Exxon Mobil Brasil, Carla Lacerda.
Constam também o nome de professoras, advogadas, procuradoras, especialistas e superintendentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), servidoras públicas do governo federal, funcionárias de empresas privadas e associações do setor, entre outras.
“Não sei se teremos uma reverberação da lista no setor público, até porque o número de cargos é limitado, mas tivemos uma ótima recepção e até gente do setor privado tem pedido acesso à lista”, disse Agnes.
A lista completa será entregue para o novo ministro de Minas e Energia que for indicado pelo governo eleito e segue aberta para novas indicações através do e-mail simelasexistem@gmail.com.
A ideia, segundo ela, é criar em breve um banco de talentos permanente com os nomes de todas as mulheres indicadas para o projeto. O documento também foi enviado a Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras e atual presidente da BRF, e o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
Anne Warth, O Estado de S.Paulo