sábado, 17 de novembro de 2018

Democrata reconhece derrota para aliado de Trump em eleição para governo da Flórida

Democrata Andrew Gillum publica foto com a mulher ao reconhecer derrota em eleição na Flórida Foto: Reprodução/Twitter

Democrata Andrew Gillum publica foto com a mulher ao reconhecer derrota em eleição na Flórida Foto: Reprodução/Twitter

TALLAHASSEE — O democrata Andrew Gillum reconheceu a derrota na disputa para governador da Flórida, perto da conclusão do processo de recontagem de votos, ordenado pela Justiça pela estreita diferença entre os dois no pleito. O prefeito de Tallahassee deu parabéns ao rival republicano Ron DeSantis, aliado do presidente Donald Trump. A eleição no estado - um dos mais estratégicos para campanhas presidenciais - se encerra 11 dias depois de os americanos irem às urnas, em 6 de novembro. Reviravoltas e revisões de resultados voltaram a colocar em xeque a credibilidade das eleições americanas este ano.

Gillum já havia reconhecido na noite da eleição a derrota para DeSantis, um ex-congressista conservador, mas voltou atrás ao perceber que a diferença na votação havia diminuído o suficiente para haver recontagem. Neste sábado, o esforço para ser o primeiro governador negro do estado chegou ao fim.

"Quero parabenizar Ron DeSantis por se tornar o próximo governador do grande estado da Flórida. Minha mulher R.Jai e eu não poderíamos estar mais orgulhosos do caminho que percorremos nesta corrida. Não poderíamos estar mais agradecidos ao nosso companheiro de chapa, Chris King, e sua mulher Kristen", escreveu Gillum, que ainda agradeceu os eleitores por se juntarem a ele na campanha. "Eu incentivo vocês a continuarem a lutar pelo que acreditam".
Em comunicado, Gillum frisou que a campanha eleitoral "foi a jornada das nossas vidas" e prometeu que "a luta pela Flórida continua".
"Esta foi uma campanha duramente disputada. Agora é hora de unir a Flórida", escreveu DeSantis no Twitter.
Até este sábado, Gillum destacava que não desistiria da eleição até cada voto ser contado. Uma promessa similar à do correligionário Bill Nelson, que disputa uma cadeira para o Senado com o republicano Rick Scott, atual governador da Flórida.
Há uma semana, o secretário de Estado da Flórida, Ken Detzner, ordenou a recontagem de votos em suas duas principais disputas, para governador e senador. Também há revisão dos votos na eleição para comissário da Agricultura.
Na quinta-feira, prazo final para a recontagem, as autoridades eleitorais afirmaram que a apuração apontou o republicano com vantagem de 0,41 ponto percentual, abaixo do limite para desencadear uma segunda recontagem, desta vez manual. O democrata, na ocasião, sinalizou que ainda não havia desistido.
"Um voto negado é a justiça negada. O Estado da Flórida deve contar todos os votos legalmente lançados. Planejamos fazer tudo o que pudermos para garantir que cada voz seja ouvida neste processo", destacou o democrata após a conclusão da recontagem automática.
A recontagem na Flórida ocorreu em clima tenso. Os democratas exigiram que cada voto fosse contabilizado para assegurarem o resultado expresso pelo povo. Causou controvérsia sobretudo a apuração de votos provisórios - aqueles em que é preciso verificar se o eleitor tem mesmo direito de voto. O temor era de que a modalidade afetasse de forma desproporcional minorias sociais. Já o presidente Donald Trump acusou funcionários eleitorais democratas dos condados de Broward e Palm Beach de fraude, sem apresentar provas.
"Tentando ROUBAR duas grandes eleições na Flórida! Estamos observando de perto!", escreveu no Twitter, durante sua visita a Paris.
Cada condado na Flórida teve até quinta-feira para passar todas as suas cédulas por máquinas de contagem novamente. Qualquer pleito que ainda assim permanecesse dentro de uma margem de 0,25 ponto percentual ou menos teria outros três dias, até 18 de novembro, para realizar uma recontagem manual.
As acusações e ações judiciais que surgiram nos últimos dias na Flórida invocaram lembranças da recontagem presidencial de 2000, quando o nome do vencedor ficou suspenso durante semanas antes que a Suprema Corte dos EUA impedisse a recontagem. O republicano George W. Bush. acabou sendo declarado o vencedor sobre o democrata Al Gore.
O Globo