terça-feira, 4 de agosto de 2015

Gilmar Mendes diz que dinheiro desviado no mensalão de Lula ‘não dá nem um Barusco’ da dupla... Lula-Dilma

Carolina Brígido - O Globo

Ministro do STF se refere ao ex-gerente da Petrobras, que disse ter recebido propina e repassado parte do dinheiro ao PT





O ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) - Nelson Jr. / Agência O Globo


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira que o mensalão e a Lava Jato têm a mesma origem. Ele concluiu que, comparado ao novo escândalo, o mensalão não desviou “nem um Barusco”, em referência ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que afirmou em depoimento ter recebido propina de forma sistemática a partir de 2003 e repassado parte do dinheiro ao PT. Gilmar voltou a criticar o modelo de governar do PT – que, segundo ele, é calcado na corrupção.

— Me parece que há uma mesma raiz tanto para o fenômeno do mensalão, quanto para este do chamado petrolão, e agora eletrolão, e quantos ãos venham ainda. Me parece que há uma mesma matriz, é uma forma de governar, é um modelo de governança. E isso que é problemático nessa história toda. (No julgamento do mensalão), ficamos com aquele número cabalístico de R$ 170 milhões. Mas, agora, isso não dá nem um Barusco. Então, a gente vê o tamanho — declarou.

O ministro disse ter ficado assustado com a proporção da Lava Jato, com desvios de dinheiro da ordem de bilhões de reais.

— Acho algo realmente de proporções inimagináveis. A corrupção como sistema de governo, como forma de organizar a administração, realmente é algo impensável — disse.
Gilmar também demonstrou indignação com o fato de parte dos desvios da Petrobras terem ocorrido durante o julgamento do mensalão no STF:

— O que é chocante é que, enquanto estávamos a julgar e investigar o mensalão, essa prática (descoberta na Lava Jato) estava permeando todas as atividades governamentais e administrativas. Isso que é chocante.

Na segunda-feira, ao anunciar a prisão do ex-ministro da Casa Civil Dirceu, o procurador da República Carlos Fernando Lima fez referência a uma declaração feita por Gilmar recentemente, atribuindo o mesmo DNA do mensalão à Lava Jato. Hoje, Gilmar lamentou o fato de a Procuradoria da República não ter dado prosseguimento às investigações da CPI do Correios referentes ao dinheiro desviado dos fundos de pensão para abastecer o esquema do mensalão.

— A gente sabe que, se tivesse havido uma investigação, talvez já se tivessem sido detectadas essas conexões — afirmou.

Gilmar, que também é ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lembrou que ainda está em curso na corte uma investigação sobre supostas irregularidades nas contas da campanha da presidente Dilma Rousseff. Ele disse que eventual ligação entre os crimes da Lava Jato e as contas da campanha ainda está em fase de apuração. Ele alertou para a importância de se acompanhar não só o financiamento das campanhas políticas, mas também os gastos.

— A gente vai descobrindo distorções, como empresas que não existem. A gente tem descoberto que existem empresas aparelhadas para tirar dinheiro da campanha. Tem um vazadouro de dinheiro. Esse dinheiro vai para campanha? Outras atividades da campanha? Essas empresas são vendedoras de notas. Ou esse dinheiro está sendo tirado para outra finalidade? Precisamos saber responder isso no Tribunal Eleitoral — disse, ressaltando os recursos limitados de fiscalização disponíveis na Justiça Eleitoral