sábado, 18 de julho de 2015

O Brasil ficará velho antes de ficar rico, diz demógrafo do IBGE

Com Blog Rodrigo Constantino - Veja


A entrevista nas páginas amarelas de VEJA desta semana é com José Eustáquio Alves, demógrafo do IBGE, que faz previsões negativas sobre o futuro do Brasil, afirmando que o país, especialmente durante a gestão Dilma, mas com as sementes plantadas ainda na era Lula, deu as costas ao “bônus demográfico”.
Trata-se da janela demográfica em que há maior parcela de jovens em relação às demais faixas etárias, período em que os países deveriam aproveitar para aumentar o ritmo de desenvolvimento. O Brasil foi por caminho diverso, incentivou o consumo, não investiu o que deveria, e há, hoje, enorme contingente de jovens fora do mercado de trabalho. E pior: nem estudando estão! Diz o especialista:
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Ou seja, o Brasil realmente se mostrou uma cigarra irresponsável sob o governo do PT, em vez de agir como uma formiga trabalhadora que se prepara para o inverno. Fiz uso dessa metáfora em vários textos e palestras durante os últimos 5 anos, alertando para o perigo. Enquanto isso, “gurus” da economia, como Delfim Netto e Belluzzo, pediam mais gastos públicos, endossando a política econômica do PT. Deu nisso, mas os jornalistas não cobram desses “especialistas” nenhum tipo de compromisso com suas previsões e recomendações.
Em junho de 2012, por exemplo, o GLOBO divulgou uma matéria com esses “gurus” em que o recado não poderia ser mais claro: era hora de gastar! Curioso, já que nunca vemos esses keynesianos desenvolvimentistas falando o contrário, pregando a austeridade, a postura anticíclica do governo na hora da bonança. É sempre a mesma mensagem: gastar, gastar. Por isso políticos gostam tanto de Keynes ou mesmo Marx. Têm nos seus seguidores o pretexto perfeito para agir de forma irresponsável.
Alexandre Borges, em sua página no Facebook, coloca o dedo na ferida:
Até a última vez que eu chequei, o chamado “jornalismo econômico” nunca voltou para cobrar esses “gurus” sobre seus conselhos. A economia brasileira foi completamente destruída e os arautos da política econômica continuam tratando o assunto como se não fosse com eles, como se a crise houvesse caído do céu.
Já não é hora do “jornalismo econômico” começar a ouvir também economistas de outras escolas, ao menos para ter visões alternativas? Por que a tal diversidade de que tanto falam não inclui a diversidade de opiniões econômicas no jornalismo?
O economista Rodrigo Constatino há anos alerta para os riscos da condução econômica pelos “desenvolvimentistas”, como nesse artigo de 2013.
No longínquo 2010, Constatino deu uma palestra visionária em que previu a atual situação de estagflação. Ele estava certo, os “gurus” estavam errados. Quem vai pedir desculpas?
Gurus
Agradeço humildemente pela menção, mas não fui o único. Vários economistas com viés mais liberal fizeram alertas. Foram ignorados, quando não ridicularizados pelos antigos “gurus”, aqueles de uma nota só, justificando a gastança do governo. O economista Paulo Rabello de Castro chamou esse período de “década esbanjada”, termo que captura com perfeição o desperdício durante a gestão petista. O problema não é “apenas” essa enorme crise atual, com queda da atividade superior a 2% e inflação superior a 9%. É muito maior!
É uma janela de oportunidade que não volta mais. A China não vai mais crescer no mesmo ritmo, as commodities dificilmente voltarão aos mesmos preços, a taxa de juros nos países desenvolvidos vai começar a subir em breve, e o “bônus demográfico” vai desaparecer. Tudo isso joga contra o Brasil. O PT ganhou um bilhete na loteria e o rasgou, ou melhor, o queimou para garantir sua permanência no poder e a riqueza de muito camarada na Suíça. O trabalhador brasileiro, especialmente o jovem, vai pagar a pesada conta:
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Em outras palavras, estamos envelhecendo antes de enriquecer, o que é extremamente preocupante. Para piorar o quadro, temos um sistema previdenciário absurdamente generoso, principalmente com o setor público. Trata-se de um modelo coletivista como uma pirâmide Ponzi, que incentiva a busca por privilégios. A conta não fecha. E a conclusão do demógrafo é realista, e nem por isso deixa de ser assustadora: “O Brasil está virando as costas para sua derradeira brecha demográfica e, em consequência, está entrando em um caminho sem volta. Ficará velho antes de ficar rico”.
A esperança num futuro melhor foi usurpada dos nossos jovens por governos irresponsáveis, populistas, corruptos, equipados com uma ideologia equivocada. É preciso fazer uma radical mudança nos rumos atuais. Os velhos “gurus” da economia precisam ser, finalmente, ignorados, em vez de preservarem seus grandes espaços na imprensa como se nada tivessem dito ontem. O Brasil necessita, urgentemente, de reformas liberais radicais. Ou isso, ou podemos nos preparar para um futuro grego à frente…