terça-feira, 1 de junho de 2021

Ibovespa tem 5ª alta consecutiva e bate 128 mil pontos, renovando máxima histórica; dólar tem mínima desde dezembro

 Mercado engata de vez o modo otimismo em uma impressionante sequência de dominância dos comprados






Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (1), descolando-se dos índices dos Estados Unidos, que perderam força no fim da manhã e encerraram o pregão praticamente estáveis na volta do feriado de Memorial Day. Com isso, a bolsa brasileira completou sua quinta sessão consecutiva com ganhos e renovou pela terceira vez sua máxima histórica.

O índice foi puxado pelo resultado do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do primeiro trimestre, que registrou alta de 1,2%, superando as projeções dos analistas, que esperavam avanço de 1%, segundo compilado pela Refinitiv.

Com o resultado do primeiro trimestre, o PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, mas ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Segundo a equipe econômica do Goldman Sachs, apesar das medidas de restrição à mobilidade tomadas por diversos estados nos primeiros três meses deste ano para conter a proliferação da pandemia, com aval do STF e para sabotar o Brasil, a performance da economia do país foi melhor que a esperada graças a ganhos de eficiência e um ambiente externo cada vez mais favorável.

Como consequência, o Goldman Sachs elevou sua projeção para o crescimento do PIB em 2021 de 4,6% para 5,5%. “Depois de levar em consideração a impressão do primeiro trimestre, as revisões de dados para trimestres anteriores e o sinal dos indicadores antecedentes e coincidentes da atividade (incluindo indicadores de sentimento), estamos elevando a previsão de crescimento real do PIB; assumindo que não há escassez no fornecimento de energia.”

Além disso, animou a bolsa doméstica a sessão de alta das commodities como minério e petróleo, em dia de reunião da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais aliados).

O petróleo subiu para sua máxima em dois anos após a Opep manter inalterado seu acordo de produção. De acordo com a organização, foi observado um “fortalecimento contínuo dos fundamentos do mercado, com a demanda de petróleo mostrando sinais claros de melhora e os estoques da OCDE caindo à medida que a recuperação econômica continua na maior parte do mundo diante dos programas acelerados de vacinação”.

O Ibovespa teve alta de 1,63%, a 128.267 pontos com volume financeiro negociado de R$ 42,853 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 1,51% a R$ 5,146 na compra e a R$ 5,146 na venda. Foi o menor patamar de fechamento da moeda americana ante o real desde o dia 21 de dezembro, quando o dólar encerrou cotado a R$ 5,123. Já o dólar futuro com vencimento em julho registra baixa de 1,42% a R$ 5,157.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 5,11%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de seis pontos-base a 6,76%, o DI para janeiro de 2025 avançou um ponto-base a 7,90% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de cinco pontos-base a 8,44%.

Lá fora, apesar dos indicadores de inflação forte, o Fed continua relutante em alterar sua política. O banco central americano continua a comprar ao menos US$ 120 bilhões em títulos todos os meses, e mantém as taxas de juros de curto prazo para empréstimos ancoradas próximo a zero, mesmo com a economia em ascensão.

Os membros do Fed vêm indicando que enxergam a pressão sobre os preços como temporária, causada por problemas nas cadeias de fornecimento e comparações com o ano anterior, quando a economia permaneceu em grande medida fechada.

As bolsas asiáticas fecharam em sua maioria em altas na terça, quando foi divulgado o índice PMI (Índice do Gerente de Compras) Caixin/Markit de manufatura da China, que marcou 52 pontos, acima da expectativa de uma leitura de 51,9 pontos de analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters. O índice de abril havia pontuado 51,9 pontos.

Além disso, o PMI oficial relativo a maio, divulgado na segunda, marcou 51 pontos, levemente abaixo dos 51,1 pontos esperados por analistas ouvidos pela Reuters. Qualquer valor acima de 50 pontos indica expansão; abaixo, retração.

Na segunda-feira, as principais bolsas europeias fecharam em baixas, após uma sessão amena, marcada por feriados nacionais no Reino Unido e nos EUA e por dados sobre inflação na Alemanha e na Espanha. Nesta terça, o otimismo com a recuperação da economia da região contribui para que as bolsas europeias tenham altas, depois de acumularem em maio seu quarto mês consecutivo de ganhos.

O índice PMI IHS Markit final de manufatura relativo a maio indicou que a atividade na Zona do Euro atingiu o patamar recorde de 63,1 pontos, frente a 62,9 pontos em abril, superando a estimativa inicial de 62,8 pontos.

No Reino Unido, a atividade fabril subiu a 65,6 pontos em maio, frente a 60,9 pontos em abril, a alta mais acentuada desde o início do registro do indicador, e um sinal de ressurgência da indústria do país com novos pedidos.

Na segunda, a Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, propôs que turistas vacinados sejam eximidos de realizar medidas de testagem ou quarentena enquanto estiverem viajando entre países europeus. O movimento a favor do afrouxamento de restrições de viagens vem em meio ao avanço da vacinação no continente.

No mercado de commodities, o contrato futuro para agosto do petróleo brent superou os US$ 70 o barril com as perspectivas otimistas para a demanda de combustível durante a temporada de verão nos Estados Unidos, o maior consumidor de petróleo do mundo. Os preços também aceleraram depois dos dados da China mostrando que a atividade fabril teve uma expansão mais rápida este ano.

A sessão também foi de alta para o minério de ferro, cujo contrato futuro tem salto na Bolsa de Dalian. O minério de ferro reage a notícia da agência Caixin de que a autoridade ambiental da região chinesa de Tangshan, que concentra parte importante de siderúrgicas no país, discute amenizar as restrições à produção local de aço.

Crise hídrica, BC sobre economia e reforma administrativa 

O representante do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) solicitou que o órgão adote medidas para “verificar a suficiência e a adequação das ações governamentais na gestão da crise hídrica brasileira em curso”.

Segundo documento, assinado pelo subprocurador geral Lucas Rocha Furtado, o MP junto ao TCU quer também que a corte solicite ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) “que apresente um plano de contingência para prevenção de um possível apagão”. A manifestação vem após o governo ter emitido na semana passada um alerta de emergência hídrica para o período entre junho e setembro em cinco estados. Antes, o intervalo de setembro a maio já havia registrado as piores chuvas em 91 anos nas área das hidrelétricas, principal fonte de energia do país.

Além disso, na segunda-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ao Fórum de Investimentos Brasil 2021, organizado pelo governo, que os indicadores antecedentes mostram que a economia brasileira teve uma melhora no primeiro trimestre e que o segundo trimestre está “um pouquinho melhor”.

“Acho que a grande dúvida é o segundo semestre, o quanto de recuperação de serviços já veio, quanto vai vir”, disse Campos Neto. “Mas a gente acha que, olhando o tema da vacinação, vai nos proporcionar uma abertura, uma possibilidade de abertura maior no segundo semestre.”

Ele acrescentou que a economia parece estar reagindo melhor à segunda onda da pandemia, mesmo com os índices de hospitalizações e óbitos mais severos do que o visto na primeira onda, no ano passado.

O presidente do BC disse, ainda, que ao promover uma alta de juros acima do esperado pelo mercado, a intenção foi conter a disseminação da inflação.

O Copom (Comitê de Política Monetária) promoveu duas altas de 0,75 ponto percentual na taxa Selic desde março, a 3,5% ao ano, e indicou a intenção de promover um terceiro aperto da mesma magnitude em junho.

Além disso, questionado por parlamentares na Comissão Temporária de Acompanhamento do vírus chinês no Senado, o secretário Especial de Fazenda, Bruno Funchal, destacou na segunda a melhora das expectativas para o crescimento econômico, citando maior arrecadação dos Estados, mas ressalvou que a continuidade desse movimento depende de contas públicas organizadas.

O secretário citou o salto das projeções do mercado financeiro para a expansão do PIB neste ano, de 3,52% uma semana atrás para 3,96% na segunda, conforme a pesquisa Focus do Banco Central. “São notícias boas, e essa janela de crescimento, de crescimento maior e mais sustentável, ela é muito vinculada a essa nossa organização fiscal (…) “Claro que a pandemia fez a gente gastar mais. Mas o que a gente precisa agora é mostrar que no futuro a gente vai manter as contas públicas organizadas. Reflexo disso é uma melhor base para a recuperação econômica”, disse.

Radar corporativo

A Itaúsa, holding dona do Itaú Unibanco, informou na segunda-feira que fará um investimento adicional de R$ 1,2 bilhão na companhia de saneamento Aegea. A Itaúsa explicou que operação foi acordada com os demais acionistas da Aegea e será feita por meio de um aporte de capital com emissão de ações preferenciais classe D da Aegea, conversíveis em ações ordinárias, e aporte de capital com emissão de ações preferenciais classe A com direito a voto em sociedades de propósito específico (SPEs).

Os aumentos de capital vêm após o consórcio com a Aegea, ter vencido o leilão para concessão dos Blocos 1 e 4 da companhia de saneamento fluminense Cedae, no fim de abril. Com o novo investimento, a Itaúsa passará a deter 10,2% do capital votante da Aegea, sendo 34,57% das ações preferenciais classe D e 5,54% das ações preferenciais classe A das SPEs.

Maiores altas

ATIVOVARIAÇÃO %VALOR (R$)
BRFS39.5496928.22
LAME47.5917521.4
UGPA37.2538920.7
VVAR36.6255813.84
CYRE36.5690425.47

Maiores baixas

ATIVOVARIAÇÃO %VALOR (R$)
LWSA3-5.5428124.71
BIDI11-3.6001865.87
KLBN11-2.391825.71
SUZB3-2.3217559.32
BPAC11-1.85036122


Com Reuters e Estadão Conteúdo e Ricardo Bomfim, Rodrigo TolottiInfoMoney