JOANESBURGO — O presidente Michel Temer disse que tratou dos investimentos chineses no programa de concessões e privatizações, inclusive das distribuidoras de energia, na reunião bilateral que teve na manhã desta quinta-feira com o presidente da China Xi Jinping. Segundo Temer, Jinping apontou que o país vai participar do programa de venda de distribuidoras da Eletrobras.
— Ele (Jinping) disse que a China vai participar (dos leilões de distribuição de energia) com investimentos privados — afirmou o presidente brasileiro na saída do encontro, que durou cerca de meia hora.
Temer disse que o chinês falou de investimento não só nas distribuidoras, mas também nos leilões de ferrovias, portos, aeroportos e linhas de transmissão de energia.
— Eu mencionei também a questão das privatizações e concessões que estamos fazendo no país, dos investimentos chineses já existentes e de outros que ele disse que vai colaborar muito para investir bastante lá — afirmou.
O chefe do governo brasileiro informou que na reunião também pediu para a China retirar as barreiras contra o frango e o açúcar brasileiros, que são sobretaxados pelos asiáticos. E que pleiteou também a abertura do mercado para produtos processados de soja: farelo e óleo. Segundo Temer, o presidente chinês recebeu “muito bem” as demandas pela retirada de barreiras.
— Ele vai mandar os técnicos examinarem. Ele recebeu muito bem. Não senti resistência. Vai mandar examinar, naturalmente — afirmou.
O ministro da agricultura, Blairo Maggi, destacou que a pauta de exportações do Brasil com a China precisa ser aumentada.
— Ele (Jinping) fala em chegar a US$ 100 bilhões (de exportações do Brasil para a China). Enfim, a boa vontade política foi colocada nesse encontro que é prioridade entre os dois países — disse Maggi. Atualmente, o Brasil exporta US$ 43 bilhões para a China. — O presidente Xi Jinping disse que vai tratar esses assuntos que foram colocados pelo presidente Temer como prioridade. Ele quer ampliar o mercado, falou também sobre o protecionismo, e os dois países têm mercados bastante livres entre eles.
Dados do governo brasileiro mostram que as medidas de salvaguarda contra o açúcar adotadas em maio do ano passado derrubaram em 86% as vendas desse produto para os chineses. Nota técnica que subsidiou a conversa de Temer com Xi Jinping aponta que o setor sucroalcooleiro está “passando por um momento crítico”, por conta do aumento na oferta mundial.
No caso do frango (carnes de aves), o texto utilizado como referência na conversa bilateral aponta que o crescimento das vendas do produto aos chineses ocorreu por conta de aumento de demanda dos asiáticos. O documento destaca que a China representa 10% das exportações desse produto, o equivalente a US$ 800 milhões, e que a aplicação da medida antidumping pelo país pode inviabilizar as vendas desse produto.
O texto avalia ainda que o antidumping chinês viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e destaca que o conselho de ministros da Camex aprovou estudo para eventual consulta nesse organismo multilateral.
Valor Econômico