quinta-feira, 26 de julho de 2018

Investidores estrangeiros retiraram US$ 3,1 bi em aplicações do país em junho

Com a turbulência no mercado financeiro, os investidores estrangeiros retiraram US$ 3,1 bilhões em aplicações em títulos de renda fixa e ações do Brasil no mês passado, já descontado tudo o que entrou no país. De acordo com os dados do Banco Central, foi o pior desempenho para meses de junho desde quando a autarquia passou a registrar os dados há 23 anos. Só nos últimos dois meses, a saída de aplicações em portfólio foi de US$ 6,7 bilhões

Desde do começo do ano, o movimento tem oscilado bastante. Por isso, apesar do estresse nos negócios, o saldo ainda é positivo em US$ 987 milhões no primeiro semestre.

Mesmo com a alta do dólar, as companhias multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 1,3 bilhão de lucros e dividendos para o exterior no mês passado. Por outro lado, o investimento estrangeiro que chega para aumentar a capacidade de produção das fábricas mais que dobrou.

Em junho, o Brasil recebeu US$ 6,5 bilhões. Isso representa uma alta de 64% em relação ao mesmo mês do ano passado. Quanto mais dinheiro entra em investimento produtivo, melhor as contas externas são financiadas.

No entanto, no mês passado nem foi preciso compensar porque o Brasil ficou no azul pelo quarto mês seguido. O resultado de todas as trocas de serviços e comércio do país com o resto do mundo foi de US$ 435 milhões. O desempenho da balança comercial foi diretamente afetado pela greve dos caminhoneiros.

No ano, o saldo é negativo de US$ 3,6 bilhões. Quanto mais negativo, mostra uma aceleração do crescimento da economia por causa da alta de gastos como frete e aluguel de equipamentos no exterior.

Um outro sinal de fraqueza econômica é o investimento produtivo. Chegaram ao país US$ 29,9 bilhões. É um resultado 18% menor que no primeiro semestre de 2017.

— Falta de operações individuais de maior vulto é a principal explicação desse montante — explicou o chefe do departamento econômico do Banco Central, Fernando Rocha.

Questionado se as empresas estariam à espera do resultado das eleições, Rocha afirmou que é uma possibilidade, mas ressaltou que o adiamento de leilões de concessões afetou as grandes operações e impactou o número.

— Não é só a espera da eleição, mas uma questão de oportunidades também.

Gabriela Valente, O Globo