quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Receita apura doações de empresas envolvidas na Lava Jato ao Instituto Lula

Veja


Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula
Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, já foi duas vezes à Superintendência da Receita em São Paulo para dar esclarecimentos e se inteirar sobre o processo(Eduardo Knapp/Folhapress)
A Receita Federal conduz uma ação para apurar a movimentação financeira do Instituto Lula, que foi fundado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011, após ele deixar a Presidência da República. A fiscalização se concentra na relação da instituição com empresas que fizeram doações para a entidade, principalmente nas empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, como Odebrecht e Camargo Corrêa, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quarta-feira.
O objetivo da Receita é saber a origem das remessas, como o dinheiro foi gasto e se essas doações foram declaradas, tanto pelas empresas como pelo instituto. A investigação foi aberta a partir de dados da inteligência da Receita pela Delegacia Especial de Maiores Contribuintes do Rio de Janeiro, apesar de a entidade se localizar em São Paulo. Não há prazo para o término da apuração.
O Instituto Lula foi intimado a apresentar documentos fiscais e informações contábeis. O presidente da entidade, Paulo Okamotto, já esteve na Superintedência da Receita em São Paulo para prestar esclareciemntos e se inteirar do processo ao menos em duas oportunidades. Nesta terça, ele foi ao local para pedir o aumento do prazo de entrega do material requisitado. O fisco acatou o pedido e lhe deu mais 20 dias.
Questionado pelo jornal, Okamotto nega que a ação tenha relação com a Lava Jato. "É uma fiscalização normal. Querem saber se pagamos impostos direito. E estamos. A Receita quer saber da contabilidade do instituto. Todas as empresas podem ser fiscalizadas no Brasil", afirmou. A entidade informa em sua página na internet que o seu "principal eixo de atuação" é a "cooperação" do Brasil com a África e a América Latina.
Procurada, a Receita não quis se pronunciar, alegando que o caso corre em sigilo. Okamotto se queixou de o procedimento ter vindo à tona. "Não existe mais privacidade neste país".
Por meio da assessoria, a Odebrecht afirmou que "faz contribuições a fundações e institutos, a exemplo do Instituto Lula, dentro de seu programa de apoio às iniciativas que promovem o debate de causas de interesse social". A Camargo Corrêa já tinha informado, em junho, que "as contribuições ao Instituto Lula referem-se a apoio institucional e ao patrocínio de palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior".
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