O Brasil fez exatamente o contrário do que deveria, após ganhar o grau de investimento. Em 2008, a meta fiscal foi de 4,3% do PIB. De lá para cá, ela foi caindo, e em 2015 o governo Dilma autorizou um rombo de mais de R$ 100 bilhões. Na terça-feira, encaminhou ao Congresso um Orçamento que prevê 0,5% de alta para o ano que vem, mas com possibilidade de que caia para zero. Essa meta de superávit "flexível" foi um dos motivos para o país ser rebaixado.
No dia em que ganhou o grau pela Fitch, em 30 de maio de 2008, o dólar estava cotado em R$ 1,63 e o índice Ibovespa marcava 71 mil pontos. O mercado já tinha antecipado a perspectiva de elevação do Brasil. Este ano, tem acontecido o contrário. Os investidores já vem saindo do país e ontem a moeda americana subiu a R$ 3,92. Já a bolsa caiu para 44 mil pontos.
O economista-chefe do Home Broker Modalmais, Álvaro Bandeira, lembra que o governo precisa manter o foco, para evitar novos rebaixamentos. Quanto pior a nota, menor é o montante de capital disponível e maiores são os juros cobrados pelo mercado para as empresas e o governo.
- O volume de recursos é menor, os juros são mais altos, e, além disso, o tempo de recuperação também será mais longo. Quanto mais a nota for reduzida, mais o país terá que subir para recuperar o grau de investimento - afirmou.
O Brasil ainda mantém o grau de investimento pela Moody's, mas a agência já colocou sob revisão negativa e deve decidir isso até o primeiro trimestre do ano que vem. No mercado, a redução é dada como certa. A S&P colocou o Brasil no grau especulativo e mantém a perspectiva negativa, assim como fez a Fitch.
O país está em um processo contínuo de rebaixamentos. O objetivo do governo neste momento deveria ser recuperar a confiança.