quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Moody’s coloca nota do Brasil em revisão para rebaixamento

  -  
Renan Setti - O Globo

A agência de classificação de risco Moody’s colocou a nota do Brasil em revisão para rebaixamento nesta quarta-feira, alegando piora da trajetória fiscal e econômica e risco de paralisia política. O Brasil possui nota “Baa3”, apenas um grau acima da chamada classificação de “grau de investimento”, uma espécie de selo de bom pagador. Caso seja rebaixado, o país cairá na categoria “grau especulativo”, indicativo de que não é seguro investir aqui.

Segundo a assessoria de comunicação da Moody’s no Brasil, a agência tem agora prazo de 90 dias para se pronunciar sobre o rating do Brasil, independentemente do resultado.

Em setembro, o Brasil foi rebaixado para “grau especulativo” pela Standard & Poor’s, outra das três grandes agências de rating do mundo. Caso a Moody’s siga o exemplo da S&P, só restará ao país o “grau de investimento” pela Fitch. O problema é que, por questões de regulamento interno, muitos fundos de pensão e investimento globais só compram títulos de dívida emitidos por países que tenham “grau de investimento” por pelo menos duas das três agências.

Procurada pelo GLOBO, a Moody’s afirmou que nenhum porta-voz estava disponível para comentar a decisão.

“Durante a revisão, a Moody’s vai avaliar a probabilidade de maior deterioração na posição fiscal do governo frente às premissas básicas da agência para o rating atual, Baa3, e o prospecto de elevação mais rápida e importante da trajetória da dívida, no contexto de maior incerteza política, queda da confiança do investidor e recessão mais profunda do que a esperada”, escreveu a agência em relatório divulgado no fim da tarde desta quarta.

O texto cita a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff como um fator complicador:

“A situação política se tornou cada vez mais complicada. O início do processo de impeachment contra a presidente, no começo de dezembro, lança mais dúvidas sobre a perspectiva de cooperação entre o Congresso e a presidente para a aprovação de medidas significativas de consolidação fiscal em 2016, e deixa pouquíssimas chances de combate à piora da trajetória fiscal no médio prazo.”

Segundo a Moody’s, o comitê de ratings da agências foi convocado para discutir a situação do Brasil na terça-feira.