A Prefeitura do Rio, comandada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), vai fechar o ano de 2015 tendo gastado mais em publicidade do que o próprio Estado.
Segundo dados da Fazenda municipal, até esta segunda (28) haviam sido gastos R$ 107,2 milhões em "publicidade, propaganda e comunicação social".
O valor é quase o dobro dos R$ 57,6 milhões despendidos até agora pelo Estado, governado por Luiz Fernando Pezão (PMDB).
É a primeira vez que, com o PMDB no controle tanto do Estado como da capital, o prefeito supera os gastos do governador com propaganda.
Paes é um dos nomes cotados no partido para concorrer à eleição presidencial em 2018. Ele nega articular a candidatura e diz que disputar o posto de governador do Estado é "mais natural".
O prefeito aumentou em 8% o gasto com publicidade, em valores reais, em relação ao ano passado.
Esse índice pode chegar a 35% até o fim do ano, já que Paes reservou R$ 133,7 milhões do Orçamento deste ano para esses fins –o reconhecimento de gasto pode ocorrer após 31 de dezembro.
A inversão das despesas de Estado e município se deve mais aos cortes promovidos pelo governo Pezão, que destinou menos de um terço do que gastou em propaganda em 2014, em valores reais.
A real dimensão do corte vem da comparação com 2013. Já descontada a inflação, a tesoura na publicidade estadual foi de 83% –dois anos antes, o gastou chegou a R$ 329,8 milhões.
OLIMPÍADA
A prefeitura apresenta, atualmente, melhor situação financeira do que o Estado.
Paes emprestou R$ 100 milhões ao aliado para aliviar o colapso no sistema de saúde fluminense. Antes, socorreu bibliotecas-parques que Pezão ameaçou fechar por falta de verba para mantê-las.
A publicidade municipal tem focado na divulgação do que Paes chama de legado da Olimpíada. Os anúncios exaltam as obras viárias e a revitalização da zona portuária. A principal peça é a do personagem "O Explicador", que aborda transeuntes e explica os benefícios das obras.
Paes tem buscado "nacionalizar" o discurso de defesa da Olimpíada, comparando a organização do evento à Copa do Mundo de 2014.
"A Copa não foi uma boa história. A Olimpíada está mostrando uma boa história.
Um Brasil que entrega as obras no prazo e sem escândalo", afirmou neste ano.
O protagonismo de Paes tem incomodado o Planalto. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff dizem que os benefícios dos Jogos Olímpicos são pouco vinculados à União e que o peemedebista tem se beneficiado mais da divulgação do evento.
OUTRO LADO
A Prefeitura do Rio não se posicionou sobre o aumento de gastos com publicidade neste ano. De acordo com dados do município, a alta foi de 8% em relação a 2014.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do prefeito Eduardo Paes nesta segunda (28) para comentar a despesa, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
No início do ano, o município concluiu uma licitação para contratação de três agências de publicidade para gerir a divulgação das ações da prefeitura. O gasto previsto, por ano, era de R$ 150 milhões.
Na concorrência, as candidatas deveriam apresentar dez peças publicitárias cujo objetivo era convencer a população carioca de que as obras para a Olimpíada de 2016 estão no prazo certo e com mais investimentos privados do que públicos.