quinta-feira, 31 de outubro de 2024

J.R. Guzzo - Não à anistia: a vingança da esquerda disfarçada de “defesa da democracia”

 

Cartaz empunhado por participantes de manifestação pede liberdade e anistia aos presos do 8 de Janeiro.| Foto: João Pequeno


De todas as taras políticas que conduzem a política brasileira de hoje – e olhem que nunca houve tanta tara junta no mesmo momento –, uma das mais neuróticas é a guerra de Lula, do PT e da esquerda contra a anistia. Historicamente, e em condições mais ou menos normais do ponto de vista mental, as pessoas e organizações só se mobilizam em favor de anistias. No Brasil de Lula é o exato contrário – eles conseguiram montar uma cruzada colérica contra a anistia. Negam a possibilidade de qualquer tipo de concórdia. Não abrem mão da vingança – e chamam isso de “defesa da democracia”.

É, sem dúvida, um dos momentos mais baixos na história da esquerda nacional. Sua posição não é apenas um monumento ao ódio. É, talvez pior ainda do que isso, um grave distúrbio cognitivo. A anistia aos presos do “8 de janeiro” é muito mais que um gesto de perdão: é a solução para eliminar a maior infâmia já cometida pelo Sistema de Justiça do Brasil, com suas histéricas condenações a pobres coitados que fizeram um quebra-quebra em Brasília e estão sendo punidos pelo crime de “golpe de Estado”. Mais ainda: estão sendo punidos por “golpe de Estado” e “abolição violenta do Estado de Direito” ao mesmo tempo, como se alguém fosse capaz de fazer uma coisa dessas.


Não aceitam, de jeito nenhum, desfazer a injustiça que está sendo cometida contra o cidadão comum. Esse cidadão arrasou a esquerda na última eleição. É hoje a grande assombração para Lula e o seu consórcio

A anistia em discussão na Câmara dos Deputados, na verdade, nem é uma anistia no sentido correto dessa palavra. Anistia é perdão para crimes que foram cometidos, e na baderna do “8 de janeiro” os baderneiros não cometeram o crime de golpe de Estado que lhes é imputado. No caso, o que está sendo solicitado é um perdão para quem não pecou. É a correção de um absurdo judicial, e não uma ação política. No fundo, é a maneira mais eficaz e mais discreta de consertar o erro do Supremo nesses processos que ficarão para sempre como uma vergonha para a Justiça brasileira. Mas nem isso eles aceitam. Ao contrário, ao combater a anistia, fazem questão de deixar essa vergonha em exibição pública.

Afirmar, numa sentença da mais alta corte de Justiça do Brasil, que estilingues e bolas de gude são armas usadas para dar um “gole de Estado”, é ou não é uma vergonha? Foi o que fez o ministro Alexandre de Moraes em sua última bateria de condenações. E que tal dizer, como fez o mesmo ministro, que um tubo de batom é uma arma que contém “substância inflamável”? É ou não é uma vergonha condenar a até 17 anos de prisão uma multidão de motoboys, barbeiros, encanadores, vendedores ambulantes ou manicures – como se fosse possível, materialmente, essa gente derrotar o Exército Brasileiro e derrubar o “governo democrático” de Lula.

A anistia serviria para conduzir ao esquecimento essa coleção de decisões doentes. Também serviria, além de dar liberdade a inocentes, para anistiar os próprios ministros que tiveram a responsabilidade por elas. Mas não – querem transformar atos juridicamente monstruosos num poema da “democracia”. Não há, entre as vítimas do STF, nenhuma pessoa, mas nenhuma mesmo, que tenha dinheiro, influência ou posição social. Ninguém ali é de qualquer tipo de elite.

São todos simples, humildes, sem relações com gente importante, sem advogados caros – um retrato, em suma, do sujeito que vive nas castas inferiores da sociedade brasileira. São eles, justamente, os inimigos mais odiados por Lula, pelo PT e pela esquerda. Podem conversar até com Jair Bolsonaro. Mas não aceitam, de jeito nenhum, desfazer a injustiça que está sendo cometida contra o cidadão comum. Esse cidadão arrasou a esquerda na última eleição. É hoje a grande assombração para Lula e o seu consórcio.




J.R. Guzzo, Gazeta do P:ovo

Gangues em guerra - Ditadura de Maduro manda recado a Lula: 'Quem mexe com a Venezuela se dá mal'

 Ânimos entre os países se acirraram depois do veto à entrada de Caracas no Brics


Governo Maduro provoca Lula: 'Não dependemos nem do Brasil nem de ninguém' | Foto: Reprodução/Redes sociais 


A Polícia Nacional Bolivariana, órgão gerido pela ditadura de Nicolás Maduro, publicou na madrugada desta quinta-feira, 31, uma imagem com a silhueta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a bandeira brasileira, com a mensagem “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”. Embora a imagem publicada não mostre Lula explicitamente, é perceptível que se trata de uma foto adulterada do petista.  “Nossa pátria é independente, livre e soberana”, diz a legenda da postagem. “Não aceitamos chantagens de ninguém, não somos colônia de ninguém. Estamos destinados a vencer.” 

A publicação também foi divulgada no perfil Con el Mazo Dando, mesmo nome do programa de entrevistas conduzido desde 2014 por Diosdado Cabello, ministro do Interior do país, na rede estatal de televisão Corporación Venezolana de Televisión. Horas depois, esse mesmo perfil foi mais explícito em sua crítica: “Não dependemos nem do Brasil nem de ninguém”. As relações entre Brasil e Venezuela se enfraqueceram em julho deste ano, depois das eleições na Venezuela terem supostamente sido vencidas por Nicolás Maduro, acusado internacionalmente de fraudar o processo eleitoral. A situação se agravou quando o Brasil vetou a entrada de Caracas nos Brics, no último encontro do bloco.

Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e figura importante no governo de Maduro, anunciou que solicitará ao Legislativo que declare o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, “persona non grata” no país. Ele também criticou sua “posição absolutamente subserviente aos interesses do império agressor” contra a Venezuela

Maduro retira embaixador no Brasil 

A Venezuela convocou seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para consultas, nesta quarta-feira, 30. A ditadura de Maduro demonstrou descontentamento com o que descreveu como “grosserias” do governo brasileiro e utilizou como argumento a postura do assessor de assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim. Ao se referir a Amorim como uma voz autorizada pelo governo, em nota, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano o definiu como “um mensageiro do imperialismo norte-americano”. Também foi chamado, para uma conversa com autoridades do ministério, o encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Venezuela, Breno Hermann 


Revista Oeste

PAUL McCARTNEY AT KENNEDY CENTER HONORS

'Faroeste à Brasileira' - Revista Oeste - Tiago Pavinatto e convidados condenam a bandalheira do 'cartel Lula-STF'

Morre Arthur Moreira Lima, um dos maiores músicos da História

 

Arthur Moreira Lima foi um dos maiores pianistas de todos oss tempos - Foto: redes sociais


Arthur vestindo sua paixão.

Faleceu  nesta quarta-feira (30) em Florianópolis, onde viveu por mais de  trinta anos, o pianista carioca Arthur Moreira Lima, um dos mais  talentosos e admirados músicos da História. A informação foi confirmada por familiares.

Arthur morreu aos 84 anos quando lutava contra o câncer no intestino, diagnosticado no ano passado, e estava internado há duas semanas no Imperial Hospital de Caridade.

Além da música e especialmente o piano, o time carioca do Fluminense foi uma de suas grandes paixões.

O velório dele será na quinta-feira (31), das 12h às 16h, no Jardim da Paz, também em Florianópolis. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 1940.

Arthur Moreira Lima começou a estudar piano aos seis anos de idade e se projetou internacionalmente ao conquistar o segundo lugar na Competição Internacional de Piano Frédéric Chopin, em 1965.

Ouça o hino do Fluminense com Arthur Moreira Lima ao piano: 


Revista Oeste

No 'governo Lula', CGU registra queda em operações de combate à corrupção. Surpresa zero. Foi posto na presidência da República pelos comparsas do STF para isso mesmo

 Dados da Controladoria-Geral da União mostram que, até 23 de outubro, o ano registrou apenas 33 investigações; com Bolsonaro, a média era 66


Reprodução


Desde que o governo Lula assumiu o poder, a Controladoria-Geral da União (CGU) registrou uma queda expressiva nas operações especiais de combate à corrupção. Em comparação, durante o governo Bolsonaro, a média era de 66 operações anuais. Em 2023, primeiro ano da nova gestão do petista, esse número caiu para 37. Até 23 de outubro de 2024, o ano registrou apenas 33 operações, conforme dados da CGU. Essas operações, iniciadas em 2003, são realizadas em colaboração com órgãos como a Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público, Tribunais de Contas e o O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

Um exemplo de investigação bem-sucedida foi a descoberta de superfaturamento em contratos de saúde na Prefeitura de São Gonçalo (RJ). As perdas somaram R$ 10 milhões. Em 2023 e 2024, os desvios detectados somaram R$ 435,6 milhões e R$ 151,4 milhões, respectivamente. O resultado do primeiro ano da gestão petista superou a média dos quatro anos de governo Bolsonaro, de R$ 306 milhões.

No entanto, o número de operações no governo Lula é o menor registrado desde 2015, durante o mandato de Dilma Rousseff.

O recorde de operações ocorreu em 2020 e 2021, no governo Bolsonaro, com 96 e 64 operações, respectivamente. À época, a CGU focou o monitoramento de gastos emergenciais da covid-19, frequentemente realizados sem licitação — isso gerou suspeitas de desvios. A queda no número de operações coincide com a reformulação interna da CGU. 

Em 2023, o órgão extinguiu a Secretaria de Combate à Corrupção e incorporou suas funções à Secretaria Federal de Controle Interno. A ação exigiu que auditores conciliassem investigações com a avaliação de programas governamentais. 

Técnicos do governo acreditam que o foco no combate à corrupção diminuiu. “Não há vontade política no governo Lula de enfrentar o combate à corrupção”, afirmou ao jornal O Globo uma fonte próxima à CGU. “Não é prioridade. Parece haver um ressentimento em relação à Lava Jato que acaba impactando esse compromisso.” 

De acordo com a CGU, 30% das operações são iniciadas internamente, através de auditorias e denúncias feitas pelo canal Fala.BR. No entanto, 70% das operações resultam de colaborações com a Polícia Federal e Ministérios Públicos.

 
Com Revista Oeste


Em tempo: O descondenado foi posto na presidência da República pelo STF para isso mesmo. Alguém sério duvida?  

'Oeste Sem Filtro' - Revista Oeste - Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Silvio Navarro, Adalberto Piotto, Rodrigo Constantino e Paula Leal analisam o retorno escancarado da corrupção sob o 'cartel Lula-STF'. Descaradamente, integrantes da 'corte' estimulam a roubalheira. O crime compensa...

News da Manhã Brasil – Alexandre Pittoli - Rádio AuriVerde

Lula passou vergonha adulando Maduro e agora vira alvo de insultos do ditador

 

Lula sempre bajulou o ditador Nicolás Maduro, da Venezuela


Após se “queimar” na comunidade internacional pela omissão diante da escandalosa fraude eleitoral na Venezuela, o presidente Lula (PT) passou a ser atacado pelo ditador que protege e bajula, agora enfurecido porque o governo petista não retirou o veto ao ingresso venezuelano no grupo do Brics. O veto foi imposto pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) a Venezuela e Nicarágua, mas Lula resolveu não mexer nisso, na cúpula de Kazan, tentando não se desgastar ainda mais perante o mundo.

Bem feito

Sobrou até para Celso Amorim, ideólogo da bajulação a ditadores “de esquerda”, as críticas de Maduro na nota de convocação do embaixador.

Rompimento?

Chamando seu embaixador no Brasil para “consultas”, Maduro sinalizou que pode levar sua fúria ao extremo de romper relações diplomáticas.

‘Farsante’

Maduro mandou seu chanceler e o procurador-geral chamar Lula de mentiroso e farsante, por “encenar” um acidente para não ir a Kazan.

Ameaça a asilados

O Itamaraty acha que o ditador até retire a embaixada da Argentina em Caracas da tutela brasileira, abrindo caminho para prender asilados.

Diário do Poder

Depoimento do ex-morador de rua absolvido pelo 8 de janeiro - Tentativa de golpe com algodão doce e caldo de cana

 Wagner de Oliveira disse não guardar mágoas de ninguém, apesar de ter ficado com o equipamento dois meses além do prazo necessário


Reprodução

Na terça-feira 29, o ex-morador de rua Wagner de Oliveira, de 50 anos, ficou livre da tornozeleira eletrônica que usava desde 8 de janeiro de 2023, em virtude da manifestação em Brasília. Mesmo absolvido em agosto deste ano e com a certidão de trânsito em julgado publicada em setembro, Oliveira ainda usava a tornozeleira. A Justiça reconheceu não haver provas contra ele, que frequentava o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército apenas para se alimentar e ter companhia. Ele descobriu que havia sido inocentado durante uma conversa com a reportagem, que o procurou para saber como estava a vida fora do cárcere. 

Nem a Defensoria Pública da União (DPU) que cuida do caso dele, o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Tribunal de Justiça do Distrito Federal o informaram a respeito do veredito. Depois da denúncia de Oeste, a DPU acionou imediatamente o ministro do STF Alexandre de Moraes e pediu a remoção da  tornozeleira. Dessa forma, a polícia cumpriu a ordem do juiz do STF. “Não tenho mágoas, nem rancor de ninguém”, disse Oliveira, em um vídeo de agradecimento enviado à coluna (veja o vídeo abaixo).

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A coluna No Ponto analisa e traz informações diárias sobre tudo o que acontece nos bastidores do poder no Brasil e que podem influenciar nos rumos da política e da economia. Para envio de sugestões de pautas e reportagens, entre em contato com a nossa equipe pelo e-mail noponto@revistaoeste.com. 

Revista Oeste

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

'Faroeste à Brasileira' - Revista Oeste - Tiago Pavinatto e convidados comentam a tragédia do desgoverno do 'cartel Lula-STF'

Câmara derruba taxação de ‘grandes fortunas’, que fracassou mundo afora

 Onde a taxação foi adotada, as grande fortunas migraram para países que as protegem, como os EUA



A Câmara dos Deputados rejeitou por 262 a 136 votos uma proposta do Psol que tentava criar um imposto sobre grandes fortunas. O Psol quase não tem votos no Congresso e não conseguiu eleger um só prefeito nas últimas eleições.

Somente parlamentares de esquerda queriam a cobrança, rejeitada pela maioria dos deputados do centro e da direita, representantes do setor político que teve ampla maioria de votos no País, nas eleições municipais deste ano.

Essa bandeira esquerdis fracassou em todos os lugares onde foi implantada porque os detentores de grande fortunas simplesmente transferiram o patrimônio para países, como os Estados Unidos. Esses países ficaram ainda mais ricos, enquanto aqueles que resolveram perseguiram os mais ricos ficaram ainda mais pobres.

Os parlamentares derrotados tentaram aprovar a medida por meio de uma emenda à regulamentação da reforma tributária, finalmente aprovada em votação simbólica.

Os esquerdistas derrotados queriam taxar ainda mais, para além dos elevados impostos que já pagam, aqueles que tivessem patrimônio acima de R$10 milhões já a partir de janeiro próximo.


Gazeta do Povo

J.R. Guzzo: O STF legalizou a corrupção

Os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes tornaram a roubalheira uma atividade lícita em todo o território nacional


Texto publicado originalmente no O Estado de S. Paulo 


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O Supremo Tribunal Federal do Brasil tornou-se a única Corte de Justiça do mundo que legalizou, juridicamente, a corrupção. Não há países que legalizaram o consumo de maconha, por exemplo, ou a eutanásia? Pois então: o STF, sobretudo através da obra doutrinária e da sólida jurisprudência que foram criadas pelos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, tornou a corrupção uma atividade lícita em todo o território nacional. É a maior contribuição que os juristas brasileiros já deram à Ciência do Direito mundial. 

O STF e as esquadras de vigilantes que operam em sua defesa sustentam que essa e outras constatações factuais (ou “fáticas”, como dizem em seu patuá) a respeito da sua conduta são um “ataque ao Poder Judiciário”. Fazem parte de uma grande articulação “antidemocrática” da extrema direita para dar um golpe de Estado no Brasil e abolir o regime democrático “de direito” — possivelmente em favor de uma ditadura de Jair Bolsonaro e em obediência a instruções das mesmas CIA e FBI. que criaram a Operação Lava Jato para “prejudicar a Petrobras” e agredir a “soberania nacional”. É uma alucinação. 

Mas é isso o que dizem. + Leia notícias de Política em Oeste Não se trata, já há muito tempo, de expor com provas físicas, e à luz do sol, a militância aberta e implacável do STF em favor da ladroagem e dos ladrões. Chegamos, agora, à fase de bater os últimos pregos do caixão. O ministro Gilmar Mendes, depois de tudo o que fizeram, foi capaz de anular todas as provas de corrupção contra o ideólogo-chefe do PT, José Dirceu — preso não menos que três vezes, em ocasiões e por gatunagens diferentes. Na verdade, Gilmar Mendes “confirmou o apronto”, como se dizia antigamente no turfe. Apenas repetiu o que eles fazem sistematicamente; o estranho seria agir de outra maneira.

A anistia particular do ministro para Dirceu é o Everest na histórica escalada do STF para a sua posição atual de Vara Nacional de Assistência à Corrupção e aos Corruptos. É muito simples. O Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, segundo os rankings de todas as organizações mundiais sérias que medem índices de, digamos, uma espécie de S&P ou Moody’s da roubalheira. Mas não há um único preso por corrupção em todo o sistema penitenciário do Brasil. Como é possível um fenômeno desses? Resposta: por causa do STF. A regra é clara. Você roubou? Então vá ao Supremo que lá eles resolvem o seu problema.

O STF não falha nunca Não falharam nenhuma vez, até hoje — desde, é claro, que o ladrão conte com a benção do “campo progressista”. Não existem casos impossíveis ali. O ex-governador Sérgio Cabral, por exemplo: foi condenado por corrupção confessa, e com excesso de provas, a 400 anos de cadeia. O STF mandou soltar. 

O presidente Lula, padroeiro de todos eles, foi condenado em três instâncias sucessivas e por nove juízes diferentes por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ministro Edson Fachin mandou soltar. 

Os empresários da Odebrecht e da J&F roubaram, confessaram e aceitaram pagar cerca de R$ 20 bilhões, por aí, para sair do xadrez. O ministro Dias Toffoli mandou devolver o dinheiro — de forma que eles nem ficaram presos e nem pagaram um tostão. Gilmar Mendes mandou soltar três vezes seguidas um acusado de corrupção no Rio de Janeiro; o homem é pai da afilhada de casamento do ministro. 

A lista não acaba mais. O STF pede, simplesmente, que você acredite no seguinte: todos os acusados de corrupção neste país são inocentes, sem exceção. Ninguém rouba no Brasil. É tudo mentira.

Na ótica do STF, na verdade, o caso contra Dirceu era uma injustiça a ser corrigida: se liberou geral para todo mundo, por que não para ele? É nesse nível, hoje, que está a nossa ciência jurídica. É um caldo ruim, que deixa uma pergunta ruim: como é possível respeitar um tribunal de Justiça que se transformou, pelo que demonstram objetivamente as suas sentenças, no paraíso da corrupção no Brasil? 

Isso não tem nada a ver com fake news, com “milícias digitais”, com “o golpe do 8 de janeiro”, com a extrema direita, com “atos antidemocráticos” ou com os atestados de vacina do ex-presidente. É proteção ao crime, sem vergonha nenhuma e na frente de todo mundo. A anulação de todas as provas contra Dirceu, e sua canonização como mártir da Lava Jato, é um atestado de óbito do STF como instituição — mais um. 

O Supremo não é mais a instância máxima do sistema Judiciário. É um aparelho político, que serve o governo Lula e é servido por ele. É garantido pela força armada do Exército e da Polícia Federal, hoje reduzidos à condição de empresas privadas de segurança dos ministros — e não mais pela força da lei. Seus nutrientes são os serviços de propaganda que mantêm na imprensa, os escritórios de advocacia criminal para corruptos milionários e os escroques que controlam o Congresso Nacional.

É este o Brasil “recivilizado” do ministro Barroso. Comenta-se, agora, que Dirceu está de novo em condições de ser o grande cérebro, articulador e faz-tudo da reeleição de Lula em 2026, e que o STF está fechado com ambos e com seu projeto de ficar 12 anos no governo. Tem de ser mesmo por aí. O consórcio STF-TSE colocou Lula na Presidência em 2022; o próprio Gilmar Mendes disse isso, para efeito prático. 

Vai ter de repetir a dose, porque com o eleitor, mesmo, Lula não consegue resolver nada. Os resultados da eleição municipal estão aí. Há um esforço gigante, depois da derrota, em dizer que Lula na verdade não perdeu. “Preferiu” não se expor. Não é mais da extrema esquerda: agora é um homem “de centro”. 

Sua grande força atual não é mais o PT. É o PSD de Gilberto Kassab. É o centrão de Artur Lira, Rodrigo Pacheco e outros ases do seu “projeto de país”. No mundo das realidades, seu partido ficou com 5% das prefeituras, ganhou em uma das 27 capitais e foi extinto em São Paulo. Mas já faz muito tempo que Lula não está mais interessado em eleitor. O seu negócio é o STF, o “centrão” e a ladroagem. Ou vai com eles, ou não tem jogo. 

J.R. Guzzo, Revista Oeste

Piloto que treinou atores de Top Gun: Maverick morre em acidente aéreo

 Chuck Coleman tinha 61 anos e faleceu enquanto fazia acrobacias em um evento


Reprodução

Charles Thomas “Chuck” Coleman, piloto que treinou Tom Cruise e outros atores para Top Gun: Maverick (2022), faleceu em um acidente aéreo. O incidente aconteceu durante acrobacias no Aeroporto Internacional de Las Cruces, Novo México, Estados Unidos. Coleman, de 61 anos, estava sozinho no monomotor quando a aeronave caiu durante a Las Cruces Air and Space Expo. Autoridades locais, a Administração Federal de Aviação (FAA) e o Conselho Nacional de Segurança em Transportes (NTSB) estão investigando o acidente. 

O prefeito de Las Cruces, Eric Enriquez, declarou: “Infelizmente, tivemos um final trágico para nossa Air and Space Expo. Gostaríamos de estender nossas mais profundas condolências aos entes queridos e fãs de Chuck Coleman”. \

Coleman era um engenheiro e piloto experiente, acumulando mais de 10 mil horas de voo. Ele participou de centenas de shows aéreos e conduziu mais de 3 mil voos em aeronaves acrobáticas. Seu legado é amplamente reconhecido no meio aeronáutico, conforme descrito em seu site oficial. 

Contribuição de Chuck Coleman para Top Gun: Maverick

Chuck Coleman contribuiu significativamente para as cenas de voo realistas em Top Gun: Maverick. Ele atuou como consultor e instrutor de voo para o elenco, ensinando os atores a lidar com as forças de gravidade (G-forces) e outros desafios físicos associados aos voos em alta velocidade. Além disso, Coleman ajudou na coordenação das cenas aéreas, orientando sobre manobras específicas e ajudando a garantir que os voos parecessem autênticos e empolgantes. 

Sua experiência foi crucial para treinar os atores em como manter uma aparência realista ao enfrentar forças intensas de aceleração e também para garantir a segurança durante as filmagens.

Revista Oeste

Alexandre de Moraes cita estilingues e bolas de gude ao condenar réus do 8/1 a 12 anos por golpe de Estado e outros crimes

 STF definiu o destino de mais 14 pessoas em novo julgamento


Reprodução


No julgamento sobre o 8 de janeiro que terminou em 25 de outubro, no Supremo Tribunal Federal (STF), dois dos 14 condenados pegaram 12 anos de prisão, pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, além do pagamento de indenização de R$ 30 milhões. O voto vitorioso do relator desses processos na Corte, Alexandre de Moraes, citou alguns elementos que embasaram seu veredito. 

Conforme Moraes, ambos foram detidos com armas brancas, como pedaços de madeira, estilingues, bolas de gude e esferas de aço. Em depoimento, os homens disseram que carregavam os itens para se defender da polícia, em eventual confronto. 

“Essencial destacar que as narrativas das testemunhas ratificam o intuito comum à atuação da horda invasora e golpista, direcionado ouça este conteúdo readme 1.0x Olá,Jose 30/10/2024, 18:21 Alexandre de Moraes cita 'estilingues' em condenações do 8/1  ao questionamento do resultado das urnas, à derrubada do governo recém-empossado e à ruptura institucional”, observou o magistrado. Divergência de Barroso com Alexandre de Moraes.

Durante o julgamento, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, discordou de Moraes nos dois casos. Na maioria das vezes, o ministro fecha com o magistrado nas condenações ou, em outros momentos, segue o colega, no entanto, com algumas ressalvas. “Divirjo parcialmente do eminente relator, unicamente para afastar a condenação pelo delito previsto no art. 359-L do Código Penal (abolição violenta do Estado Democrático de Direito)”, escreveu Barroso, na ação de um homem que acabou condenado a 12 anos. 

“Conforme já destaquei em casos semelhantes, a meu sentir, as circunstâncias factuais objetivas descritas nos autos se amoldam unicamente ao disposto no art. 359-M do Código Penal (Golpe de Estado), e não aos dois tipos penais concomitantemente, considerada a tentativa de deposição do governo legitimamente constituído, por meio de violência ou grave ameaça. Assim, deixo de condenar o réu pelo crime previsto no art. 359-L do Código Penal, excluindo-se o quantum de pena correspondente.” 

O veredito de Barroso se repetiu no caso de outro homem também condenado a 12 anos. Leia também: “Perseguidos pelo STF” , reportagem publicada na Edição 240 da Revista Oeste A coluna No Ponto analisa e traz informações diárias sobre tudo o que acontece nos bastidores do poder no Brasil e que podem influenciar nos rumos da política e da economia. Para envio de sugestões de pautas e reportagens, entre em contato com a nossa equipe pelo e-mail noponto@revistaoeste.com. 

Revista Oeste

Moraes cita estilingues e bolas de gude ao condenar réus do 8/1 a 12 anos por golpe de Estado e outros crimes

 STF definiu o destino de mais 14 vítimas em novo 'julgamento'


Reprodução

No julgamento sobre o 8 de janeiro que terminou em 25 de outubro, no Supremo Tribunal Federal (STF), dois dos 14 condenados pegaram 12 anos de prisão, pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, além do pagamento de indenização de R$ 30 milhões. O voto vitorioso do relator desses processos na Corte, Alexandre de Moraes, citou alguns elementos que embasaram seu veredito. Conforme Moraes, ambos foram detidos com armas brancas, como pedaços de madeira, estilingues, bolas de gude e esferas de aço. Em depoimento, os homens disseram que carregavam os itens para se defender da polícia, em eventual confronto. 

“Essencial destacar que as narrativas das testemunhas ratificam o intuito comum à atuação da horda invasora e golpista, direcionado ouça este conteúdo readme 1.0x Olá,Jose 30/10/2024, 17:58 Alexandre de Moraes cita 'estilingues' em condenações do 8/1 https://revistaoeste.com/no-ponto/alexandre-de-moraes-cita-estilingues-e-bolas-de-gude-ao-condenar-reus-do-8-1-a-12-anos-por-golpe-de-estad… 2/6 ao questionamento do resultado das urnas, à derrubada do governo recém-empossado e à ruptura institucional”, observou o magistrado. Divergência de Barroso com Alexandre de Moraes.

Durante o julgamento, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, discordou de Moraes nos dois casos. Na maioria das vezes, o ministro fecha com o magistrado nas condenações ou, em outros momentos, segue o colega, no entanto, com algumas ressalvas. “Divirjo parcialmente do eminente relator, unicamente para afastar a condenação pelo delito previsto no art. 359-L do Código Penal (abolição violenta do Estado Democrático de Direito)”, escreveu Barroso, na ação de um homem que acabou condenado a 12 anos. 

“Conforme já destaquei em casos semelhantes, a meu sentir, as circunstâncias factuais objetivas descritas nos autos se amoldam unicamente ao disposto no art. 359-M do Código Penal (Golpe de Estado), e não aos dois tipos penais concomitantemente, considerada a tentativa de deposição do governo legitimamente constituído, por meio de violência ou grave ameaça. 

Assim, deixo de condenar o réu pelo crime previsto no art. 359-L do Código Penal, excluindo-se o quantum de pena correspondente.” O veredito de Barroso se repetiu no caso de outro homem também condenado a 12 anos.  A coluna No Ponto analisa e traz informações diárias sobre tudo o que acontece nos bastidores do poder no Brasil e que podem influenciar nos rumos da política e da economia. Para envio de sugestões de pautas e reportagens, entre em contato com a nossa equipe pelo e-mail noponto@revistaoeste.com. 

 

Com Revista Oeste

Oeste Sem Filtro' - Revista Oeste - Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Silvio Navarro, Adalberto Piotto e Paula Leal comentam a condenação de mais uma vítima do 'golpe do algodão doce' pelo 'cartel Lula STF. Álexandre de Moraes cita 'bola de gude' e 'estilingue' para expelir o voto

Almanaque CL News

'Faroeste à Brasileira' - Tiago Pavinatto e convidados 'analisam' a entrada no Planalto de uma mulher pelada. Lembrar que há poucos dias o descondenado Lula afirmou que no seu governo todos têm acesso livre... Se ele (Lula), Pacheco, Toffoli, Gilmar, Dino, Moraes...

A propósito, por falar no 'Barão de Itararé'...

 Barão de Itararé: a vida trágica e o humor anárquico de um ícone do jornalismo

Barão de Itararé (ao centro) em entrevista coletiva, em 1945

  • André Bernardo
  • Role,Do Rio de Janeiro para a BBC News Brasil

Na manhã de 19 de outubro de 1934, o jornalista gaúcho Apparício Torelly (1895-1971) saía de casa em Copacabana, no número 188 da rua Saint-Romain, rumo ao Centro, onde trabalhava, quando seu carro, um Chrysler, foi interceptado por dois veículos. Cinco homens, alguns deles armados, sequestraram o editor do Jornal do Povo.

"Tem família?", perguntou um dos sequestradores, já com os carros batendo em retirada. "Isso não vem ao caso", respondeu o sequestrado. "Nem é da conta dos senhores". "Escreva despedindo-se", continuou o sujeito. "É um favor que lhe prestamos". "Dispenso-o", retrucou a vítima.

Logo, Torelly descobriu que os homens que se diziam policiais eram, na verdade, oficiais da Marinha. Estavam indignados com a publicação de um folhetim sobre a Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro João Cândido (1880-1969), o Almirante Negro. Como Torelly se recusou a suspender a publicação, que denunciava os maus-tratos na Marinha, foi espancado.

Os sequestradores cortaram seus cabelos, furaram os pneus de seu carro e o abandonaram, quase nu, num local deserto. Na tarde daquele mesmo dia, uma sexta-feira, depois de voltar para a redação, Torelly pendurou, na porta de sua sala, uma placa com os dizeres: "Entre sem bater".

"O Barão é daqueles que começam uma partida do zero. É como se tivesse inventado as regras do jogo", afirma o jornalista Cláudio Figueiredo, autor da biografia Entre Sem Bater - A vida de Apparício Torelly - O Barão de Itararé (2012). "Foi muito mais do que 'frasista'. Foi um humorista revolucionário, anárquico, inovador. Colocar o foco sobre um único aspecto de sua obra seria como julgar Pelé por sua atuação no Cosmos, já no seu fim de carreira".

'Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades'

Fernando Apparício de Brinkerhoff Torelly nasceu no Rio Grande, município a 317 quilômetros de Porto Alegre (RS), no dia 29 de janeiro de 1895. Seu pai, João da Silva, era brasileiro, e sua mãe, Maria Amélia, uruguaia. O pequeno Apparício ainda não tinha completado dois anos quando a mãe, então com 18, tirou a própria vida, com um tiro na cabeça. Até hoje, não se sabe ao certo a razão do suicídio. Especula-se que tenha sido por causa do temperamento violento do marido.

Órfão de mãe, Apparício foi mandado para um colégio jesuíta em São Leopoldo. Apesar de sua pouca idade, já esbanjava a irreverência que o tornaria famoso. Tanto que foi lá, no Colégio Nossa Senhora da Conceição, que criou seu primeiro jornal de humor, o Capim Seco, totalmente escrito à mão.

Certa vez, o professor de português pediu a Apparício que conjugasse um verbo qualquer no tempo mais que perfeito. "O burro vergara ao peso da carga", respondeu o jovem. Nada demais, não fosse Oswaldo Vergara o nome do tal professor.

Antes de seguir carreira como jornalista, Apparício Torelly tentou a medicina. Tinha 17 anos quando se matriculou na Escola de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. Ao chegar atrasado a uma aula de anatomia, o professor Sarmento Leite pegou um fêmur e lhe perguntou: "O senhor conhece este osso?". Ainda ofegante, o estudante respondeu, estendendo a mão: "Não, muito prazer!".


Barão de Itararé (ao centro) conversando com Manuel Bandeira (à esq.)


Em outra ocasião, durante uma prova oral, o professor, vendo que Apparício não sabia as respostas, pediu, irônico, a um funcionário da faculdade: "Me traga um pouco de alfafa, por favor". "E, para mim, um cafezinho", completou o aluno que, no entanto, não chegou a concluir o curso e largou a faculdade em 1919.

"A vida do Barão de Itararé é cheia de passagens trágicas. A começar pelos seus problemas de saúde, como a hemiplegia (paralisia total ou parcial da metade lateral do corpo)", conta Mary Stela Surdi, mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a dissertação Barão de Itararé - A Linguagem do Humor (1998). "Desde muito jovem, foi preso e apanhou incontáveis vezes. Mas, sempre lidou com a perseguição político-ideológica com humor e inteligência".

'Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer'

Com passagem por diversos jornais e revistas, tanto da capital gaúcha quanto do interior do Estado, Apparício Torelly tentou a sorte no Rio de Janeiro. Na bagagem, trazia seu primeiro e único livro, Pontas de Cigarro, de poesia, de 1916, e seu primeiro jornal de humor, O Chico, que teve tiragem de oito mil exemplares, de 1918.

Aos 30 anos, foi bater à porta de O Globo. "O que quer fazer aqui?", perguntou o então dono do jornal, Irineu Marinho (1876-1925). "Qualquer trabalho serve", respondeu Apparício. "De varredor a diretor do jornal, até porque não vejo muita diferença". Sua primeira coluna, intitulada Despreso, foi publicada na versão matutina do jornal, em 10 de agosto de 1925.

Ao longo da carreira, Apparício Torelly teve dois pseudônimos: Apporelly, uma fusão de "Apparício" e "Torelly", e Barão de Itararé, o mais famoso deles, em homenagem à batalha que nunca aconteceu, na divisa entre São Paulo e Paraná, entre as tropas de Washington Luís e de Getúlio Vargas.

Com a morte de Irineu Marinho em 21 de agosto de 1925, vítima de infarto, Torelly migrou para as páginas do jornal A Manhã, de Mário Rodrigues (1885-1930), pai dos jornalistas Mário Filho (1908-1966) e Nelson Rodrigues (1912-1980). Batizada de Amanhã Tem Mais..., a coluna diária de Apporelly estreou em 2 de janeiro de 1926 e fez enorme sucesso entre os leitores.


Capa do Jornal A Manha, em 1945


"Eles não perdiam aquela saraivada de frases, versinhos e trocadilhos com nomes de políticos", afirma o jornalista e escritor Ruy Castro em O Anjo Pornográfico - A Vida de Nelson Rodrigues (1992). "Algumas das melhores frases já tinham sido inventadas por Bernard Shaw, Mark Twain ou Oscar Wilde, a quem Apporelly esquecia de citar. Outras, às vezes muito engraçadas, eram dele mesmo".

Entre outros trocadilhos famosos, Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954), líder da Revolução de 1930, virou "Getúlio Dor Neles Vargas" e Filinto Müller (1900-1973), o torturador do Estado Novo, "Filinto Mula". Sobre Getúlio, aliás, disse, certa ocasião: "Sabe como se chama nosso caro presidente? Gravata Preta. Adapta-se a qualquer roupa e a qualquer regime".

Além de fazer trocadilhos com nomes de políticos, Torelly se especializou em criar paródias para frases famosas. "Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos", do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), por exemplo, virou "Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mais vivos". Já o lema integralista "Deus, Pátria e Família", de Plínio Salgado (1895-1975), ganhou nova versão: "Adeus, Pátria e Família!".

Apenas quatro meses depois de começar a trabalhar no jornal A Manhã, Torelly decidiu fundar seu próprio jornal: A Manha. "O jornal de humor que ele criou e manteve com ímpeto quixotesco sobreviveu de 1926 a 1959", explica o jornalista Rodrigo Jacobus, Mestre em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a tese Um Nobre Bufão no Reino da Grande Imprensa (2010). "Ao longo desse período, pontuou com seu humor alguns dos maiores acontecimentos do século 20, como a Revolução de 30, o Estado Novo, a Segunda Guerra Mundial...".

Em 10 de outubro de 1929, A Manha passou a circular como suplemento do jornal Diário da Noite, do jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), o "Chatô". A sociedade, porém, durou pouco: cinco meses.

Além da edição diária, Torelly publicou, ainda, três números de Almanhaque, ou seja, o almanaque do jornal A Manha. Um número saiu em 1949 e dois, em 1955. Todos traziam jogos, piadas e adivinhações. Seu principal parceiro na nova empreitada foi o chargista e ilustrador paraguaio Andrés Guevara (1904-1963).

'Há qualquer coisa no ar além dos aviões de carreira'

Capa do Jornal A Manha


No dia 9 de dezembro de 1935, Apparício Torelly sofreu a primeira de suas muitas prisões. O motivo da detenção nunca foi totalmente esclarecido. Uma das hipóteses é pelo fato de ele ter sido um dos fundadores da Aliança Nacional Libertadora (ANL), no Rio de Janeiro. Na manhã seguinte, Torelly foi levado para um navio-presídio ancorado na Baía de Guanabara. Nem mesmo preso perdeu sua verve cômica. A certa altura, o comandante afirmou: "O senhor está convidado a depor". Nisso, o Barão respondeu, cínico como sempre: "Depor o governo? Me admira muito que o senhor tenha a coragem de fazer um convite desses".

Noutra ocasião, durante um interrogatório, ouviu do juiz Castro Nunes: "A que o senhor atribui sua prisão?". "Só posso atribuir ao fato de estar tomando um cafezinho", respondeu. "Na minha família, sempre disseram que café faz mal". No exato momento da prisão, Torelly estava em uma padaria, na avenida Rio Branco, tomando cafezinho.

No dia 21 de março de 1936, Apparício Torelly foi transferido para a Casa de Detenção, na rua Frei Caneca. Lá, dividiu cela, entre outros, com o jornalista e escritor Graciliano Ramos (1892-1953). "Aporelly contava piadas satirizando a situação política do país", conta o escritor e biógrafo Dênis de Moraes em O Velho Graça - Uma Biografia de Graciliano Ramos (2012). "Só se referia, por exemplo, ao carrancudo general Góis Monteiro como 'Gás Morteiro' e adorava compor paródias para músicas famosas como Cidade Maravilhosa".

Mas, aos poucos, a prisão começou a deixar marcas em Torelly. É o que relata Fábio César Alves, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), com a tese Vivência, Reflexão e Combate: Sobre Memórias do Cárcere (2013). A obra-prima de Graciliano, explica o pesquisador, revela o quanto a prisão destruiu Aparício Torelly. "De dia, era aparentemente alegre. Mas, à noite, passava muito mal. A ponto de sofrer tremores e ranger os dentes. O que obrigava o Graciliano a agarrá-lo até que se acalmasse".


Solto em dezembro de 1936, já ostentando sua famosa barba, Torelly virou-se para o amigo e disse, com indisfarçável admiração: "Às vezes, tenho vontade de partir-lhe a cabeça só para ver o que tem dentro".

Ficha policial do Barão de Itararé em 1939

'Um dia é da caça... Os outros da cassação!'


Graciliano Ramos não foi o único escritor famoso que Apparício Torelly conheceu. No jornal A Manha, trabalhou ao lado de Rubem Braga (1913-1990), José Lins do Rego (1901-1957) e Marques Rebelo (1907-1973). No caso de Jorge Amado (1912-2001), foi Torelly quem apresentou o escritor baiano a sua futura mulher, Zélia Gattai (1916-2008). Foi em janeiro de 1945, durante o 1° Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo. O encontro se deu na Boate Bambu. "Me apresente à moça, Barão", pediu Amado. E, assim, os dois se conheceram.

"Não houve no Brasil, na década de 1940, escritor mais unanimemente lido e admirado do que o humorista cujo riso, ao mesmo tempo bonachão e ferino, fazia a crítica aguda e mordaz da sociedade brasileira e lutava pelas causas populares", declarou Jorge Amado, em 1985. "Mais do que um pseudônimo, o Barão de Itararé foi um personagem vivo e atuante, uma espécie de Dom Quixote nacional, malandro, generoso e gozador, a lutar contra as mazelas e os malfeitos".

Em novembro de 1946, Torelly arriscou-se na carreira política. Em tempos de falta d'água e de leite adulterado, adotou como lema de campanha: "Mais água! Mais leite! Mas menos água no leite!". Deu certo. Com 3,6 mil votos, elegeu-se vereador pelo PCB. Certa ocasião, ouviu de um parlamentar: "O que Vossa Excelência fala entra por um ouvido e sai pelo outro". "Impossível, excelência", rebateu o Barão. "O som não se propaga no vácuo".

Em maio de 1947, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro do PCB. Com isso, Torelly perdeu seu mandato. "Na época, emissoras de rádio transmitiam os discursos dos vereadores", relata o jornalista Mouzar Benedito, autor de Barão de Itararé: Herói de Três Séculos (2007). "Quando discursava, lavadeiras e operários paravam de trabalhar para ouvir o Barão. Em seu discurso de despedida, disse: 'Deixo a vida pública para entrar na privada'".

'O que se leva dessa vida é a vida que a gente leva'


Barão de Itararé com Andrés Guevara, em 1949


No dia 12 de janeiro de 1965, Torelly sofreu mais um duro golpe. Sua companheira, Aída Costa, encharcou as roupas de álcool e ateou fogo ao corpo. Foi a quinta tragédia pessoal que Torelly sofreu em sua vida: em 1897, perdeu a mãe; em 1935, Zoraide, sua segunda mulher, vítima de câncer; em 1939, Juracy, sua terceira mulher, de leucemia; em 1944, Ady, sua filha, de problemas no coração e apendicite; e em 1965, Aída, por suicídio.

Recluso, Apparício Torelly morreu enquanto dormia no dia 27 de novembro de 1971, aos 76 anos, há exato meio século. Ele morava, sozinho, num apartamento de quatro cômodos, todos abarrotados de livros, revistas e jornais, no bairro de Laranjeiras, Zona Sul do Rio. No atestado de óbito, "arteriosclerose cerebral, seguida de coma diabético".

Apparício Torelly deixou três filhos: Arly, Ady e Ary, frutos de seu primeiro casamento, com Alzira Alves. Os sucessores são incontáveis. Os mais famosos, na opinião de Jorge Amado, foram o Stanislaw Ponte Preta, criado por Sérgio Porto (1923-1968), e o Analista de Bagé, de Luís Fernando Veríssimo. Mas, houve outros, conforme lista o jornalista e escritor Luís Pimentel em Entre Sem Bater - O Humor na Imprensa (2004): da revista Pif-Paf, de Millôr Fernandes (1923-2012), a Bundas, do cartunista Ziraldo.

"O pessoal do Pasquim assumia ser 'neto' do Barão e 'filho' do Stanislaw Ponte Preta", observa o designer gráfico Sérgio Papi, responsável, ao lado de José Mendes André, pelo relançamento dos três volumes do Almanhaque, entre 1989 e 1995. "Não por coincidência, o jornalista Sérgio Porto foi 'foca' (jornalista iniciante) do Apparício no jornal Folha do Povo". Reza a lenda que foi o Barão quem convenceu Sérgio Porto, que estreou no jornalismo como crítico de cinema, de que tinha vocação para o humor.

Dez máximas do Barão de Itararé:

1. "De onde menos se espera, daí é que não sai nada."

2. "Quando pobre come frango, um dos dois está doente."

3. "Tempo é dinheiro. Vamos, então, pagar as nossas dívidas com o tempo."

4. "O fígado faz muito mal à bebida."

5. "Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados."

6. "Para este mundo ficar bom, é preciso fazer outro."

7. "Quem foi mordido por cobra tem medo até de minhoca."

8. "Sabendo levá-la, a vida é melhor do que a morte."

9. "O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro."

10. "Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato."

Com BBC News Brasil