segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Juros baixos reduzem lucro da agiotagem do “crédito” de bancos, por J.R. Guzzo

Que tal fazer um pequeno esforço para não perder tempo com discussão “econômica” cretina? Trata-se, muito simplesmente, de ter presente na cabeça a seguinte regrinha: tudo o que é bom para o Brasil de hoje, em termos de gestão financeira, é ruim para os bancos, os “rentistas” que vivem de emprestar dinheiro para o governo, sem risco nenhum, e a esquerda do ex-presidente Lula.
Não há mistério algum nisso aí. A queda da taxa de juros para 5% ao ano, coisa que não ocorria neste país há mais de 30 anos, reduz o lucro das atividades de agiotagem que os bancos chamam de “crédito” — dos empréstimos do cheque especial ao parcelamento das faturas dos cartões. Para os que vivem de aplicar dinheiro a juro também é ruim — vão ganhar menos pelo capital investido.
Para o consórcio Lula-PT e o centro “não polarizado”, enfim, é outro desastre: juros baixos (e eles vão baixar mais ainda no ano que vem) significam desembolso menor, talvez brutalmente menor, das somas gastas pelo governo para pagar, dia após dia, os juros da dívida pública.
Menos gasto do governo com pagamento de juros significa mais recursos para ativar a economia — e o sucesso econômico do governo, hoje, é sinônimo de morte política para Lula, a esquerda e “o centro democrático”.
Dos US$ 500 bilhões que saem do seu bolso todos os anos, na forma de impostos, para pagar “o serviço” da dívida pública, vai sumir uma fortuna — ela deixará de ser gasta com juros, e de encher o bolso de quem ganha com o déficit do governo, e irá para atividades mais produtivas.
Quanto, exatamente? Não se sabe. Há muita conta sendo feita neste momento dentro da área econômica, nos bancos e nas empresas financeiras, mas uma coisa é certa: esqueça aqueles US$ 500 bilhões que um dia iam virar 600, 700 e sabe Deus quanto.
Nunca mais vai se gastar dinheiro deste tamanho com a dívida — mesmo porque, além da redução dos juros, há outras fórmulas para abater o montante devido e com isso reduzir as importâncias a serem pagas.
Há a possibilidade de vender parte das reservas em divisas, por exemplo, e de transferir para o Tesouro Nacional recursos de estatais como BNDES, Bando do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF) e outros. O governo tem de dar errado? Então, é preciso ir pensando em outra coisa. Por aí a porta está fechada.

Metrópoles