Uma rebelião em um presídio de Manaus decorrente de uma briga de facções deixou cerca de 60 mortos, disse nesta segunda-feira o secretário de Segurança Pública do Estado do Amazonas, Sérgio Fontes.
O motim teve início no domingo e só foi encerrado na manhã desta segunda, após uma negociação entre as autoridades e os presos que comandavam a rebelião, segundo o secretário, que acrescentou que cerca de 70 presos e 12 funcionários foram feitos reféns pelos detentos.
"Essa briga de facção gerou uma quantidade grande de mortos", disse o secretário em entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle em Manaus, transmitida ao vivo pela rádio CBN.
De acordo com o secretário de segurança, não houve invasão do Complexo Penitenciário Anísio Jobim por parte das forças de segurança do Estado.
"A opção de invasão não foi considerada viável, até porque as consequências seriam imprevisíveis, então nós optamos pela negociação", afirmou. "Isso não quer dizer que não vai haver responsabilização. Obviamente os presos que cometeram os assassinatos serão responsabilizados".
Um vídeo publicado no site do jornal local Em Tempo mostrou as imagens de diversos corpos ensanguentados e desmembrados em cima uns dos outros no chão do presídio.
Segundo o secretário de segurança, há informações sobre fugas de presos durante o motim, mas ainda não se sabe quantos detentos teriam escapado. Uma recontagem dos presos será realizada, afirmou.
O Ministério da Justiça afirmou em nota nesta segunda-feira que o ministro Alexandre de Moraes colocou à disposição das autoridades amazonenses a possibilidade de transferências de presos para presídios federais, além do envio ao Estado da Força Nacional.
Diversas rebeliões têm sido registradas em cadeias do país nos últimos anos, em meio a denúncias de entidades de direitos humanos sobre a superlotação e falta de funcionários suficientes nos presídios.
A ONG de direitos humanos Human Rights Watch pediu que autoridades brasileiras conduzam uma reforma no sistema prisional, considerado pela entidade como “um desastre de direitos humanos”.
Na semana passada, o governo federal anunciou o repasse aos Estados de 1,2 bilhão de reais, a maior parte destinada à construção de penitenciárias e melhoria da infraestrutura e serviços do sistema.