quinta-feira, 26 de julho de 2018

Única a dar lance, Equatorial vence leilão de distribuidora da Eletrobras no Piauí


O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, ao centro, com Augusto Miranda, presidente da empresa e o ministro Ronaldo Fonseca, da Secretaria-Geral da Presidência
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, ao centro, com Augusto Miranda, 
presidente da empresa e o ministro Ronaldo Fonseca, da Secretaria-Geral da Presidência
Marlene Bergamo/Folhapress
A Eletrobras vendeu sua distribuidora no Piauí, a Cepisa, à Equatorial Energia, na manhã desta quinta-feira (26).
A companhia, que terá que investir ao menos R$ 720 milhões na companhia, ofereceu um índice de deságio de 119% --o que significa que, além de um prêmio que dará desconto na tarifa de energia do consumidor, haverá o pagamento de um valor de outorga ao governo.
A redução na conta de luz no estado será de 8,5%, a partir da data de transferência de controle da companhia.
[ x ]
O pagamento ao Tesouro, referente à outorga, deverá ser equivalente a cerca de R$ 95 milhões.
"Esse é um tipo de ativo que tem muito a ver conosco", afirmou o presidente da Equatorial, Augusto Miranda, após a vitória.
A companhia já atua no setor de distribuição de energia no país, no Maranhão e no Pará. A empresa também participou dos últimos leilões de linhas de transmissão, levando oito lotes que cobrem os estados do Pará, Piauí, Bahia e Minas Gerais. Além disso, tem uma atuação no setor de geração termelétrica e solar. 
A questão da geografia vai permitir um ganho sinérgico. Estamos muito felizes, esse ativo é muito parecido com nosso jeito de gerir", disse.
A Equatorial tem controle pulverizado: 69,4% de suas ações ordinárias (com direito a voto) estão com acionistas minoritários. Além disso, fazem parte do grupo as gestoras de recursos Squadra Investimentos (14,7%), Opportunity (9,83%) e BlackRock (5,77%).
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmou que a companhia vai garantir "energia barata e de qualidade" ao Piauí.
"Esse resultado garante uma empresa eficiente, que tem se mostrado eficiente [em suas operações] no Maranhão e no Pará, e que vai, pela proposta apresentada, garantir energia barata". 
O presidente da Equatorial afirmou que a resistência por parte dos funcionários "é natural", pois representa uma ruptura, e afirma que vai buscar um diálogo sério com os sindicatos, tal como foi feito no Maranhão e no Pará, onde a companhia também atua na área de distribuição.
Além da Cepisa, a Eletrobras pretende vender suas distribuidoras nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Alagoas. As companhias foram colocadas à venda por um valor simbólico, de R$ 50 mil. O principal objetivo da estatal é se desfazer dos ativos, hoje deficitários.
O presidente da Equatorial afirmou que a empresa está "olhando" as demais distribuidoras. 
​O leilão das demais empresas está previsto para o dia 30 de agosto. 
O governo espera que, até lá, seja aprovado pelo Senado um projeto de lei que resolve a dívida bilionária das distribuidoras, o que deverá viabilizar principalmente a venda das empresas do Norte do país. O texto já passou pela Câmara, mas a votação no Senado ficou para depois do recesso parlamentar de meio de ano.
Além disso, a venda da Ceal, de Alagoas, segue travada por uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que impediu a venda da companhia com uma liminar após ação movida pelo governo de Alagoas. 
Parte dos analistas ainda têm dúvidas se o imbróglio será resolvido antes de 30 de agosto.
A Ceal e a Cepisa, localizadas no Nordeste, são consideradas as distribuidoras mais atrativas da Eletrobras, por terem menos dívidas e pendências judiciais, além de serem locais onde as grandes companhias de energia já têm ativos e poderão buscar sinergias.
Taís Hirata, Folha de São Paulo