quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Certo de que vai passar seus últimos dias no xadrez, Lula diz que 'sendo candidato ou não, eles vão ter de nos engolir'. Zagallo deveria processar o larápio por plágio



Lula em congresso dos catadores, em Brasília
- Jorge William / Agência O Globo



Vinícius Sassine - O Globo


Num ato político em seu apoio em Brasília, o ex-presidente Lula atacou as investigações da Lava-Jato e o instrumento da delação premiada, criticou a parcela de brasileiros que foi às ruas defender a operação, disse que não se opõe à data do julgamento marcado no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região e afirmou não haver provas para sua condenação pelo juiz Sergio Moro. O petista admitiu a possibilidade de não ser candidato à Presidência da República.
A um público de militantes do PT, integrantes de sindicatos e de movimentos sociais, um Lula rouco — e abatido na maior parte do ato — chegou a dizer que "nós somos mais brasileiros que eles", em relação aos manifestantes que foram às ruas com a camisa da seleção brasileira para demonstrar apoio à Lava-Jato, a Moro e ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. O ato ocorreu na noite desta quarta-feira.

O evento contou com a presença de parlamentares do PT, entre eles a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e o senador Lindbergh Farias (RJ). O tom do evento foi um chamado aos militantes para que estejam na porta do TRF no próximo dia 24 de janeiro, quando três desembargadores analisarão recurso da defesa de Lula contra sentença de Moro em primeira instância.

Confirmada a sentença, o petista, pré-candidato à Presidência da República, pode se enquadrar na Lei da Ficha Limpa e ficar fora da disputa. Gleisi fez discurso convocando os petistas para frente do TRF. Lindbergh afirmou que a esquerda não estará "calminha" e que "estamos pronto para a guerra", "com a faca nos dentes".

Os militantes petistas lotaram o Teatro dos Bancários, na Asa Sul. Um palco foi armado fora do espaço, onde outros apoiadores de Lula permaneceram. O ex-presidente saiu para a área externa, onde discursou por quase 20 minutos.

— Tá cheio de malandro que prestou delação e está vivendo com tornozeleira, com o rabo cheio de dinheiro — afirmou o petista, em crítica à Lava-Jato.


Lula disse que não quer ser candidato para se "proteger", mas que busca "provar inocência" para se tornar candidato:

— Desafio Moro e o Ministério Público: o dia em que provarem que eu pratiquei crime, venho à praça pública e peço desculpas. Se não provarem, eles devem me pedir desculpas. Cabe a eles dizerem qual crime eu cometi. Estou tranquilo com a antecipação do processo, porque sempre critiquei a morosidade da Justiça. Só espero que os juízes (três desembargadores) que vão me julgar leiam o processo, a parte da defesa e a parte da acusação. Se há uma pessoa que não precisa de advogado de defesa, sou eu. Defendo um MP e uma PF fortes. E que ladrão vá preso.


'SENDO CANDIDATO OU NÃO, ELES VÃO TER DE NOS ENGOLIR', DIZ LULA

Lula foi condenado por Moro a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. O magistrado levou em conta na decisão a acusação do Ministério Público Federal (MPF) de que o petista recebeu o apartamento como contrapartida por contratos entre a empreiteira e a OAS e a Petrobras durante a gestão de Lula na Presidência. Do total, R$ 2,4 milhões dizem respeito a reformas do tríplex que se destinaria ao ex-presidente.

Segundo o ex-presidente, os manifestantes que bateram panela, agora, não sabem o que fazer:
— Eles estão cansados de bater panela. Não estão mais batendo panela. Estão batendo cabeça.
Esses manifestantes, segundo Lula, vão a Miami fazer compras e depois voltam ao Brasil para protestar de camisa amarela.

— Nós usamos vermelho, e somos mais brasileiros que eles. Trabalhamos e consumimos aqui.

O ex-presidente reforçou a disposição em ser candidato à Presidência da República:

— Estou com 72 anos, com energia de 30 e com tesão de 20 para ajudar a construir esse país. Estou disposto a virar este país de ponta cabeça. Sendo candidato ou não sendo, eles vão ter de nos engolir.