Para Fraga, que fez o 'L', os ataques de Lula ao Banco Central indicam "retrocesso" e "um país sem rumo"
“Estou perplexo”, afirmou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes/TV Bandnews, sobre os ataques do presidente Lula (PT) ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e sobre o que classificou de “rejeição à noção de responsabilidade fiscal” do atual governo petista.
Presidente do Banco Central no segundo governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 2003, Fraga afirmou que a briga de Lula com o BC demonstra que o Brasil está “sem rumo” e ainda classificou as ideias da atual administração petista como “velhas”. (Veja abaixo o vídeo da íntegra da entrevista)
Retrocesso
“Essa briga com o Banco Central – que inclusive aumentou juros durante o final do governo anterior, foi um trabalho profissional, foi técnico – mostra um retrocesso”, afirmou Armínio Fraga. “A meu ver indica um país que está um pouco sem rumo. É preciso reconhecer que a política não é fácil, mas as ideias que vem surgindo sobre uma estratégia de desenvolvimento do Brasil são velhas”, afirmou ele aos jornalistas Cláudio Humberto, Pedro Campos e Sônia Blota, no Jornal Gente.
“Parece que muita coisa que deu certo no passado, hoje em dia foi deletado da memória”, criticou. “Essa atuação de crítica feroz ao Banco Central desde o início a assim como uma rejeição surpreendente a noção de responsabilidade fiscal… eu estou muito perplexo com essa história”.
Aumento de juros e problema ‘de cima’
Para o ex-chefe da instituição financeira federal, os ataques de Lula ao Banco Central são “desperdício de energia” e sairia muito mais barato para o Brasil e principalmente para os pobres, que são as principais vítimas de uma política fiscal e econômica desastrosa.
Apesar de concordar com a decisão do Banco Central de parar os cortes e manter a taxa de juros, Armínio Fraga disse ainda que acredita que a instituição atualmente precisa “começar a pensar em aumentar” os juros, e afirmou também que há espaço para melhorar [a atuação política em torno dessa decisão] por que “o problema, a meu ver, vem de cima”.
Diário do Poder