'Gritavam 'salvem meu filho' e jogavam os bebês em nossa direção', relatou um militar britânico que participa das operações em Cabul
O Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos e as Forças Armadas norte-americanas divulgaram na sexta-feira 20 imagens que servem de alento e esperança em meio ao horror a que o mundo assiste no Afeganistão, com a volta dos terroristas do Talibã ao poder depois de 20 anos.
As dezenas de fotos divulgadas mostram soldados norte-americanos e de outros países da coalizão que atuou em território afegão nas últimas duas décadas cuidando de bebês e crianças no aeroporto de Cabul, local das operações de evacuação lideradas pelos EUA.
Dezenas de homens e mulheres, desesperados com os riscos aos seus filhos, entregaram as crianças aos cuidados dos militares. Vídeos que circulam desde ontem nas redes sociais mostram bebês sendo “transportados” de mão em mão até chegarem aos braços de soldados posicionados atrás de muros.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, classificou as imagens divulgadas pelo Exército norte-americano como “um ato de compaixão”. “Um pai pediu aos soldados que cuidassem do bebê, que estava doente. O fuzileiro que é visto esticando o braço levou a criança para o hospital norueguês que fica no aeroporto. Eles cuidaram da criança e a devolveram para o pai. Não sei quem ele é, nem se solicitou um visto especial de imigração”, afirmou.
A repercussão das imagens tomou conta das redes sociais e mobilizou, inclusive, lideranças políticas nos EUA. O congressista republicano Peter Meijer, veterano da Guerra do Iraque, escreveu no Twitter que se sentia “orgulhoso” pela atitude dos militares do país. “Estes são os Estados Unidos que todos nós devemos incorporar”, afirmou.
Um paraquedista do Exército do Reino Unido cuja identidade não foi divulgada, que também participa das operações de evacuação no Afeganistão, disse ao jornal britânico The Independent que as mães estavam “desesperadas” e pediam para que os soldados salvassem seus filhos.
“Elas gritavam ‘salvem meu bebê’ e jogavam os bebês em nossa direção. Alguns deles caíram no arame farpado. Foi horrível o que aconteceu. Ao final da noite, não havia nenhum homem entre nós que não estivesse chorando”, afirmou o militar.
Fábio Matos, Revista Oeste