ALIYA RAM
DO "FINANCIAL TIMES"
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Em Amsterdã, um velho edifício universitário ganhou vida nova como albergue de luxo. Com 168 quartos, oferece aulas de degustação de café, bicicletas elétricas para aluguel e áreas de reunião para viajantes de negócios.
A empresa responsável pelo projeto, Generator Hostels, também lançou unidades em Estocolmo e Roma e é vista como "pioneira" de um novo tipo de albergue que atrairá até viajantes de negócios.
O modelo pode atender às necessidades de uma nova, e menos exigente, geração de trabalhadores —os jovens da geração milênio (entre 20 e 30 anos) que formarão as diretorias executivas do futuro.
Greg Richards, que pesquisa acomodações para jovens no Stay Wyse, diz que passagens mais baratas significam que mais empresas enviam funcionários subalternos ao exterior em viagens de negócios. "Não são executivos empresariais clássicos", diz.
John Kester, pesquisador da Organização Mundial de Turismo da ONU, prevê que a tendência aumente. "Hotéis continuarão a atender a vasta maioria dos viajantes de negócios, mas teremos grande crescimento [nas acomodações alternativas]."
Para ele, crise financeira, expansão de companhias aéreas econômicas e sites como Airbnb e Hostelworld mudaram o modo de se pensar os espaços compartilhados.
Fredrik Korallus, da Generator, diz que ainda há muito a avançar. "Estamos atraindo viajantes de negócios", diz. "[Mas] não podemos bancar o custo de listar acomodações em sites formais, e os viajantes de negócios muitas vezes buscam benefícios que não podemos oferecer."
Trabalhadores jovens, porém, acham que isso vá mudar. Amirah Jiwa, com pouco mais de 20 anos, se hospeda via Airbnb a negócios e diz que ficaria em albergues com quartos individuais.
Para Kester, albergues abocanharão fatia do mercado convencional. Nos EUA, diz, companhias aéreas abriram as portas para empresas menores, start-ups e profissionais de serviços públicos em viagens a trabalho —grupos que podem ter orçamentos mais baixos.
O Airbnb diz que seu serviço voltado a viajantes de negócios foi usado por 50 mil trabalhadores em seis meses.
Ainda que Korallus continue cauteloso sobre a posição da Generator no mercado de viagens de negócios, ele diz que novas unidades terão mais quartos individuais e espaços para eventos. O mais recente albergue da rede, em Roma, tem cinco vezes mais quartos individuais que dormitórios coletivos.
E o preço de um quarto privado no Generator London —até 250 libras (R$ 1.007)— sugere que a empresa quer deixar para trás a imagem de albergues como pit-stop de mochileiros e estudantes.
Tradução de PAULO MIGLIACCI