Num dia de otimismo global - marcado pela alta do petróleo e dados positivos de China, Alemanha e EUA - o índice Bovespa, o principal do mercado brasileiro, tem forte alta, de 3,5%, a 61.633 pontos. Após o Kwait aderir ao acordo para corte de produção, o barril de petróleo se aproxima de US$ 60, e leva as ações da Petrobras a uma disparada de 7%. O dólar afunda 1%, vendido a R$ 3,252, também sob efeito das commodities e com expectativas positivas para o cenário brasileiro, inclusive queda mais forte dos juros no país, conforme apontou a pesquisa Focus, do Banco Central, ontem.
Nos EUA, o S&P ganha 1% e o Dow Jones, 0,67%, com o índice que mede a produção industrial no maior ritmo em dois anos, apoiada na alta de novos pedidos e do nível de emprego: o índice de ordens de gerentes de compras (ISM, na sigla em inglês) subiu de 52,2 para 54,7 pontos em dezembro. A indústria representa 12% da economia dos EUA. Outro relatório, do Departamento do Comércio, informou que os gastos com construção aumentaram 0,9% em novembro, nível mais alto desde abril de 2006. Os relatórios sugerem que Donald Trump está herdando uma economia forte, marcada por um mercado de trabalho perto do pleno emprego.
Na Europa, os investidores se animaram com a produção industrial do Reino Unido - o índice PMI saiu de 53,4 pontos em novembro para 56,1 pontos em dezembro, maior nível em dois anos, mesmo com o espectro do Brexit rondando. Além disso, na Alemanhã, o índice de inflação dobrou em dezembro e atingiu 1,7%, na taxa anualizado, a taxa em três anos, bem acima do 0,8% do mês anterior. Em Londres, o FTSE 100 tem valorização de 0,83%. Em Frankfurt, o Dax ganha 0,22% e, em Paris, o CAC 40 sobe 0,94%.
- O comportamento do Ibovespa hoje está todo atrelado ao mercado internacional com petróleo e commodities metálicas, pois o índice tem grande correlação com esses setores - diz Raphael Figueredo, analista da Clear Investimentos. - O bom humor deve permanecer ao longo de todo o dia, já que as commodities se mantem firme.
O petróleo atinge seu maior patamar em 18 meses após o Kwait e Oman aderirem ao corte de produção negociado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Os contratos de WTI para fevereiro, negociados em Nova York, tem alta de 2,29%, a US$ 54,95. Os de Brent (referência para o mercado brasileiro) para março, negociados em Londres, têm apreciação de 2,27, a US$ 58,11. Foi a primeira vez que o petróleo passou de US$ 55 desde 15 de julho.
Com o petróleo em alta, as ações da Petrobras avançam 5,8%, a R$ 15,51 nas PN (preferenciais, sem voto), e 6,65%, a R$ 17,63, nas ON (ordinárias, com direito a voto), após alcançar valorização de 7%.
Investidores apostam em melhora dos ganhos da Vale, e a mineradora ganha 3% nas PN e 2,3% nas ON, apesar do recuo de 1,22% do minério de ferro na China. No Brasil, as siderúrgicas refletem o otimismo: Usiminas sobe 3,92%; Gerdau Metalúrgica, 4,85%; e CSN, 4,05%.
- Na Vale, há ainda a expectativa de resultado acima do esperado, após saírem dados mostrando exportações de minério de ferro no quarto trimestre do ano passado, de 97 milhões de toneladas, com alta de 24% na receita na comparação com o mesmo período do ano anterior, beneficiada pela alta do minério - diz Paulo Gomes, economista da Azimut Wealth Management.
O metal teve ganho de 41,19% no quatro trimestre, saltando de US$ 55,86 para US$ 78,87.
No setor imobiliário, Gafisa dispara 9%, com investidores animadas pela perspectiva de queda dos juros maior que o esperado, conforme indicou a pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada ontem.
- A perspectiva favorece o setor como um todo, mas para a Gafisa a projeção é especialmente auspiciosa, pois a companhia tem uma das piores relações de endividamento com valor de mercado - diz Gomes, lembrando que a companhia registra débitos na casa de US$ 1 bilhão e valor de mercado.
A atividade industrial da China expandiu mais do que o esperado em dezembro uma vez que a demanda acelerou, com a produção alcançando a máxima em quase seis anos, mostrou nesta terça-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit. O indicador subiu a 51,9 de 50,9 em novembro, superando facilmente a expectativa de analistas de 50,7.
No setor bancário, o mais importante do Ibovespa, o dia também é de ganhos. Banco do Brasil avança 4,17%; Bradesco, 4,1%; Bradespar, que é controladora da Vale, sobe 3,9%; Itaú tem valorização de 4,3%.
A apreciação do real também está associada ao fortalecimento das commodities, destaca Raphael Figueredo, analista da Clear Investimentos. Na mínima, a moeda americana foi a R$ 3,248.
- Não tivemos valorização do real em dezembro, mas podemos ter o "efeito janeiro", com o mercado colocando no preço as expectativas positivas de reformas e ajuste para o crescimento econômico - diz Figueredo. - Além disso, também vejo uma antecipação da decisão do Banco Central numa redução de no mínimo de 0,5 ponto percentual na redunião do dia 11, que já configura um ambiente melhor para bolsa brasileira.
Contra as principais moedas do mundo, o dólar tem valorização no primeiro dia de funcionamento pleno dos mercados europeus. O Dollar Index Spot, que compara a divisa com uma cesta de dez moedas globais, acelera a valorização para 0,64% e se encaminha para o maior nível de fechamento desde dezembro de 2002. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano também estão em alta, com investidores atencipando a elevação das taxas de juros nos EUA, quando aos bancos centrais da zona do euro e do Japão mantém seus índices negativos.
Na contramão dos emergentes, a lira turca caiu a um nível recorde hoje, com a inflação acima do esperado se juntando às preocupações com segurança, após o atentado em Instambul. A moeda caiu 1,4%, a cerca de 3,6 liras por dólar, após a aceleração nos preços de bebidas e alimentos — com o fechamento dos dados de dezembro, a inflação anualizada foi a 8,53%.
Hoje, apenas o Japão permanece com os mercados fechados.