O cruzamento dos dados revela que a maior incidência de "bots" ocorre justamente nos polos políticos, grupos identificados pela DAPP como "azul" (de direita, associado ao pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro) ou “vermelho” (de esquerda, associado ao ex-presidente Lula). Ao todo, o grupo "azul" lidera a influência de robôs, com 148.649 interações. O "vermelho" responde por 122.160 interações com influência artificial. O percentual despenca para 23.744 de interações quando se avaliam apenas os retuítes do grupo "rosa", identificado como esquerda não vinculada a nenhum ator político. E cai para 12.044 quando são avaliadas as interações artificiais do grupo "azul claro", identificado pelo DAPP como "centro".
— Não tenho dúvida de que vai crescer (a atuação de robôs no Twitter). O que aconteceu até agora reflete as negociações das coligações, um campo estava minando o outro. Isso já é ritmo de campanha e não de pré-campanha. O fato é que o exército de “bots” que a gente vê nos dois campos (esquerda e direita) supera em muito 2014. E não estamos nem na última semana da eleição ou no segundo turno — afirmou o diretor do DAPP, Marco Aurelio Ruediger.
Dos mais de cinco milhões de tuítes analisados, 22% eram de perfis ligados ao campo que tradicionalmente forma a base do ex-presidente Lula. Outros 21% tinha uma relação mais evidente com o campo conservador e alinhados a Bolsonaro.
Ruediger afirma que o uso dos robôs de forma sistêmica nos dois polos da disputa evidencia o papel decisivo que o debate nas redes sociais pode ter na disputa, embora ainda não seja possível avaliar como isto vai se refletir no resultado eleitoral.
Dos 5,4 milhões de tuítes observados, 56,6% são apontados como perfis inclinados à posições de centro-esquerda, que dão mais valor a temas de justiça social ou a uma atuação maior do Estado na economia, segundo Ruediger.
— Mas esse não é um campo cativo. Ele pode ser atraído por um candidato de centro, que ainda não apareceu pela indefinição do cenário político — disse o pesquisador. — Se tiver um candidato com discurso mais de centro e nacionalista pode galvanizar esse apoio. Essa indefinição tem relação com a situação do Lula e com a falta de alianças do Ciro. Isso mostra também como a polarização se mantém. E o que a gente não está vendo é um candidato que construa pontes entre os dois lados e isso pode se transpor para dificuldades na hora de governar.
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