quinta-feira, 26 de junho de 2014

Sinal dos tempos: Harley-Davidson elétrica é um choque para o mundo

ROBERTO DUTRA - O GLOBO

Projeto da marca leva protótipos para testes pelo mundo e sonha com produção em série em 2016









Não faz muito tempo a Harley-Davidson só admitia fabricar nos Estados Unidos motocicletas com motores V2 grandes e refrigerados a ar em suas motos. Ponto. Mas a marca acabou se rendendo aos tempos modernos e adotou resfriamento a água, ainda que timidamente.

Surpreendeu o mundo, portanto, a apresentação do chamado projeto LiveWire. É nada menos que uma Harley elétrica — algo mais improvável do que uma superesportiva da Ural russa. Mas a moto existe: foram feitas 24 unidades, cuja “apresentação” aconteceu esta semana em Nova York.

O plano é deixar consumidores testarem as motos nos EUA, no Canadá e na Europa, continuar desenvolvendo o projeto a partir dos dados coletados e produzi-las em série até 2016.

A moto elétrica foi projetada no centro de desenvolvimento de Wauwatosa, Wisconsin - Divulgação

A moto é surpreendente. Tem linhas inspiradas nas da musculosa V-Rod e motor que rende 55kW de potência (cerca de 75cv) e 7,1kgfm de torque. Com ele, vai de 0 a 96km/h em quatro segundos e atinge a velocidade máxima de 147km/h. É um desempenho excelente para uma moto elétrica.

A pilotagem promete ser facílima. Aperte um botão on/off, escolha o modo de condução (autonomia ou força), assista ao painel de TFT se acender, vire o acelerador e siga em frente.

Há um ruído baixo, mas bem particular, fruto da arquitetura do motor e do envio da força para a roda traseira pela correia dentada de borracha.


O desenho musculoso, com frente invocada e rabeta curta, é inspirado nas V-Rod - Divulgação
Vale ressaltar que as limitações inerentes a todos os veículos elétricos ainda estão lá: a baixa autonomia (210km) e a demora na recarga (entre 30 minutos e três horas).

Seria incoerente uma marca que fabrica motos feitas para longas viagens desenvolver um modelo elétrico? Para Matt Levatich, presidente da H-D, é um passo necessário.

— Ninguém pode prever o quão grande será a indústria de veículos elétricos, mas esse tipo de tecnologia vai crescer e um dia fará parte da vida das pessoas — afirma.